Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

25 setembro 2013

Não adianta fugir...




Aventuras com três guris: o menor de oito anos; o do meio de dez; e o mais velho de 13, neste post identificados como “o menor”, “o do meio” e “o mais velho” ;D

Caso um: levo o menino pequeno pro quarto, ponho a criatura na cama, estico as cobertas, leio um pedaço de um livro, aperto o nariz dele pra fazer som de campainha, leio mais um pedaço, cócegas e, então, dou boa noite. Apago a luz, fecho a porta e desço para a cozinha. Cinco minutos depois vem o menino pequeno com as duas mãos abertas sob o nariz e encharcado em sangue! Au Pair desesperada “o que aconteceu? O que aconteceu?”, e o guri tranqüilo e rindo “lembra que tu apertou meu nariz, né? Pois é, tem machucado lá dentro e as vezes isso acontece...”; Au Pair mais desesperada ainda “PQP.. e agora? E agora?”; e o guri, ainda rindo, com as mãos sob o nariz ensangüentado “É só esperar parar...” Enfiei a cabeça dele na pia com água gelada e ficamos ali, eu desesperada e ele rindo, esperando parar até que... parou.

Caso dois: os dois guris mais velhos brincando no corredor. Eu passo uma vez e digo “Vocês deviam ir lá fora, vão se machucar aqui ainda”. Um tempo depois eu ouço palavrões e chutes. Haha Surpresa!!! Volto para o corredor e vejo um caminho de sangue até o banheiro. Pensem na Au Pair desesperada do caso um e multipliquem algumas vezes: era eeeu! Busquei papel toalha pro guri, disse pra ele deitar no chão, mandei o outro buscar gelo, mais papel, toalha, café, laranjas e o que mais ele achasse na cozinha que pudesse ajudar. Ele voltou com mais papel e um pedido de desculpas.

Caso três: guri do meio tranca o menor no banheiro e sai correndo com a chave dizendo que vai no mercado e que na volta solta o irmão. Au Pair sai correndo atrás, agarra o guri e fica gritando coisas que nem ela entende. O guri se assusta e joga a chave longe. Enquanto isso o outro grita choríticamente lá no banheiro. Fiz o guri do meio buscar a chave, abrir a porta do banheiro e pedir desculpas. Ele cumpriu só as duas primeiras tarefas, e depois foi ao mercado. Era algo que eu não podia impedir, eles tinham um tanto de vida própria que a mãe não impedia, então, quem seria eu para impedir?!
Na volta do mercado ele chega com uma sacola gigante e gorda de doces e porcarias pra comer, e chama o menor para ir para o quarto com ele. Instantes depois aparecem os dois na cozinha para falar comigo: eles fazem cara do gato de botas do Shrek e “era só brincadeira, ta? A gente tava só te testando pra ver o que tu queria fazer, não precisa contar pra nossa mãe”. Eu ri, né?!

Caso quatro: o menor com uma amiga na sala e o do meio com um amigo na sala. Os quatro brincando de guerra com os bonecos Playmobil, até que o do meio vem reclamar pra mim que o menor tem mais bonecos que ele, e que o certo seria dividir e bla bla bla.. Eu cansei de discutir com eles e disse pro menor que ou ele dividia os dele, ou ia buscar mais bonecos lá em cima, ou ficava uma semana sem brincar com amigo algum. E aquela criança explodiu de raiva!! Subiu no sofá (pra ficar do meu tamanho) e começou a gritar palavras em alemão. Eu olhava séria pra ele, tentando não rir e não parecer nervosa, e quando ele parou eu perguntei se ele já havia dito tudo o que queria, ele engoliu um sorriso e disse que sim, aí eu disse “então fala outra vez e mais devagar porque eu não entendi nada”.  

Caso cinco: meu segundo final de semana com a família, eles têm um batizado para ir e me chamam para ir junto. Eu vou até o meu armário e escolho as roupas mais bonitinhas que eu não tinha levado pra lá (iuhuuuulll!! Desapego! Desapego!). Quando eu saio do quarto pronta os dois guris menores me olham e me olham e o do meio diz “Tu ta muito feia!”, aí o menor olha pro irmão com uma cara estranha e diz “Ei, ela tá bem bonita!” e os dois continuam me olhando.

Caso seis: era natal. Era noite. Todos estávamos na sala e decidiram ver Harry Potter. O menor junta duas poltronas e pede pra eu deitar lá porque ele queria ficar no meu colo. Lá pelo quase final do filme e 789756 mudanças de posição, pois crianças são pesadas, poltronas não são confortáveis juntas, braços e pescoços doem,enfim, o pequeno olha nos meus olhos, sorri e diz: “eu escuto o teu coração, Melina”.


Terão momentos bons e outros nem tanto. Em alguns vai haver desespero e falta de ação. A dica é sempre manter a calma, mas é bem mais fácil ficar calmo quando a situação não exige isso. No caso das brigas mais sérias ou algo muito errado que os guris faziam – tipo o caso três que eu contei ali em cima – eu contava, sim, para os pais deles e eles que se entendessem depois. Eu quis fugir, várias vezes; outras eu quis jogar as crianças no lago para os patos *risada malvada* mas como estamos falando de crianças, são coisas que não temos como evitar. Vai fazer o quê se o guri estourar um pacote de açúcar na cozinha enquanto tu estás no banheiro? Só resta mandar ele limpar...
No fim tudo dá certo, se não deu é porque ainda não chegou ao fim ;D

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Mel SSchiewe

5 comentários:

  1. Perfect!! Adorei seu post, de verdade! Quando você viveu essas situações deve ter sido muito ruim, desesperador, mas eu me imagino passando por isso. Boa sorte para você ai, e continua escrevendo sobre sua rotina. Acredito que é a única forma, para nós que estamos aqui no Brasil ainda, podermos entender um pouquinho de como é essa vida, que já já iremos viver. Parabéns pelo post!! :)

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  2. Amei! Há tempos não lia uma historia tão lega!!!

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  3. Amei! Há tempos não lia uma historia tão lega!!!

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  4. Adorei, muito legal o seu post, e eu fiz OOOWWWN na parte "o pequeno olha nos meus olhos, sorri e diz: “eu escuto o teu coração, Melina”."

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  5. Muito bom, ri muito no caso quatro e me imaginei em situação semelhante. Vou pra Alemanha em dezembro. Mas as crianças que eu vou cuidar são menores. Espero ter boas estórias como as suas.
    To fazendo um blog para compartilhar as minhas estórias. katarinareist.wordpress.com

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