Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

21 abril 2013

The dark side of the force e seus cookies.



Oi? Como assim já é dia 21 de novo? Falaram para eu segurar o tempo, se não ele ‘’avua’’, mas sei lá né, acho que não funciona. Mas vamos falar de coisa boa, vamos falar do dark side of the force e seus cookies.

Uma coisa que reparei da vida “aupariana” é que vemos muitos blogs e textos falando das viagens, do processo e da experiência, mas não tanto sobre os pepinos que aparecem, e às vezes os pepinos são tantos que parece até a casa da salada.

A primeira coisa que acho interessante deixar claro é: Au pair é sim um intercâmbio cultural, mas também é trabalho. Você quer viajar, comprar, achar o amor da sua vida, fazer parte da família real, estudar o acasalamento dos insetos típicos do noroeste da Holanda? Você pode, mas tenha em mente que você vai para trabalhar, você precisará cumprir horários/ordens e por mais clichê que seja, para poder exigir seus direitos você precisa cumprir seus deveres. E quais são os seus deveres? Seus deveres serão exatamente o que você acordar com a sua host family antes de aceitar o match. Corre a boca pequena que o combinado não sai caro. 

O ano de au pair tem tudo para ser um ano sensacional para todos, mas se em feriado de uma semana coisas saem do script, imagina em um ano. Ter ou não ter pepinos não é uma escolha, a única escolha é como você vai trabalhar com os pepinos. É você quem vai classificar os problemas como riscos e oportunidades. E fazer ou não fazer as tarefas também não é escolha sua, a sua escolha é fazer de bom ou mau humor.

Um item interessante é morar no seu trabalho, por isso você precisa tomar cuidados extras com “deixar as emoções visíveis”, todo mundo tem aquele dia que acorda de ovo virado, mas não da pra tomar café emburrada na frente dos outros, ou deixar o nervosismo mostrar as caras enquanto está com as kids .

A parte de morar no trabalho para mim foi até tranquila, o meu maior problema como au pair foi morar em uma casa que não era a minha (nem a dos meus pais), foi não ter um lugar para falar “É meu, bitch”  “Minha casa, minhas regras” em nenhum lugar durante 365 dias. Eu já morava sozinha há 3 anos antes de me mudar para Holanda, então talvez por isso tenha sido algo agravante pra  mim. Ficar meio inibida de usar a cozinha e fazer barulho num ataque de fome da madrugada faz parte e chegar em casa tirar o sapato na porta e se jogar no sofá não faz parte. E o pior de todos os piores, ficar final de semana em casa, estar com fome, não ter comida no quarto e não descer porque você está com “preguiça de socializar lá em baixo” (acredite, essa foi uma das frases que mais ouvi). 

Outro problema é estar longe da família, e não ter colo na hora que você quer. Ou não ter aquele almoço em família que começa as 11h e termina as 17h, com o tio avô fazendo a piadinha com a sobremesa se “é pra ver ou pra comer”.

Mais um? Ok. O problema de tomar cuidado como que fala para a família no Brasil. É complicado você ligar para a sua mãe que está a milhares de Km de distância chorando e se desesperando por algo. A tendência é sua mãe ficar super preocupada, não dormir e ficar tensa porque por mais que ela queira não pode fazer nada para ajudar. E isso deve ser péssimo pra uma mãe. 

Noites de insônias e angústia assistindo episódios de “Chegadas e partidas” do GNT existem, você deita pra dormir e parece ter um caroço de azeitona agarrado na goela. Vontade de jogar tudo para o alto? Tem também. Pensamentos como “O que estou fazendo da minha vida? Larguei tudo para ser babá? Ano que vem continuarei sendo estudante” após ver seus amigos apresentando o TCC e ganhando o título de Publicitários, rondam a cabeça.  E vontade de soltar o verbo com todos os nativos e perguntar por que eles são tão esquisitos é um pensamento mais frequente do que você imagina.

Como você pode ver, tem de quase tudo. Mas as noites de insônia são minoria, jogar tudo para o alto não dá, porque depois você vai ter que catar. O que você está fazendo da sua vida? Conhecendo o mundo e ganhando bagagem e realizando um desejo. E Largar tudo? Bom, não é beeeem largar tudo, é só deixar de lado por um ano. E para ser babá? Acredito que cuidar de criança é uma das melhores experiências para a vida e para a alma. E soltar o verbo com os nativos? Ah, eles são esquisitos mesmo quando não nos convém, mas é uma cultura nova, e se você for esperto, vai levar na mala só que for bom. Aceita que dói menos, babe.

Se você tem um desejo, corra atrás. O desejo é humano, demasiadamente humano, e poderoso.

Beijos e até o próximo 21.


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Lara Monnerat

4 comentários:

  1. Great post ;)

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  2. Que LINDO! Me inspirou demais.

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  3. Se você quer algo que nunca teve, tem que fazer algo que nunca fez. Era isso que eu tinha na cabeça.

    Belo post ;D

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  4. muito bom este texto!
    a parte das culturas diferentes, que dá vontade de xingar é realidade! uahauhauahua

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