Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

01 fevereiro 2014

A importância do bom-senso pra se conviver em uma família/casa que não é nossa

Quando se pensa em morar com outras pessoas, sejam elas sua família, amigos, namorado ou qualquer outro, o que mais importa é o bom-senso. Temos que saber as regras, os limites, e o que podemos ou não podemos fazer. No caso da HF isso varia muito de família pra família.

Como tudo na vida, isso é mais uma questão de bom-senso. Apesar de ser a nossa casa durante 1 ou 2 anos, nunca será a nossa lar. Precisamos ter consciência do que pode e não pode, e isso não é só uma questão das regras que a família impor, mas também da nossa noção de saber até que ponto podemos chegar. Por mais que você se sinta super confortável com a sua HF, você não pode sair andando de calcinha pela casa, deixando coisas espalhadas, levando pessoas sem autorização, ouvindo música alta, e assim vai.  E eu via muito a casa da minha host family como meu local de trabalho, em primeiro lugar, depois como minha “host house”. Por mais legais que os hosts sejam e mais liberdade que tenhamos, temos sempre que saber nosso limite. Eu sempre dei satisfação para qualquer lugar que eu fosse, muita gente não acha isso certo, porque temos que ter nossa “privacidade”, mas pelo fato de eu usar o carro deles, e morar na casa deles, eu me sentia na obrigação de dizer para onde estava indo, com quem, e mais ou menos o horário que eu ia voltar (lembrando que eu era under 21), eu me sentia na obrigação de fazer isso, porque sempre fiz com meus pais, e eles lá pra mim eram as pessoas responsáveis por mim. 

Mesmo depois de 1 ano morando com a minha host family, preciso admitir que nunca me senti completamente a vontade na casa deles. Nunca tive coragem de abrir a geladeira e pegar algo na frente deles, mesmo tendo permissão para isso. Muitas vezes eles até brincavam dizendo "You never eat! Don`t you like our food?”. Eles me davam a liberdade de tudo, assistir a tv da sala, levar meus amigos, cozinhar as comidas que eu quisesse, e até mesmo fazer churrasco para os meus amigos nos finais de semana. Sempre tentavam me incluir nos programas que faziam, me chamavam pra jantar com eles todos os dias, e até pra ficar na sala conversando depois com eles depois que as crianças estavam dormindo. Fizeram de tudo para que eu pudesse me sentir em casa e como parte da família, mas sempre respeitaram muito meu espaço e privacidade. Tenho certeza absoluta que esse meu “bloqueio”em me sentir parte da família não teve nada a ver com eles. Não me sentia a vontade pra assistir tv, não gostava de pegar comida na frente deles, raramente jantava com eles, e nunca tive coragem de dar uma festa lá. Até o dia em que meu host disse pra mim quando eu terminei de trabalhar  “you can go and hide in your own cage now”. Foi aí que eu percebi que eu, apesar de estar cumprindo minhas obrigações como au pair, não estava cumprindo como membro da “família”. 

Independentemente de ser o “nosso quarto” na casa da família, eu acho que o mínimo que podemos fazer é deixar ele sempre organizado e limpo. É sim o nosso espaço, mas não deixa de ser na casa deles. A mesma coisa com o carro, principalmente se for um carro que você divide com alguma outra pessoa na sua HF, é pro nosso uso, mas não é nosso. 

Outra coisa que pra mim é extremamente importante é fazermos parte da família, caso eles estejam abertos a isso (e a maioria das famílias esta). Almoçar ou jantar com eles algumas vezes por semana, sair para algum programa que eles convidem, participar de alguns eventos de família (principalmente aniversários das kids), e sempre que puder participar de coisas simples com eles, como ver um filme. Por exemplo, toda sexta-feira na minha HF eles faziam o “pic-nic movie night”, eles sempre pediam uma pizza e assistiam algum filme com as kids, e sempre me convidavam. Por ser na sexta-feira a noite, eu normalmente já tinha planos, mas quando não tinha sempre tentava estar com eles, pelo menos uma vez por mês. Eu acho essa aproximação nossa com eles fora do nosso horário de trabalho extremamente importante pra podermos construir uma relação legal com a família, principalmente com as crianças. 

É isso. Eu sei que as vezes não é fácil conviver com uma família que não é a nossa, com uma cultura diferente e pra mim o fato mais complicado: morar no seu “local de trabalho”. Mas isso faz parte do nosso intercâmbio e no final das contas traz um grande amadurecimento para nós, e muitas vezes passamos da dar mais valor a nossa casa e família no Brasil. E hoje, depois de ter voltado para o Brasil, agradeço ter conseguido ter uma relação legal de amizade com meus hosts, e principalmente com as kids, eles sempre me ligam, me mandam e-mails e a casa deles sempre estará aberta para mim. Isso pra mim é o que mais valeu a pena! Saber que sempre terei minha segunda família nos EUA de braços abertos pra mim. Então é isso gente, espero que tenham gostado do post, e até mês que vem! :)
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Stephanie Bischoff.

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigada Roberta, fico feliz em saber que gostou! Beijos

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  2. Seu post me ajudou muito, estou no começo ainda, até fiz um blog para eu mesma não perder meus passos da viagem... Confesso que estou com um pouquinho de medo ainda, para mim qualquer post dizendo também das dificuldades de uma au pair é muito importante, pois as coisas boas nós sabemos e é mais fácil de imaginar,

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