Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

17 maio 2015

How to become an au pair 1.01: Como se preparar para ser au pair?

Alô alô garotada! Vamos pra parte 2 da minha série de posts pra quem ta começando!
Não sabe do que eu to falando? AQUI ESTÁ O POST DO MÊS PASSADO

Como eu me preparo pra ser au pair???????????????????

Olha, pra começar eu queria dizer que: é impossível estar preparada pra todas as situações que você vai viver no seu ano como au pair! O mundo gira, a vida segue e cada dia é uma caixinha de surpresas e por mais que a gente ache que tem tudo figured out ainda irão aparecer dias em que a gente vai se deparar com situações totalmente unpredictable! 
Quando a gente começa a mergulhar nesse universo a gente começa ouvir as histórias mais loucas! É host family expulsando au pair no meio da noite, pedindo rematch sem motivo nenhum, desistindo de ter au pair depois de um mês no programa... Enfim! Quando se trata de host family a gente nunca sabe o que pode vir pela frente! 
Mas não é por isso que do nosso lado de au pair a gente não deve se preparar pra dar sempre o melhor e tentar "prever" algumas situações clichês...

Então vamos lá!!!! 

- Experiência com crianças 


Vem cá, tu já cuidou de criança antes? Mas de verdade? De verdade mesmo? Não to falando de ficar no mesmo cômodo que os seus priminhos menores enquanto o resto da família está na cozinha preparando o almoço de domingo... To falando de cuidar de verdade, ser o adulto responsável da situação e ter que tomar decisões e reforçar comportamentos... 
Eu te digo que antes de ser au pair pela primeira vez eu não tinha. Minha experiência tinha sido trabalhando em um buffet infantil como monitora durante festinhas... E por mais que fosse uma experiência 100% válida pro programa, nem se compara a experiência REAL de cuidar de criança. 
E eu pergunto isso por que uma das coisas mais comuns de se ouvir au pair reclamando é que "não aguenta mais lidar com frescura de criança". Muitas vezes depois de um mês nessa vida só... Não aguenta ouvir mais choro, não aguenta as crianças mimadas, não aguenta ter que fazer TUDO pra eles!!! ("pq na minha casa quando eu tinha 8 anos já lavava louça pra minha mãe!  Com 4 anos já limpava minha própria bunda! Com 10 já cozinhava minha própria comida!!" Não sei se sua mãe concordaria 100% com isso não, viu colega?!)
Fora o jeitinho brasileiro de mentir no application dizendo que faz e acontece quando na verdade mal sabe cozinhar um arroz e feijão... Entre outras coisinhas mais... 
Não to dizendo que é errado, julgando quem faz, ou falando que é impossível... To eu aqui de prova de que é possível sim! Mas tem que estar preparada e estar consciente de que criança DA TRABALHO! Quem acha que não dá, pode ir procurar um estágio, um voluntariado, se oferecer pra ficar o dia todo sozinha com as crias da vizinha até entender isso! Criança dá e sempre deu trabalho! Até as mais boazinhas vão ter momentos difíceis e FAZ PARTE
Não existe criança perfeita! Você não era perfeita, vá conversar com a sua mãe, seus tios, amigos da família... Certeza que alguém vai achar alguma história de como você era meio chatinha e como queriam te jogar da janela as vezes. É normal! 
Do mesmo jeito que não existe au pair perfeita! Eu não sou perfeita, a colega não é perfeita, a amiga que tinha 5 anos de experiência não é perfeita... Todo mundo vai ter seu momento de perder a paciência e querer jogar as kids pela janela! É normal! 
E é normal ficar cansada as vezes, reclamar, desabafar... A gente precisa disso pra "resetar" o sistema as vezes. 
O que não adianta é embarcar num programa pra cuidar de crianças quando você NÃO GOSTA de crianças. Quando toda vez que você passa uma hora sozinha com qualquer criança, você já tá querendo trancá-la no armário, quando o máximo de experiência que você tem é ficar jogando videogame com seu irmão mais novo enquanto sua mãe vai ao mercado. Por que como eu já disse no post anterior AU PAIR É INTERCÂMBIO DE TRABALHO e o seu trabalho VAI SER CUIDAR DE CRIANÇAS!!! 
Não tem como a gente se preparar pra tudo o que vai acontecer no dia a dia, crianças são imprevisíveis! E tenho certeza que até mesmo quem cuidou de criança a vida toda ainda tem momentos em que é pego de surpresa por algumas situações! Porém, entender que sick days acontecem, que criança chora, e que nem sempre ela chora pelo motivo que ela diz estar chorando, que manha faz parte, e ser desafiado também, que as vezes a gente precisa respirar fundo e contar até 3, e que as vezes quem precisa de time out somos nós... Paciência, paciência, paciência! Tudo isso é parte da vida de au pair! Esqueça as propagandas da STB dizendo que você vai ser a "Big Sister"! Você vai tá lá pra atender a todas as necessidades das suas kids, sejam elas quais forem, por até 45h por semana/10h por dia. E FAZ PARTE!!!

