Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

25 dezembro 2013

Para não chorar (muito) no Natal...

Esta época do ano é uma das mais difíceis para qualquer au pair. Aliás, não só para au pairs, já vi muito intercambista deprimido com a aproximação do Natal e Ano Novo em um país diferente.


Por mais que sejamos “open minded”, que tenhamos esperado por esta oportunidade nossas vida inteira... essas comemorações costumam ser bem pessoais e familiares. E cada família tem um jeito diferente de comemorar, e também atribuem um valor diferente a estas datas, o que muitas vezes pode até chocar.


Meu primeiro Natal fora de casa foi em 2006, quando eu namorava um austríaco e passei a data com ele e a família dele na Austria. Enquanto minha família faz uma grande festa, cheia de música, falatório, comida, presentes, cantoria e quanto mais gente melhor; a família do meu namorado fazia uma celebração formal. Éramos apenas 6 pessoas presentes e nos reunimos em frente à árvore e cantamos músicas de Natal. Abrimos os presentes delicada e silenciosamente e jantamos com pouca conversa. A casa estava lindamente decorada, iluminada apenas por velas ou abajures fracos. Mas não havia neve lá fora. Eu não estava triste ou deprimida, mas algo estava estranho em mim...

Como agente, também vejo muitas das minhas meninas sofrendo nesta época. Os dias são mais curtos, gelados, demoram mais a passar e as famílias se tornam um pouco mais introspectivas, o que as distancia de todos. O inverno não é fácil de lidar. Colocamos roupas e mais roupas e continuamos geladas em algumas partes do corpo. Precisamos continuar no mesmo ritmo de trabalho, mas muitas de nós pegam gripe pela mudança de temperatura e se sentem menos dispostas.

Somando aos desafios físicos, as meninas tendem a se sentir mais emotivas (as vezes sem perceber!), pensando mais em casa e no calor do Brasil, tentando se manter ocupadas e com as amigas o máximo de tempo possível. Se você é uma au pair em cidade grande, acaba sendo mais fácil passar por isso... a cidade grande não para. Luzes, beleza, celebração, pessoas socializando nas ruas, agitação da época de compras, festas e mais festas e amigas por perto a semana toda.

Agora se você mora em uma vila mais afastada (mesmo que poucos minutos) a sensação muda totalmente. Você sai do centro agitado (e mais caloroso) e entra numa “penumbra silenciosa”, que parece até anoitecer mais cedo, simplesmente porque as pessoas se retiram mais cedo. Estando mais emotiva, algumas das minhas meninas sentiam mais a distancia das amigas, sentiam mais (negativamente) o ambiente e as coisas ruins de morar em vilas tranquilas.

O inverno já te fez sentir... assim?
O frio, a indisposição e a escuridão tornavam uma caminhada antes deliciosa até a estação de trem, num exercício de determinação. E se a determinação não vencia, elas ficavam trancadas em casa, sem querer muito o contato com os hosts, procurando apenas matar as saudades dos brasileiros que deixou do outro lado do oceano. Isso gera além de homesickness, um grande stress. E as crianças passam a parecer mais chatas (mais felizes!), os hosts mais implicantes, o frio insuportável, as amigas distantes e o fim de semana, uma luz no fim do túnel.

Coisas que antes elas não se incomodavam em fazer (um babysitting ocasional a mais, ou um quebra galho qualquer) passam a ser um problemão. Afinal depois de uma semana tão carregada emocionalmente e tão cansativa e frustrante, o fim de semana começa a ser mais e mais sagrado, como se o fato de ter de quebrar um galho qualquer pudesse ser a diferença entre explodir e voltar pro Brasil ou de se sentir renovada (ou achar que irá se sentir) para uma nova semana carregada.

Também percebi que as meninas que mantém um ótimo relacionamento com os hosts, sentem bem menos a chegada do inverno e as datas comemorativas. Se a au pair já está com os hosts há bastante tempo e já se conhecem bem, ela pode se sentir muito mais benvinda e querida por eles nessas datas. Sente-se lembrada e tudo vira uma experiência cultural normal, com altos e baixos.

