Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

25 maio 2014

A velha vida depois da nova vida



Continua sendo uma vida, certo? Desde que eu voltei, há um ano, tenho ouvido a mesma pergunta "E aí, já se acostumou?" Eu faço uma cara de batata, sorrio e deixo alguém responder por mim. Geralmente tem alguém do meu lado que diz "Claro, né! Já faz tempo que ela voltou..." Mas eu ainda espero ouvir pessoas falando alemão nas ruas..

E fica sem nexo dizer que não, que eu não me acostumei. Porque ninguém entende. Eu prefiro, então, mentir pra todo mundo a ter que ouvir a resposta deles. Foi bem mais fácil me acostumar às coisas boas que a Alemanha me deu enquanto eu estava lá do que me acostumar com o Brasil que eu encontrei quando voltei. Mas espere aí! É o mesmo Brasil de quando eu o deixei.

Logo após a minha formatura, em 2012, eu fui pra Alemanha. Antes disso eu sequer pensava em ir pra lá. Falar alemão com gente estranha? Não, isso é coisa de maluco. E eu adorei ser essa maluca! Eu me irritava volta e meia, ficava triste e queria voltar. Em outras vezes eu era tão completa que pensei em ficar lá pra sempre. Mas o ano foi passando, eu não aguentei de saudade, e voltei...

Eu quis voltar. Eu queria voltar à minha vida. Queria poder ir para onde eu quisesse a hora que eu quisesse, poder pegar o meu carro e ir num bar com uma amiga. Chamar quem eu quisesse para a minha casa, fazer acampamento na sala e ver filmes com pipoca até o dia virar noite e a noite virar dia. Coisas simples, não? Mas extremamente complicadas quando a casa não é tua.

Então eu voltei.. E a volta foi linda! A família fez festa, ganhei abraços de saudade, sorrisos de alegria, amigos queriam me ver, saber como foi, eu tinha coisas a arrumar e uma vida pra continuar. Com o tempo eu não era mais novidade e foi tudo voltando ao normal. Os amigos sumiram para viver a vida deles, a família tava por ali como sempre e eu com medo de sair sozinha por aí à noite e com a pressão de ter que fazer alguma coisa da vida.

Comecei a fazer aulas de espanhol e um curso para passar na tal da prova da OAB e, também, pra lembrar o que eu vi na faculdade. Isso de ter que fazer algo é um saco. Eu já sou formada há dois anos, UAAU, e ainda não sei o que quero da vida. Atualmente trabalho num escritório de advocacia, mas não eu não passei na prova e nem tentei outra vez, justamente por não saber o que eu quero. As notícias nos jornais me desanimam e eu penso em ir pipocar por aí outra vez... Esses dias até entrei num site para procurar famílias que quisessem Au Pair lá na Áustria... Aí eu me acho velha demais pra cuidar das crianças dos outros e volto a indecisão sobre o que fazer com a vida que eu tenho. Parece ser tanto tempo, mas eu não vejo sentido em muita coisa... às vezes me acho nova e às vezes me acho velha. Quando começo a pensar sobre isso vejo que minha DPE (depressão pós Europa) ainda não passou. 

Dizem que a gente viaja pra se encontrar. Eu acho que me perdi ainda mais. Eu não sei qual a minha vida. Mas não vou dizer que sinto que não pertenço a aqui onde estou, eu pertenço a qualquer lugar. E tenho pensado seriamente em me perder outra vez... até todos os pensamentos de eu ser nova/velha voltarem à minha mente. Eu me contradigo a cada segundo e mesmo quando parece que é tudo lindo e que o quebra-cabeça está completo é só eu piscar que as peças todas desaparecem e nada mais faz sentido.


E pra ti que já voltou, como foi voltar?
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Mel SSchiewe

7 comentários:

  1. Faltando quatro meses pra minha volta eu tenho certeza que não nasci pra ser au pair mas morro de medo de não me readaptar no Brasil ! E agora?

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    1. Agora eu acho que será prasempremente assim. A gente tá aqui e vai querer estar lá, vai estar lá e querer estar aqui ;/

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  2. Só pra dizer que você não é a única nessa situação! Fui au pair nos EUA, tô sendo agora na Holanda, me formei a quatro anos e ainda não sei o que quero da vida. Acabei de começar meu ano aqui mas não consigo parar de pensar no que eu vou fazer quando acabar =X

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  3. Eu me senti assim por um bom tempo, e digo para você que a melhor coisa é parar tudo e refletir de verdade sobre o que você realmente quer. Pera aí, afinal, do que eu sinto falta na Alemanha e por que ? Será que algumas coisas não tem como ser substituídas ? Lembre-se do por que você voltou, por que você está aqui. Tenha planos e metas traçadas. Eu demorei dois anos quase para parar de me sentir assim, juro. Até alguns meses atrás eu me sentia perdida, as vezes com a sensação de que queria ficar aqui, e as vezes com vontade de largar tudo e me perder de novo. Tudo melhorou quando eu comecei a ver as coisas boas , querer viajar no meu país, conhecer gente nova , tentar fazer programas diferentes e estar em contato com as pessoas. Eu sei como você se sente, porque já me senti exatamente assim, mas quer saber ? Isso também passa <3

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Oi, Mel!
    To adorando ler sobre suas aventuras. Já tenho um match com uma família de Munique. Tô bem feliz :D
    Eu queria saber se lá você fazia curso de alemão. E, se sim, quantas aulas eram por semana e quanto gastava por mês. Brigada ;)

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    1. Oi!!! Que delícia ir pra Munique!!!! *_* Eu fiz dois cursos de alemão durante meu ano como Au Pair. O primeiro foi um intensivo, eu tinha aulas todos os dias, de manhã, enquanto as crianças estavam na aula, esse curso durou quatro semanas. O segundo curso eram duas aulas por semana, à noite, e durou três meses. Os valores variaram entre 175-300 euros, e o valor era por curso, não por mes. O primeiro foi mais caro, pois era intensivo, e a família me pagou os dois. Beijos, mel

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