- Speak you english? 


Outro tópico importante é se preparar pro desafio do idioma... Seja o inglês, o alemão, o francês, ou seja lá qual a língua do país pro qual você está indo... É importantíssimo ter o mínimo de entendimento e desenvoltura nessa língua.
"Ah! Mas eu estou indo justamente pra APRENDER a língua, se eu já soubesse não precisava ser au pair." 
Calma colega, não to falando que tem que ser fluente... Só tô dizendo que é importantíssimo se dedicar a melhorar o máximo possível antes de embarcar. Claro que todo mundo vai pra aprender! Claro que ninguém nasce sabendo tudo e que por mais que você passe anos e anos estudando uma língua ainda vão haver momentos em que algo vai sair errado. Só que ser capaz de se fazer entender e entender o que está acontecendo ao seu redor é IMPORTANTÍSSIMO! Não adianta achar que vai dar pra usar o google tradutor 100% do tempo, e que vai aprender na hora que chegar... Se você não estudar, não se preparar, não se dedicar... Vai dar com as caras n'água. E eu falo isso de experiência própria... Fui pra Holanda sem falar um A de holandês e achando que na hora que tivesse lá conseguiria me virar. E por mais que eu me virasse, afinal todo mundo fala inglês, é extremamente frustrante não ser capaz de realmente se situar no que acontece ao seu redor e se engajar com outras pessoas. Aqui nos Estados Unidos mesmo eu reparo que as meninas que vem com um inglês mais pra menos que pra mais acabam se fechando nos grupos do próprio país, porque tem uma dificuldade imensa de interagir com as au pairs dos outros lugares... Ou então ficam só escutando as conversas, sem participar de verdade e se sentindo excluídas. 
Fora o grande POBREMA de mal entendido com a host family. O que a gente vê nos grupos de histórias de meninas tendo problemas com a host family que se resumem em basicamente "a gente não se entende" "falei uma coisa ela entendeu outra" "host disse isso, entendi aquilo" e etc etc etc... Já existe uma barreira cultural de que pessoas de culturas diferentes se comunicam de maneiras diferentes... Alguns são mais diretos, outros mais sutis... Se além disso você ainda adiciona uma dificuldade gramatical/ortográfica/semântica é pedir pra rolar treta! 
Mais uma vez: Ninguém nasce sabendo! A gente vai pra aprender mesmo! Ninguém vira fluente da noite pro dia! Mas o mínimo de dedicação e interesse em dominar a língua do local pra você está indo é primordial!!