As meninas que haviam acabado de chegar na casa dos hosts ou que tinham um relacionamento um pouco mais distante ou formal, sentiam o peso de tudo em cima delas. E da decisão que fizeram de seguir o caminho de au pair. Abaixo vocês podem ver alguns dos comentários que minhas meninas me enviaram sobre qual o aspecto mais difícil sobre passar o Natal e Ano Novo em outro país. Identidades foram preservadas, ok?

AU PAIR VIEW & COMMENTS :

Pra mim o mais difícil, por enquanto, foi fazer planos que esttivesse a "altura" de substituir nossas festas tradicionais do Brasil, já que minha família vai viajar e eu acabaria passando sozinha em casa. Mas só vou descobrir se "compensou" mesmo depois que passar a data! hahahhaa
I. K. Au pair  2013 - 14
Pra mim o Natal não teve sentido ano passado e nem terá esse ano... Eu viajei e to indo viajar de novo. Agora Natal de 2014 que me aguarde! hahaha Festa, calor, e muita comida! E claro, minha familia, todos falando em portugues! haha 
C. S. Au Pair  2012 - 13 
Bom meu caso vai ser mais ou menos como a C. S., não vai ter sentido, vai passar como um dia comum. Porque pra mim o Natal não tem esse símbolo todo, é só pelo fato de ter a família reunida e na minha casa a gente fazia isso todo domingo. E honestamente, o que é um dia longe pra quem está/vai ficar 365 dias longe, é só mais um dia sem eles
F.M. - Au Pair 2013-14
 Acho que eu sou exceção nesse caso, tenho uma tia que mora na Holanda. A saudade da comemoração no Brasil ainda foi muita, pois na minha casa a gnt sempre é anfitrião para familiares e amigos tds os anos ( cuminando numa festa de 3 dias, p quase 40 pessoas, com comida e bebida avontade.. haha), mas curti bastante meu natal holandês tb. Amigo secreto e ceia gourmet para poucas pessoas, vivendo o clima de natal no dia 24, 25 e 26, cercada de muito amor e carinho. Pra completar, na minha casa aqui no Brasil o pessoal organizou uma sessão skype em plena festa p eu dar um oi pra todos os meus amigos e familiares ao vivo.. ;D.

 E até aquele momento tão especial em que vc enfeita tda a sua casa pro natal eu tive a chance de viver... O pai das minhas kids é divorciado, e me pediu pra decorar a árvore dele e a casa... haha.. o mais legal é que é algo que eu participo ativamente em minha casa no Brasil, eu e minha mãe cuidamos da decoração todos os anos, e eu nem sabia o quanto aquilo estava me fazendo falta até ele me fazer esse pedido e eu começar a decorar a árvore haha. Além de tudo meu ex tava me visitando na Holamda, e montamos a árvore eu, ele e minha pikirruxa da minha kid de 4 anos... no geral acho q tive muita sorte!!  Acho que pra quem não for viajar, planejar um natal entre amigos ameniza a homesickness. Achei o amigo secreto , que é uma tradição bem forte na Holanda, super legal e uma ótima sugestão. O principal eu acho que é tentar trazer um pouquinho do seu jeito de comemorar no Brasil pra esse natal do outro lado do oceano, e se cercar de tanto carinho e amor das suas pessoas queridas, tanto quanto for possível.

N.S. - Au Pair 2012 - 13
 Engraçado é que faz tempo que não se comemora o Natal com família reunida na minha casa, mas a minha vontade de estar lá com eles é tão grande que tá me sufocando esses últimos dias. Eu tenho andado mais desanimada, mais cansada, chorosa... Eu nem vou passar natal aqui com meus hosts não, vou comemorar com a família do meu namorado, com comida do Brasil e tal, mas não é a mesma coisa. Esses dias tô tendo homesickness como nunca tive desde que cheguei aqui :X  
 M.L. Au pair 2013-14
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Nadja Kari

2 comentários:

  1. Não sou super apegada a minha família aqui no Brasil, não sei como o natal fora será.

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  2. É complicado. Muitas vezes depende de como você se sentirá com os hosts. E suas amigas ;) O legal é tentar absorver a cultura ao máximo, que acaba sendo interessante e deixando você com menos homesick!

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