Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

25 maio 2017

Sobre adaptação


Esses dias eu estava na aula de espanhol e minha professora começou a falar sobre o que ela mais achou de diferente quando se mudou da Espanha para o Brasil. Uma dessas coisas foi que não temos o costume de ter em casa um mop com balde espremedor para limpeza. É o tipo de utensílio mais utilizado em ambientes comerciais aqui no Brasil, sob o meu ponto de vista. E minha professora disse que na região onde ela morava na Espanha isso era o básico de limpeza para se ter em casa.

E eu fiquei pensando aqui, quais foram as maiores diferenças que eu encontrei ao me mudar para o cantinho mais charmoso da Alemanha? Já me fizeram essa pergunta milhões de vezes, mas eu nunca soube responde-la direito porque sou meio camaleão, eu me adapto. Se não tiver arroz, tudo bem. Se só tiver sopa de tomate, será sopa de tomate que comeremos (tentarei encontrar um pedaço de pão para ajudar, pois odeio tomate, mas não chorarei pela falta de outra coisa).

A primeira coisa que me lembro foi no café da tarde da minha primeira noite com a família que eu quis tomar café com leite e... não tinha micro-ondas na cozinha para eu esquentar meu leite!!! Por alguns segundos me desesperei e pensei “Como alguém vive sem micro-ondas? Como eu viverei se micro-ondas?” Passei a usar o fogão para esquentar meu leite. Outra coisa diferente da minha casa brasileira: o fogão lá era elétrico e de vidro (bem mais fácil pra limpar rsrs), e a princípio eu pensei que não esquentaria tão bem as coisas como um fogão de fogo de verdade (pode rir, eu realmente pensei isso).

O sol na primavera e no verão é outro ponto que merece ser mencionado. Eu não dou bola para o sol, eu fujo dele e não gosto muito de atividades que envolvam esforço físico. Creio que é justificável, pois o verão brasileiro é insuportavelmente quente, né? Então, em um domingo de primavera na Europa, eu estava lendo na sala de casa quando meu pai postiço aparece e diz o seguinte: “Vá ler lá fora, aproveite o sol. Tu vais sentir falta dele depois!” Eu aceitei a sugestão dele e continuei minha leitura na rede que tínhamos no jardim.

Nessas duas estações as crianças vivam fora de casa!! Brincando em parque, juntando amigos, no jardim de casa, querendo ir em piscina pública. Pra mim isso era algo muito diferente; primeiro porque eu não era acostumada com a eletricidade de crianças e segundo porque elas sempre queriam estar fazendo algo fora de casa!

A geladeira no inverno. Ou a geladeira de um modo geral. Sempre vi a geladeira como um portal para um novo universo. Era como se quando eu a abrisse eu fosse ser teletransportada para a Terra da Comida Eterna ou a Terra da Criatividade Absoluta (para eu poder inventar receitas com o que tivesse dentro da geladeira) ou a Terra da Solução dos Problemas do Universo (como se só de abrir a porta e sentir o frescor do ar vindo do seu interior eu fosse ter a resposta para todas as minhas dúvidas). E como minha família brasileira que gosta de tudo que é gelado gelado, eu achei super estranho quando minha família alemã comprava refrigerantes e os deixava na dispensa até a hora de beber.

Janelas fechadas sempre! Me acostumei a abrir janelas sempre para ventilar e “trocar” o ar. Lembro-me que era um dia verão, talvez meio dia, e meu pai postiço chegou em casa e, quando viu as janelas abertas, me disse para fechá-las todas, pois assim o ar quente de fora não entraria e a casa ficaria fresca. Da mesma forma que, no inverno, o ar frio não entraria. Desse dia em diante apenas a janela do meu quarto eu abria pela manhã e fechava no meio da tarde. No inverno a teoria dele realmente fazia sentido por causa dos aquecedores, mas eu precisava de ar. Respeitei a opção dele e fiz a minha também.

Mais uma coisa que me chamou atenção: os travesseiros! Eram como se fossem almofadas finas, em formato quadrado. Dobradas ficavam quase como um travesseiro retangular ao qual eu estava acostumada. Em todas as casa que eu ia eu reparava nisso, se tinha a oportunidade, e eram todos iguais! Lembro que pensei em comprar um novo pra mim, caso eu encontrasse, retangular e mais fofo, mais grosso, maior, mas depois de um tempo usei aquele dobrado com mais um e esqueci.

Fora o micro-ondas, não teve mais nada que tivesse me feito pensar “E agora, como viverei sem (a coisa)?” Diversas pessoas me perguntaram se eu senti falta de feijão, carne, pão de queijo (como tu viveste sem pão de queijo por um ano?) – pra começo de conversa nem sou fã de pão de queijo e tinha tanta comida boa na minha nova terra que nem tive tempo de sentir falta de alguma brasileira. 

Eu senti falta foi das pessoas. Das minhas amigas. Da família. E quando a saudade vinha mais forte, eu tentava não ficar sozinha, pois ficar sozinha me deixava mais triste.

No mais, consegui me adaptar ao que não me era tão natural sempre pensando em aproveitar melhor cada situação com o que eu tinha disponível no momento. Creio que seja a melhor forma para lidar com situações com as quais não estamos acostumados.

E a sua adaptação, como foi?
Até a próxima pessoal o//
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Mel SSchiewe

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