- Experiência DE VIDA


Outro grande problema que vejo acontecer com frequência, são meninas que vão ser au pair sem ter tido nenhum outro tipo de experiência de vida antes. Ahn? Como assim? Eu tenho 21 anos e vivi esses 21 anos inteirinhos, como não tenho experiência de vida? Ou nunca trabalhou, ou se trabalhou era  em empresa da família sem ter que lidar pra valer com a experiência de ter um chefe de verdade. Sempre teve suporte financeiro dos pais, se não gostasse de algum emprego poderia sair a qualquer momento que teria alguém pra assumir as contas. Nunca foi de viajar, ou se aventurar... Só viaja em grupos, com outras pessoas planejando tudo... Enfim... Não quero generalizar, só estou dando alguns exemplos de situações aleatórias que representam algumas realidades. Quando digo pessoas sem experiência de vida quero dizer pessoas que sempre foram protegidas, sempre tiveram ajuda em tudo e que são mimadas pelos pais/família. 
Não falo que NÃO PODE. Eu sempre fui mimada pela família inteira (caçula de todo mundo, helou!) porém por uma questão até mesmo de orgulho, eu sempre quis fazer TUDO na vida por conta própria e isso me ajudou muito quando decidi ser au pair. 
O problema de meninas que vem ser au pair sem muita experiência de vida, é que elas acabam sofrendo de dois males: não sabem engolir sapos e não conseguem stand up for themselves
Qualquer pessoa que já teve um emprego mais ou menos, sabe o que é ter chefe. E chefe nem sempre tem razão. Nem sempre é legal e gentil. Nem sempre ta de bom humor. E o que você faz a respeito disso? Você simplesmente acena e sorri. Poxa vida, você passou no setor, deu bom dia e sua chefe nem na sua cara olhou? Continua com o seu dia! Não é o tipo de coisa pela qual você vai bater na porta dela e questionar por que está acontecendo. 
Ah, mas o problema é que ela ta te pedindo pra fazer horas extras todos os dias e não está colocando todas no seu banco de horas? Agora sim é hora de ir lá bater na porta dela e ter uma conversa! Ficar de fofoquinha com os outros co-workers não resolve em nada nesse caso! E se você não for lá falar com ela, ou com o superior dela, ou com alguém da gerência... Não vai se resolver!!!! 
É facinho de passar essas situações hipotéticas pro universo au pair, e o que tem de menina que falha nessas resoluções... migos, não tá escrito no jornal! Lidar com esse tipo de problema (e muitos outros que vão surgir, pode ter certeza!) fica menos difícil quando você já se jogou no mundo um pouquinho. Foi trabalhar com algo que não é exatamente agradável, foi viajar sozinha de um dia pro outro e teve que tomar todas as decisões por você mesma, engoliu sapo de gente grossa no coletivo e apenas sorriu pra não arranjar treta na catraca as 6h da manhã... Quando a gente começa a vivenciar esse tipo de coisa na nossa "vida real", fica mais fácil lidar com os problemas da "vida de au pair". A gente ganha outra perspectiva, e tem outro tipo de atitude! 
Claro que tem gente que só aprende na base da porrada mesmo. Ou que mesmo na base da porrada não vai aprender! Que vai ser au pair, toma na cabeça durante um ano inteiro, e volta pro Brasil do mesmo jeito. Ou que pede pra voltar depois de alguns meses sem nem ao menos tentar resolver aquela situação chata com os hosts, sem conversar sobre os problemas. Tem gente que vai chamar a host de bruxa, no matter what. Que qualquer host vai ser folgado. E todas as kids são demônias. 
AH MAS TEM FAMÍLIA QUE ABUSA EU VI NO FACEBOOK QUE A MENINA TRABALHAVA 100 HORAS POR SEMANA E PASSAVA FOME E ERA PRESA EM CASA SEM CARRO E AS CRIANÇAS BATIAM NELA E ISSO É UM ABSUUUURRRDOOOO
Sim, tem família que abusa. Isso é fato. Sempre existiu, sempre vai existir. PORÉM, quantas dessas situações não seriam diferentes se a au pair stand up for herself desde o princípio? Ou denunciasse a família? Ou são apenas exagero? Existem histórias horrorosas no programa, e acredito que muitas meninas aqui do blog poderão contar várias por conta própria. Porém eu já acompanhei de perto muita história de menina que simplesmente não tinha maturidade e vivência pra lidar com situações básicas.
E de qualquer modo, se jogar no mundo um pouquinho não vai fazer mal algum! Se você já está tendo a coragem de ser au pair em outro país, tome a coragem de cortar as outras amarras que sempre te cercaram também! Isso só vai te ajudar! Seja na hora de ter AQUELA conversa com a host family, ou na hora de programar uma viagem sozinha por que não encontrou ninguém com os mesmos dias off que você! 


