Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

15 agosto 2012

"There's a time to change and a room to grow"


Oi, tudo bem?
Todo dia 15 você lerá sobre mim, acompanhará a minha história, os meus anseios, sonhos, desafios, fracassos e afins. Todo dia 15 será meu, de mim pra você. Será daquela menina, daquela mulher que já está nessa vida há tanto tempo que só sabe quando a história começou e sente que ela nunca vai acabar. Todo dia 15 será dia de experiência, boa vontade, amizade, seriedade, graça, simplicidade, sotaque, humildade, integridade, dúvida, angústia, alegria, dor, saudade, sorriso e amor. É isso, será como outro dia qualquer. Só que sem rosto e nome.
Pera, o quê? Ahn? Por que?
Porquê cada história é única, e a minha me encanta, e me limita.
Ela começou há muito tempo, minha memória nem tenta achar data exata. Lembro de ter 12, 14 anos e sonhar com passar um tempo nos Estados Unidos, pra conhecer aquela cultura dos filmes que eu tanto assistia. No meu quarto cor-de-rosa em uma cidade praiana quente do Nordeste do Brasil eu passava tardes a sonhar com grama verde, casas grandes, com falar inglês, andar de bicicleta em parques, jogar baseball, não usar uniforme, ter um armário na escola e amizades eternas. Culpa da sessão da tarde de filmes da rede Globo.
Não que a vida fosse ruim. A minha nunca foi, mas eu por vezes a fazia (e faço) assim. Eu tinha a praia na frente de casa e dependia mais dela do que eu imaginava, mas só tinha desdém. Aí eu cresci sonhando. Sonhei muito, muuuito. Mas o dinheiro da minha família não achava que meus sonhos cabiam no orçamento, tanto que ele parou de chegar até pro meu cursinho de inglês. Mas eu tinha tanta força de vontade que eu fiz algo sem perceber  e de repente eu falava inglês de tanto ver episódios de séries repetidas com a legenda tapada e de traduzir música. Eu tinha muito tempo livre.
 Aí eu cresci mais, ganhei internet e percebi que o dinheiro era muito menor do que meu sonho de highschool nos EUA. Pras minhas primas e primos não era não. Mas eu não tinha outra escolha a não ser crescer mais. Fiz isso, fiz o segundo grau no Brasil mesmo e fiz até faculdade. Fiz amigos, trabalhei, namorei. Eu fiz a vida no Brasil da praia e do trãnsito mesmo. E foi aí que minhas ruas asfaltadas sorriram pra mim um dia, numa calçada, quando alguém me falou do programa de au pair, em 2006.
Ah, gente, e o dinheiro? Ele sonhou comigo. E eu pesquisei , participei de grupos no orkut, entrei em agência, pedi mês a mês que o dinheiro descansasse no banco, escrevi carta, fiz app, estagiei voluntariamente em creche, fiz match, refiz match, chorei na despedida e vim, já com 24 anos, pelo menos 12 anos depois de ter começado a sonhar. Passei por tudo como ainda é, só que só com telefonema e email, sem skype e sem vídeo. Ah, o mundo moderno!
Vi a grama verde, o baseball e tudo mais pela primeira vez em maio de 2007. E vi a homesick também, palavra que eu nunca tinha nem escutado nas séries ou músicas, mas que eu aprendi o que ela significava ainda no hotel. Eu, que antes era cheia de desdém, chorei pela minha praia, pelos meus praianos, pelo meu pai, mãe, irmão e irmã. Mas eu passei a marca dos 6 meses e foi aí que eu escutei da minha mãe: “você nunca mais vai voltar, minha filha”. Eu ri, cheia de razão, do nonsense dela.
Mamãe errou, porquê mesmo depois de dois anos vivendo o sonho americano na família perfeita para mim, eu voltei, morta de saudade da minha praia e dos meus praianos. O tempo passou, lento que só ele, e eu me vi novamente homesick. SÓ QUE EU ESTAVA EM CASA!!
                É, o kansas já não era o kansas, e eu não era mais a mesma menina Dorothy que tinha saído em busca de uma aventura. Eu era, oficialmente, despatriada. Essa homesick não passou. Eu queria minha grama, meu quarto roxo, minhas amigas-irmãs, meus pubs, meus paqueras, NYC, meus passeios, meu subúrbio. Eu PRECISAVA das minhas gêmeas e do meu menino maluquinho. Eu até sabia, mas não queria viver sem eles.
                E foi assim por somente 6 meses no Brasil, até que meus gritos de saudade fizeram meus hosts me darem uma passagem pra eu vir visitar, nas minhas férias de professora de inglês sofrida do Brasil. Eu vim e meu coração quase morre de alegria ao ver meus pequenos amores. Tudo era lindo, a grama era mesmo mais verde aqui. E quando tudo tá lindo, a gente fica linda. Fica linda e quer aproveitar a vida. Agora eu tinha mais motivo pra continuar sonhando. Eu voltei pra praia e falei pra minha mãe, com muita dor, que ela estava certa quando disse aquilo. E em 3 meses eu arrumei minha mala e voltei pro meu subúrbio de New Jersey. 
E é aqui que a minha história fica anônima, perde rosto e nome. Por causa da pressa e do medo, eu voltei com visto de turista. Cheguei, menti como planejado pra imigração, esperei, troquei o status do meus visto pra F-1 de estudante e trabalho pra mesma família, fazendo faculdade. ‘Cuido’ das minhas gêmeas de 3 aninhos, que viraram mocinhas de quase 9, e do meu menino maluquinho, que virou um pre-adolescente de 11. E eles ainda são a minha maior alegria.
Essa é a minha história. Pro caso de não ter ficado claro, estudantes internacionais que moram nos Estados Unidos não podem trabalhar ‘legalmente’. Por isso, por motivo de segurança, eu não posso dizer quem sou. Mas mesmo sem poder fazer isso, o que eu posso é ajudar, dar dicas, dar conselhos, ajudar a pensar, porque de LCC toda au pair tem um pouco...aliás, tem muito.
Na verdade, eu sou minhas palavras, e não meu nome. Então essa sou, sim, eu. Prazer. Pode me chamar de Bee.
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Bee of Jupiter

