Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

07 abril 2014

A volta não é fácil



Quando eu cheguei na casa da minha host family pela primeira vez, já tinha um computador no meu quarto e eu ficava a noite toda na internet conversando com amigos do Brasil, mas na segunda semana que estava lá, o computador quebrou. Eu ainda não tinha laptop, fiquei sem comunicação com o Brasil. Eu usava o computador deles de vez em quando para olhar meus e-mails, mas não conseguia acessar MSN, orkut, facebook e nada disso porque meu host bloqueava por causa das crianças.

Foi quando bateu o primeiro desespero, eu me toquei que estava ali, sem amigos por perto, sem pessoas que pudessem falar Português comigo, na primeira noite sem o computador no meu quarto eu fui dormir chorando, eu me senti tão sozinha e perdida, abandonada num porão de uma família que eu tinha acabado de conhecer. Foi horrível.

Eles demoraram um mês para consertar o computador, eu já tinha comprado um GPS e não tinha mais medo de me perder. Então depois do meu expediente, eu pegava o carro e cada dia ia na casa de uma au pair diferente para usar a internet. E assim, sem querer, meu ciclo de amizade foi aumentando e a minha necessidade de ficar online em contato com o que estava acontecendo no Brasil sumiu.

Quando me dei conta, eu já tirava de letra as dificuldades que encontrava no dia a dia, eu não me sentia mais sozinha, eu fui me acostumando à uma vida completamente diferente, eu conheci pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo, preconceitos que eu tinha foram banidos, eu criei à minha volta um lar, minha mente foi aberta e eu adquiri conhecimentos e vivi coisas jamais imaginadas pela minha pessoa antes dessa experiência. Eu mudei.

Cada dia foi importante, cada pessoa que eu conheci e cada momento que eu vivi foram cruciais. Os sofrimentos e as alegrias, tudo. Peguei pra mim costumes americanos, não os maus, mas os bons, inseri na minha cultura o que achei de mais interessante no povo americano, como: reciclar, não jogar lixo na rua em nenhuma hipótese, não desperdiçar comida, não reparar na roupa e nem cuidar da vida dos outros, cumprimentar os vizinhos, dançar de qualquer jeito...

Em muitos momentos senti muita falta do meu país, da minha família, da minha casa, dos meus amigos, da comida, do senso de humor brasileiro, dos programas de televisão, da alegria do povo mesmo sendo uma população pobre em sua maioria, dos churrascos...

O que eu vivi nos Estados Unidos foi inesquecível, mas qual seria a razão de ficar lá pra sempre, sem poder sentir o gostinho do país que eu nasci e vivi 24 anos da minha vida? Pensei comigo “Preciso viver o Brasil, matar a saudade, preciso dar uma chance para ver o que acontece” por isso voltei.

Eu demorei pra arrumar emprego assim que voltei – motivo: ofertas de salário vergonhosas – mas não desisti e encontrei. É estranho morar de novo na casa dos pais, brigas com irmãos começam, mancadas dos amigos também, ouvir cantada de peão na rua faz parte, metro lotado e gente mau educada no trânsito, crianças pedindo esmola... Ai as coisas boas começam a passar... saudade da família...passa, saudade da comida... passa, saudade dos amigos... passa. O mesmo desespero que senti quando o computador do meu quarto quebrou, eu senti depois que a mágica de estar de volta passou.

Quando você mora fora, você muda. Mas quando você está de volta em casa percebe que tudo e todos serão sempre os mesmos. É como se eles tivessem parado no tempo enquanto você estava vivendo.
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Entre na Mente de Mari

10 comentários:

  1. exatamento o que sinto!

    ótimo texto

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  2. Ei mocinha quero saber por quê o seu blog tá parado hein? hahahah. Amo os seus textos, continue escrevendo!

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    1. Obrigada Crystine :) … estou fazendo um mochilão pela Europa por 2 meses… por isso tá complicado de atualizar o meu blog, mas prometo que logo logo terá muitas novidades… estou preparando muitos textos e vídeos especiais sobre a Europa :)..obrigada por me acompanhar. Bjoo

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Nossa o ultimo paragrafo expressou exatamente o que eu sinto de volta ao brasil!
    é hora de partir!
    parabéns pelo texto :)

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