Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

06 junho 2010

Ilusões e a importância das pessoas - por Lullys

Eu estou nos EUA há quase 1 mês, e nesse tempo eu acho que aprendi mais coisas do que em 21 anos que passei no Brasil. Muitas meninas acompanharam minha saga, pelo Orkut e pelo blog, e eu digo: não foi fácil.

Resumindo. Arrumei família pela comunidade do Orkut, 3 meses antes de embarcar, e parecia a família perfeita. 2 meninos de 2 e 5 anos, pais policiais, morando a 1 hora de NYC, carro, etc e tal. A host parecia uma fofa, tanto nas ligações, nos emails, nos comentários do Facebook. À primeira vista a família também pareceu ser bacana. Me receberam bem, mas não teve nada pra agradar muito. Não teve sair pra jantar, não teve mil presentes (depois de eu me desdobrar pra comprar presentes pra todos eles, mas enfim), não teve cartazes de boas-vindas com balões, nada. Mas tudo bem, é jeito deles.

Nos primeiros dias eu não trabalhei, mas já comecei a me sentir meio estranha naquela casa. Não sei explicar bem o que era. Em menos de 1 semana lá a host já gritou comigo (não vou dar detalhes aqui, já falei muito disso no meu blog) e naquele dia eu já comecei a considerar um rematch. Comecei a trabalhar e as coisas ficaram menos piores. Conversei com algumas pessoas e resolvi tentar até ver o que dava.

Mas eu não conseguia me sentir à vontade naquela casa. Tinha receio até de ficar no mesmo cômodo que a host, achando que ela ia reclamar comigo. E ela reclamava muito. MUITO. Eu não gosto de gente que só reclama, então acho que esse foi um dos fatores. Ela reclamava que tudo era muito caro, só falava de dinheiro até com os filhos, mas não falava que tinha uma casa enorme, linda, com um monte de tecnologia, brinquedos, carros, etc etc etc etc. Ela ADORAVA falar mal das au pairs antigas, contar histórias etc. Era acho que um passatempo pra ela. Eu ficava puta por 2 motivos: 1, É uma puta falta de respeito com as meninas que se dispuseram a trabalhar pra ela e 2, F*** as que já foram, era EU que estava lá, não as outras.

Enfim, eu tinha medo de fazer qualquer minima coisa errada, deixar uma migalha de pão sem glúten do menino mais novo em cima da mesa que ela já ia vir falar alguma coisa. No meu primeiro dia off eu acordei pensando "não dá pra viver assim".

Acho que eles leram meu pensamento, porque nesse mesmo dia vieram os 2 hosts falar comigo, falaram uma hora mais ou menos, resumindo, não estavam felizes com o meu trabalho. Teve muito mais coisas mas nem vale à pena contar. Me deram até de noite pra pensar no que ia fazer, se ia ficar ou não. Eu já sabia a resposta, mas esperei. De noite falei pra host que tava fora. Meu rematch oficial saiu 2 dias depois, e a situação, que já tava desconfortável, ficou pior ainda. Eu evitava a host a todo custo, chegava até ao ponto de esperar eles saírem pra trabalhar (2 e poco da tarde) pra ir almoçar. Ela me ignorava a maior parte do tempo, e quando falava comigo vinha bronca. E eu aguentava porque não tinha pra onde ir, e não respondia porque estava na casa dela. Mas teve um dia que não deu mais. Ela me humilhou mais uma vez, e meus pais exigiram que eu voltasse pro Brasil. Falei com a program director da agência, já que a LCC não resolvia, até minha mãe mandou um email pra ela, e no dia seguinte ela me tirou daquela casa.

Eu contei tudo isso pra chegar ao objetivo do post, ou seja, o que eu aprendi com tudo isso. Eu passei 3 semanas numa casa que eu não me sentia bem, confortável nem feliz, que ninguém ligava pra mim, nem se eu tava comendo (aliás, não compraram quase nada pra eu comer, só reclamaram que eu tava comendo os nuggets dos meninos), tinha que me virar pra comer qualquer coisa pra não ficar com fome, ninguém se importava nem um pouco comigo e principalmente, fiquei numa casa onde ninguém me queria (como a própria mãe disse, eu era um "huge inconvenient"). Comecei a querer desesperadamente a minha casa, todas as pessoas que se importavam comigo e gostavam de mim estavam em outro país, e eu percebi que nunca dei realmente valor pro que eu tinha em casa, só o fato de morar com pessoas que dão um sorriso sincero de bom dia quando me vêem, de ter um almoço de domingo com todo mundo em casa, mesmo que seja carne de panela que eu sempre reclamo que não gosto.

Tem uma expressão em inglês que é muito usada, e acho que é uma das que eu mais gosto, e eu nunca achei uma tradução à altura, que é "never take anything for granted". Eu só comecei a dar valor pra tudo o que eu tenho agora, quando eu vivi o inferno aqui. E outra coisa, acho que o que eu passei serve de exemplo pras meninas (eu inclusive) que se iludem achando que tudo vai ser maravilhoso, como a agência diz, nós vamos ser membros da família, ter 1 ano perfeito, viajaretc. Isso não existe. Claro que existem famílias muito boas, mas você não é parte dela de verdade, por mais que eles tentem mostrar que é. Estejam preparadas pra qualquer surpresa que possa aparecer, que nem sempre vai ser uma cesta de presentes em cima da cama.
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O Blog das 30 Au Pairs

2 comentários:

  1. Nossa... para que eles queriam au pair então???? Tem cada gente esquisita nesse mundo não... as vezes tudo parece um conto de fadas, mas tem horas que é preciso cair na real e ver que tudo pode acontecer.. bjokas e obrigada pelo post...

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  2. num é..lamento mto lu!!!
    sorte na sua vida garota!!!

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