Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

25 outubro 2015

Tenha uma boa vida!






Eu queria escrever um texto bonitinho, útil ou, ao menos, engraçado pra vocês lerem hoje, e aí eu fiquei sem ideias. Quando eu fico sem ideias eu revejo fotos e aí me deu uma saudade mucho loca!

As pessoas falam muita coisa, sejam boas ou ruins. Cabe à você – isso mesmo, você aí que tá me lendo – decidir se o que elas falam vai te afetar e, o mais importante: como isso vai te afetar.

Eu já tô no Brasil de volta. Meu ano como Au Pair terminou em abril de 2013. A despedida foi estranha e linda. No dia anterior ao meu voo jantamos todos juntos, a família e eu. Depois do jantar fiquei enrolando na cozinha e depois fomos todos pra sala ver um filme, e depois do filme eu quis enrolar mais, queria que o tempo parasse ao mesmo tempo que queria voltar pra casa e matar a saudade, mas aí meus pais postiços deram boa noite e foram dormir. E eu fui pro meu quarto tentar dormir.

No outro dia acordei cedo, guardei as últimas coisas na mochila e na bolsa e fui pra cozinha. A mãe postiça estava fazendo um bolo, pois eles receberiam visita à tarde. O guri mais velho tinha ido pro treino de futebol. O menor e o do meio viam na tv na sala, e o pai deles não estava em casa. Fiz meu café, o guri pequeno veio e ficou na mesa comigo. Nos olhos dele eu via a mesma saudade que eu já sentia. Um tempo depois, o pai dele chegou e disse que sairíamos às dez horas para Munique.

Eu tinha um sapo de porcelana no meu quarto, que comprei no mercado da cidade na seção de 1 euro, porque eu queria um enfeite pro meu quarto. Enquanto eu fazia minhas malas, o guri pequeno ficava no quarto comigo, e quando eu ia embrulhar o sapo em plástico bolha ele me pediu pra ficar com ele. Eu tinha dado o nome de Jeremias pro sapo, e o guri pequeno chamava de Ieremias (no alemão o som de J é de I); eu perguntei se ele cuidaria do sapo, e ele disse que queria ficar com uma lembrança minha. Eu deixei o sapo com ele.

Na manhã da minha volta, enquanto eu ainda estava na casa com a família, eu dei um porta retrato pra eles, com uma foto que tiramos no dia do meu aniversário. Eles agradeceram, mas eu não sei se gostaram. Na hora de sair, o pai postiço me ajudou a por as malas no carro; me despedi com um abraço da mãe postiça e outro do guri do meio. O guri mais velho tinha se despedido de mim na noite anterior. O pequeno quis ir até o aeroporto – e eu achei isso a coisa mais fofa do mundo inteiro vezes dez, porque ele tinha oito anos e enjoava em viagens longas.

Chegamos ao aeroporto, carro estacionado, eu pego uma mala, pai postiço pega a outra e o pequeno quis ajudar também! Eu dei um casaco meu pra ele levar e o guri ficou feliz da vida! Fizemos o check-in, despachei as malas e o momento mais temeroso chegou: o tchau. Abracei e beijei os dois e entrei na sala de embarque, sempre olhando pra trás e abanando – e os dois lá abanando de volta até o momento em que eu passei pelo detector de metais e abanei pela última vez. E lá ficaram os dois alemães que eu mais gostava.

Foi um dos momentos de contradição mais contradizentes que eu já vivi. Ao mesmo tempo que estava triste em me despedir deles eu estava feliz por ir pra casa e matar a saudade gigantesca que eu tinha em mim.

O título do post eu ouvi de um cara que conheci numa viagem. Ao nos despedirmo-nos ele disse “Have a nice life!”, e eu achei muito estranho. Ele percebeu meu espanto e continuou “É a verdade. A probabilidade de nos encontrarmos outra vez é pequena, e eu te desejo uma boa vida, não só um bom dia, ou semana. Se tiver próxima vez, até próxima, mas tenha uma boa vida”.

Acho que faz sentido, bem ao contrario desse post de hoje. Mas isso foi a saudade. Essa saudade que como diz Chico Buarque “saudade mata a gente, saudade engole a gente menina...”

Todavia, se tu aí quiser um propósito pra isso tudo aí que eu escrevi é o seguinte: o quão melhor for teu ano de au pair maior será a saudade, e maior a felicidade de ter ido.

*a foto eu catei no google
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Mel SSchiewe

Um comentário:

  1. Sinto esta mesma saudade e ansiedade, Mel!
    Preprando malas, papeis e tudo o mais... e ja, ja vem meu dia de me despedir disso tudo que, um dia, foi novo e hoje, ainda, nao e velho.
    :D

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