Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

16 janeiro 2017

Sobre voltar...


Depois de um ano e três meses lá eu quis vir pra cá. Quis vir pra casa, pra minha casa.

Na minha casa eu fico no sofá de pijama a tarde e minha família está do meu lado. Eu vou na cozinha na hora que eu quero e não me preocupo tanto em não fazer barulho. Eu não preciso ser super educada e sorridente o tempo todo. Aqui eu estou cercada pelas pessoas que eu mais amo no mundo. São coisas bobas, e nem tão bobas, que fazem falta e que com o tempo dão vontade de voltar.

Não que não tivesse vontade de voltar antes. Quis voltar depois de um mês, depois de três, no nono mês então nem se fala... não tem jeito. Dia ou outro a saudade aperta, as novidades viram rotina e inevitavelmente rotina cansa. E quando eu cansei, tudo que eu queria era o colo da mãe e os mimos do pai.

Em outros dias eu queria que minha família fosse pra lá. Queria mostrar pra eles todos os lugares lindos que eu vi, queria que eles provassem as coisas super diferentes e incríveis que eu provei. Queria esconder eles na minha mala e levar pra lá porque aqui não parece mais o meu lugar.

A cultura do Brasil é rica, mas retrógrada e absurda. O contraste social me doi e esse escravagismo maquiado e enraizado na nossa sociedade é triste de ver. Engraçado como brasileiro é conhecido por ser um povo aberto e caloroso, vejo tanta ignorancia e preconceito disfarçado. E o machismo? E a violência? Como conviver com tudo isso?

 O Brasil não mudou, mas a minha maneira de enxergar as coisas mudou. O Brasil é de fato um país abençoado pela natureza, colorido sem igual. Mas falta todo mundo poder ver as mesmas cores.

Claro que existe preconceito e problemas sociais em todo lugar. E não, eu não acho que a Europa seja perfeita. Mas como imigrante que trabalha em "subempregos" lá eu não me sinto tão diferente assim dos outros. Eu me despi de todo orgulho e preconceito que eu tinha e fui trabalhar de babá e bartender. E sabe o que eu percebi? Que 70% das pessoas que trabalham comigo no bar são jovens Britânicos cursando o ensino superior. Os outros 30% são Poloneses, Espanhois, Gregos... Todo mundo rala e ninguém tem vergonha de fazer o que faz. E por incrível que pareça, com o meu "subsalário" eu consigo viajar, frequentar lugares legais e comprar as coisas que eu quero. Se me organizar, é claro.

Eu gosto da qualidade de vida que tenho em Londres, mas morro de saudades de quem fica aqui no Brasil.

Quem dera a gente pudesse ter tudo! Ir e vir livremente!
Explorar e descansar. Viajar e estar presente...

Quando eu tinha uns quinze anos uma cigana pegou minha mão sem pedir e disse: "Você precisa tomar uma decisão na sua vida". Não sei se ela leu meu futuro ou se me amaldiçoou, mas escolhas parecem ser a saga da minha vida.
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Bruna Toriello

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