Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

07 abril 2013

Colocando uma criança na linha


Vamos admitir, a maioria das candidatas à au pair não são expert em crianças. E muitas nunca nem trabalharam com as criaturinhas e correm atrás das experiências só depois que resolvem participar do programa. Os maiores motivos de alguém querer ser au pair é a vontade de morar num país estrangeiro, aperfeiçoar o inglês, Green Card, fazer a vida fora, ter certificado de cursos internacionais etc. O último motivo é porque simplesmente ama crianças. Come on, admitam vai!!!

Bom, seja lá qual for o motivo maior, a gente sabe a barra que vai enfrentar, porque por mais que você tenha jeito com criança e goste delas, sabe que não é fácil o negócio. Eu mesma, antes de ser au pair, tive poucas experiências cuidando de crianças. Fui baba de duas vizinhas e de um priminho, cada segundo foi contato para incluir as horas de experiência necessária no meu application. Tanto é que fiquei um tempão sem contato de famílias porque eu não tinha experiência com infants. Mas hoje tiro de letra olhar esses anjinhos – como eu chamo eles – e falo sério quando digo que as minhas ex kids respeitavam mais a mim do que os próprios pais.



O assunto desse post é: Como lidar com esses pentelhos anjinhos. Uma coisa é verdade, eles são sim um pouco diferentes das crianças brasileiras por dois motivos:

1-) Porque elas não apanham (e nunca apanharam): é muito difícil os pais encostarem um dedo, e quando o fazem, as crianças fazem um escândalo que até os vizinhos chamam a polícia com suspeita de espancamento. Li num blog de uma au pair, que a polícia foi até sua casa interroga-la, porque uma pessoa na rua viu o host dela dando um tapa na kid dentro do carro e ligou para a polícia, ai pela placa do carro eles encontraram o endereço da família e foram até lá. Essa coisa de bater é levada muito a sério. Claro que eu não sou a favor de espancar uma criança, mas sou a favor delas levarem umas palmadinhas na bunda para de vez em quando.

2-) Elas são mimadas demais: não que crianças brasileiras não sejam, mas são muito menos. Como o povo tem grana, dão tudo que as crianças querem. No Natal é um exagero de presentes, no aniversário, mais presentes, no dia dos namorados, mais presentes, no dia dos animais, mais presentes, no dia do funcionário público, mais presentes, ou seja, todas datas comemorativas são motivos para ganhar presentes. Quando sai na rua, compra tudo que a criança pede e olhe lá se não comprar.


Quando eu cheguei na casa da family, foi barra. As crianças demoram um tempinho para se acostumarem com a gente, não querem ficar com você, não querem te obedecer. E a gente não conhece eles, não sabe qual é o tipo de educação que eles estão acostumados a receber, eu não sabia como me comportar, ficava na dúvida “Será que sou rígida ou será que banco a legal? O que será que os pais vão achar da educação que eu der?” Mas depois de um tempo de convivência, pegamos o jeito com eles, e já sabemos o que funciona e o que não funciona.

Hoje, não sou nenhuma Super Nanny, mas já convivi tanto com crianças que não rebolo mais para lidar com as praguinhas. Eu acho que o jeito que mais funciona é sendo aquela rígida, mas justa. Minhas kids tinham um pouco de medo de fazer as coisas e eu brigar, então eles pediam com jeitinho, ai eu deixava. Eu sempre os recompensava quando eles se comportavam bem, dava um pirulito, ou deixava eles assistirem TV, ou brincarem um pouco mais antes do banho, mas eles sabiam que tudo dependia do comportamento deles. Os meus hosts me davam liberdade de agir como eu achava melhor, então eu nunca tive problemas quanto a isso.

Eu era legal com as kids, explicava porque não podia mais assistir TV ou jogar vídeo game, que era hora de almoçar e não de tomar sorvete. Eu era muito maleável, mas quando eles não entendiam, eu utilizava a tática do Seu Everaldo (meu pai) que surtiu bons efeitos: quando eu e meus irmãos começávamos a brigar, e virava aquele barulho e choradeira e meus pais perdiam o controle da situação – isso acontece muitas vezes – meu pai dava um tapão forte na mesa, na porta do armário, em qualquer coisa pra fazer barulho e chamar a atenção, dava um grito mandando a gente ficar quieto e ameaçava de bater se não parássemos. No caso das minhas kids, eu ameaçava mandar pro castigo, ou falava que não ia mais levar no parque, no McDonald's etc.

Outra coisa que funciona bem é você planejar algo legal pra fazer com eles pra quando estiver acabando seu horário de trabalho. Pode ser fazer arts and crafts, jogar bola, levar pra algum lugar, dar pirulito, chocolate. Se eles se comportarem o dia todo, você dá o que prometeu, se não, nada feito. Com o tempo eles vão perceber que não terão nada se não te obedecerem.

Incentivar a serem educados e amorosos também é bom. Tratar amorosamente, dar beijos, abraços, incentivar a falar 'obrigado' e 'por favor' é ótimo. Assim, ao verem a sua cara eles vão te tratar do mesmo jeito que você os trata. A missão é difícil e exige muita paciência, mas nada que mentalizar um mantra todos os dias não resolva. (risos)
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