26 comentários:

  1. Cê já sabe que eu curti muito o post, né? Sua história é ótima! E eu fico feliz que eu tenha conseguido aguentar mais que você aqui no Brasil hahaha (não diria aguentar). TODOS os meus amigos me falam que se eu for de novo, não vou voltar. E olha, eu acho que acredito, hein! (por mais que eu tenha em mente voltar)

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  2. Amei sua historia..... é inspiradora e cativante, e ensina ''nós au pairs'' a ser perseverantes ao ultimo grau. Desejo felicidades pra vc Bee.
    Bjinhusssss

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    1. Oi Renata!
      Nossa que bom que te inspirei! Fiquei feliz com seu comentário!
      Beijos e felicidades pra ti também!

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  3. Debora Angelo15 agosto, 2012

    Adorei! A história, o jeito que foi contada, enfim... em vários momentos consegui me ver! Toda felicidade do mundo pra vc! Mulheres batalhadoras como você merecem! =-)

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  4. Bru, a gente nunca sabe o que vai ser, pois nada é do mesmo jeito que quando fomos Au pairs. Mas se você quer voltar, volte, porque tudo é melhor do que pensar ' What if?!". E ah eu tomara que venha pra perto de mim! Beijo e obrigada por tudo! Gente legal a gente reconhece a distancia, e eu nao costumo me enganar. :-)

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  5. Realmente, a gente é a nossa história, e não um rosto ou um nome.

    Post SENSACIONAL. Aguardo ansiosa pelos próximos dias 15. :)

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    1. Ah, pára. Assim eu fico timida! Hahaha!
      Obrigada carol!!
      Significa muito!
      Beijos!

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  6. Sara Magewski15 agosto, 2012

    Bee! Que post foi esse? MARAVILHOSO!
    apaixonante, você já pensou em escrever um livro? hahahahaha


    Parabéns! Ainda bem que temos você!

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    1. Sarah,
      Eu já pensei sim, mas Au pair tem tempo?! Hahahahaha
      Obrigada demais pelo carinho!!
      Um beijo!

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  7. Menina.... seu post ficou incrível!!! É oficial: o dia 15 é O DIA daqui do blog!

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    1. Mary,
      Obrigada flor. Todo dia é dia, toda história é história!
      Um beijo e vamo que vamo!

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  8. Jessica Cristiane Severo15 agosto, 2012

    Bee, Parabéns pelo post...uma lição de vida que muitas de nós amamos ouvir essa lindas histórias...e cada vez que lemos sentimos que nunca devemos desistir.

    Obrigada por compartilhar...amei muito de verdade.

    Beijos.

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    1. Ah obrigada Jéssica! Espero mesmo que possa ajudar alguém! Boa sorte pra ti! Beijo

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  9. Gostei da tua história ... e eu aqui cheia de temores com skype, meu inglês e tudo mais ... em 2007 eu acho que o programa era menos conhecido ainda e vc lutou e venceu!
    Daria um ótimo livro (:

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    1. Ah Cristina, obrigada, ta?! Olha, um dia eu escrevo um livro mesmo, viu?! Vontade nao falta!
      E fica tranqüila que vai dar tudo certo... se precisar de algo grita aqui que eu te passo meu email.
      Beijo!

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  10. isakawassaki16 agosto, 2012

    nem sei o que comentar de tão sensacional que foi esse post?
    sério! além de escrever excepcionalmente bem sua história é INCRÍVEL.
    todas ama o dia 15 <3

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    1. Ah Isa, fico feliz por demais que você gostou do meu post. Obrigada pelo carinho!! E que venham os próximos de todas né?! Tomara que a gente popularize esse blog mais ainda!
      Beijo

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  11. Aiiinnn que post LINDO!!!

    Parabéns por essa sua conquista =)!!!

    Venho lendo dia a dia o blog, pois sábado farei minha inscrição no programa,rs #medo!!!

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    1. Oi larissa!
      Da sempre medo sim mas vai em frente! Obrigada! Qualquer ajuda corre aqui!
      Beijo

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  12. OMG!!!! me arrepiei toda lendo esse post!!

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  13. Adorei seu post e acredite, estou aqui agora, mas o comeco eh bem parecido com o seuu!!! boa sorte sempre!!!

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  14. Cíntia Ferreira22 agosto, 2012

    ok, tá notado, todo dia 15 a primeira coisa a fazer ao chegar no trabalho é: OLHAR O POST DA BEE ^^ kkk
    Menina, tú sabe como escrever, Jesus! AHAZOU :)
    Parabéns pelas conquistas e por tantas outras que virão!
    Que Deus continue a te abençoar!

    Xoxo

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    1. Ah Cíntia, obrigada! Que Deus te ouça e que Ele abençoe vc tb! Beijos e obrigada por ler!!

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