Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

05 março 2018

SOCORRO, meu KIDDO não me obedece

Às vezes cuidar de crianças parece uma guerra de “sins, nãos, time outs e I hate you”. Temperamentais, decididas, com o gênio forte e às vezes mimadas, as crianças de hoje em dia não são fáceis de educar, e quando somos au pair e passamos boa parte do tempo com elas, essa responsabilidade acaba caindo um pouco para o nosso lado, até mesmo porque se não o fizermos, arcaremos com sérias consequências.



Passei por algumas dificuldades no meu tempo de au pair, e noto que as dificuldades ainda existem tanto aqui no Brasil como em qualquer país. Comecei recentemente a estudar sobre disciplina positiva e tenho me surpreendido com a lógica e a coerência dessa “nova” forma de lidar com os pequenos, e como vejo essa dificuldade com bastante frequência no “mundo aupeiriano”, resolvi compartilhar o que tenho aprendido aqui, (e depois vocês me contam se deu certo com os kiddos).


Para quem não sabe ou não me conhece, meu nome é Júlia, fui au pair em 2009 e hoje trabalho com psicologia clinica e online aqui no nosso Brasil varonil. Durante o meu ano de intercâmbio, morava com uma single mom e  duas  crianças, de 9 e 3 anos. A de 9 ficava bastante tempo na escola, e eu acabava ficando mais tempo com a de 3. 


Cuidar de duas crianças que não eram minhas era bem difícil, mas hoje, estudando a disciplina positiva eu percebo como poderia ter sido mais maleável, pois a pequena passava boa parte do tempo comigo. Boa parte dos hábitos e comportamentos dela foram sim moldados (por exemplo, eu dava banho nela todos os dias, e nos finais de semana, que ela ficava com a mãe, às vezes pedia para tomar banho), mas lidar com as crises era bem difícil, ela não aceitava castigo e não fazia ideia do que era perder brinquedos.


Para que o texto fique corrido, e mais fácil de ler, não vou fazê-lo em forma de lista, e as dicas da disciplina positiva eu colocarei em negrito.


Todo mundo tá cansado de saber que ter uma rotina é benéfico para a criança, agora já parou para pensar na importância de se fazer combinados, regras e rotina junto com eles?


A partir do momento que tudo isso se trata da criança, nada mais justo que ela participar ativamente desse processo. Nós, como adultos, orientamos, mostramos vantagens e desvantagens de cada escolha, mas é interessante deixar que eles escolham, pensem nas opções e aprendam a decidir.


Aí vocês podem dizer: ah, Júlia, mas aí meu kiddo vai escolher ficar no tablet o dia todo e não fazer a lição, e quando minha host chegar, eu é que vou levar.


Quando se dá a liberdade de escolha, a criança também aprende a arcar com a consequência do seus atos e escolhas. Nós como adultos vamos orientar e mostrar a consequência a longo prazo, coisa que dificilmente eles conseguem ver (até a gente, as vezes, né?!). Oferecendo escolhas limitadas o processo fica mais fácil e a criança aprende uma habilidade muito importante: o gerenciamento de tempo, que nada mais é do que aprender a organizar e planejar bem suas obrigações e lazer no dia a dia.



E se por acaso a kid fofa, liiiinda ainda assim escolher ficar no tablet? Aí então chegamos  a mais uma dica (acho essa fantástica, principalmente porque SEMPRE questionei todos os tipos de castigos, palmadas e “tiradas de brinquedos”): Foco na solução/consequência. E o que seria isso? Vamos imaginar aqui o mau comportamento (no caso, a kid que não quer fazer a lição de casa, porque quer ficar no tablet) e a lição precisa estar feita até a hora dos fofos chegarem. O foco na solução/consequência mostra esse problema para a criança, e juntos vocês encontram uma solução para ele, sempre visando as consequências.


Caso ainda assim a criança decida não fazer as lições, ela deve arcar com consequências lógicas por não ter colaborado, por exemplo: olha fulano,  eu chamei você para fazer a lição no horário que você estabeleceu na sua rotina, e você não foi, pois ficou preso ao tablet. 


Eu entendo que ficar jogando é muito mais legal, mais divertido e que às vezes não dá vontade de parar, mas fazer a lição "X" horas foi escolha sua, entende?! Fazendo dessa forma, você está me mostrando que não está preparado para ter este tempo no tablet antes da lição. Hoje não temos tempo de mudar a rotina, mas amanhã podemos mudá-la, ou você vai colaborar? Faz muito mais sentido do que só tirar o tablet, ou só mudar a rotina, sem a participação da criança. Ela aprende a arcar com as consequências de suas escolhas e a achar soluções para os seus problemas. Ter empatia com o sentimento da criança é fundamental e vai fazer com que vocês se sintam conectados para colocar essas ferramentas em prática.


Estejam também sempre alinhadas com os fofos, comentem com eles sobre essa modalidade de disciplina ensinem, discutam e tenho certeza que eles vão amar!


Por fim termino com uma que não é nem uma dica, mas acaba sendo, que é a leitura do livro. Mesmo eu não sendo mãe (e sem planos de ser) posso dizer que a leitura é interessantíssima. O livro se chama "Disciplina positiva", a autora é a Jane Nelsen, e coloquei uma foto dele aqui do lado para facilitar. E quem quiser mais detalhes, pode me chamar inbox pela minha fanpage no face Bate Papo com Pensamentos, no insta @batepapocompensamentos ou mandar um email para batepapocompensamentos@gmail.com . Vou adorar falar com vocês!

Espero que tenham gostado e que essas dicas ajudem vocês com seus pequenos!

Beijocas,

Júlia B Benedini - Psicóloga

CRP: 08/14965
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Bate papo com pensamentos

2 comentários:

  1. Júlia, muito interessante o post e o método! Vou deixar ao post salvo nos meus favoritos, pois pretendo ser au pair e toda ajuda é válida. Sei que na teoria é bem mais fácil de lidar, que quando a situação acontece na prática deve dar vontade de simplesmente colocar o castigo e pronto, mas a longo prazo a punição não é o melhor caminho. Obrigada pelas dicas, adoro ler seus posts 😘

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  2. Oii Luana!! Que feedback mais lindo! Adorei!! Fico feliz que tenha gostado e que goste de ler meus posts, escrevo cada um deles com muito carinho e na expectativa de ajudar vcs!
    Realmente, a curto prazo a punição é mais eficaz, mas os deixa jogando no time adversário, e não é o que a gente quer, né?!
    Espero que tenha um excelente tempo quando for au pair e venha contar pra nós!!
    Beijos!!!

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