Novamente: Nem sempre a au pair vai ter culpa de estar na situação ruim em que está. Mas se houver alguma maneira de tentar ajudar vocês a evitarem essas situações, eu quero ao menos tentar fazer a minha parte. 
Não existe receita pro sucesso. Ou fórmula mágica, pergaminho secreto com respostas, mapa do tesouro e etc etc etc. O que existe é dedicação e clareza em relação ao que vai te esperar. Não adianta imaginar aquela vida mágica linda e colorida que você vê em muitos instagrams por aí. Claro que esse lado existe. Mas também existe o outro lado que ninguém publica por aí nas redes sociais e que representa mais de 80% do seu tempo no programa. 

Mês que vem eu estarei aqui escrevendo sobre a hora do match e como não escorregar na banana nessa hora!!

Beijos! 

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isabella k.

4 comentários:

  1. Esse post tinha que ser incluído nas "cartilhas de Au Pair" ! Muito bom!

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  2. Adoro esses tipos de post, me faz refletir sobre minha decisão de ser Au pair ou não!

    Sabe, eu vivo repetindo para as pessoas (e para mim mesma) que eu NÃO GOSTO DE CRIANÇA!! Mas as vezes, me analisando bem, eu vejo que apenas não sei LIDAR com a pirraça delas.
    Acredito que esse "trauma" tenha começado depois que minha irmã nasceu. Temos 11 anos de diferença (ela atualmente com 13 e eu vou fazer 24) e como irmã mais velha sempre ajudei a cuidar dela claro...mas quando ela estava 'nos dias que Deus me livre' eu só tinha vontade de socar a cara dela de mão fechada até ela não poder mais falar ou chorar...enfim.
    Daí quando descobri o programa de Au Pair eu simplesmente surtei de felicidade porque vi que meu sonho de fazer um intercâmbio estava ao meu alcance ($$$), mas havia um porém: CUIDAR DE CRIANÇAS! É... toda aquela fita passou na minha cabeça. Lembre como foi difícil lidar com minha irmã e como era complicado cuidar daqueles priminhos de personalidade forte. E desde então venho me questionando se esse é o programa certo pra mim, se vou conseguir passar um ou dois anos na casa de estranhos cuidando de crianças com uma cultura e educação totalmente diferente da minha.
    Esses pensamentos ficaram (e ficam, as vezes) me atormentando por um bom tempo. Conversei com minha mãe, minha professora de Inglês, minhas amigas da faculdade e todas elas disseram que vai ser difícil caso eu escolha ir. Por uns dias eu até pensei em desistir, refletindo: “não vou conseguir.....vou estar sozinha lá, sem mamãe para ajudar quando precisar.... vou acabar sucumbindo à pressão e desistir de tudo no primeiro mês!”.
    Mas foi então que percebi o quanto preciso desse ‘tapa na cara’. Eu preciso passar por essa experiência, pro meu bem, para me tornar um pouco mais independente, mais madura física e mentalmente... sair da asa da mamãe, entendem?!
    Eu não vou deixar que minha falta de ‘tato’ com as crianças se torne uma barreira pra esse passo tão importante na minha vida. Vou correr atrás do prejuízo, vou atrás da experiência exigida e vou aprender a lidar com Elas... SE DEUS QUISER \(ò_ó)/

    me desejem sorte!! XD

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  3. Adorei o post. Você fala sobre tudo com muita clareza e pé no chão. Exatamente o que falta na maioria das grandes sonhadoras que embarcam nesse programa achando que vão apenas curtir uma viagem de intercâmbio e esquecem do real objetivo que é o trabalho com crianças. Depois que li esse post e o do mês passado, percebi que de fato, é isso mesmo que quero. Ansiosa pelos próximos...

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  4. Olá meninas,

    Isabella, parabéns pelo post, muito fácil e compreensível a leitura. Estou em um momento de grande confusão na minha vida, estou pensando em fazer o programa de au pair nos Estados Unidos. A principio vi o programa com a STB, mas não sei ainda se vou fechar. Bom.. resumindo, morei na Austrália por 08 meses e tive experiencia como nanny, alguns jobs casuais e voltei para o Brasil e continuei trabalhando como babá, por isso, a vontade de tentar o Au Pair. Tenho algumas dpuvidas, se vcs puderem me ajudar, ficarei grata meninas. Vcs que estão embarcando, fecharam com alguma agencia especifica?É possível escolher a família que quero trabalhar? Por exemplo, com crianças maiores de 5 anos, etc.

    Grata com quem puder me ajudar!

    Beijos

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