Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

05 dezembro 2018

AU PAIR: eu fui e "nunca mais voltei!"

   Eu costumo dizer que o au pair é um caminho sem volta por vários motivos: o mergulho em uma cultura que não é sua, mas passa a ser parte de você nos mínimos detalhes, a língua, que não é a sua, mas que vira e mexe você se pega soltando um “so far” daqui ou empurrando as portas de locais públicos ao ler “puxe”, as amizades, claro, que por mais que você perca o contato sempre serão parte da sua vida e história, a hostfamily, que boa ou ruim fez parte de todo esse processo e principalmente eles, as “estrelas” desse intercâmbio: as hostkids!

   Para quem ainda não me conhece, meu nome é Júlia, fui au pair em 2009 e hoje sou psicóloga e me divido entre os atendimentos clínicos e orientação psicológica online para intercambistas (olha aí outro sinal de que o au pair não sai da gente tão fácil lol).


   Essa noite eu sonhei com a minha M*, e ela estava tão pequena como no dia que fui embora de sua casa, no auge dos seus 3 aninhos (hoje provavelmente – se fiz as contas certo – ela tem 13 anos).
   Enquanto ela tirava a sua nap, eu conversava com a minha família no Brasil, e as conversas eram sempre deliciosamente interrompidas pelos passinhos (que eu já escutava lá de cima), por uma carinha “japonesinha” amassada, (ela é descendente de coreanos, mas descrever os olhinhos puxados ficou mais fácil assim) e um cabelo liso, cheio de nós todo amarrotado acompanhado de um sorriso e uma vozinha rouca dizendo: Hi, Julia!
Você chegou ao meu lado, puxei você para sentar na cama, deu um tchauzinho tímido para o notebook e logo pediu: I wanna see baby Isaque!
Ela amava ver meu sobrinho, que naquela época tinha meses, hoje já tem 9 anos!

   Não lembro muitos detalhes do sonho, mas lembro com muita realidade desses que contei aqui para vocês, e esse sonho, porém em cenários diferentes (brincando no parquinho, playdates, praia, ou pulando no trampolim) se repetem com bastante frequência. M* foi a kidda com quem eu mais convivi durante o meu período de intercâmbio, e lembro dela com muito carinho e compaixão (era uma criança “difícil’ quando cheguei  lá, e com o passar do tempo fui entendendo a dinâmica da casa e vendo como aqueles comportamentos eram sentimentos e pedidos de socorro que ela, tão pequena, não estava sabendo

expressar e principalmente lidar), e mesmo assim, ela e a irmã são as únicas com quem não tenho nenhum contato.  Ainda antes de ir embora, O* (que na época tinha 10 anos – e me sinto velha em pensar que hoje ela já tem 20 anos!! OMG) me deu um cachorrinho de pelúcia e falou: para você não se esquecer da gente, e quando olhar pra ele, lembrar de nós! Obviamente eu não preciso dele para lembrar delas, as recordações aparecem em situações muito pequenas, como por exemplo, quando minha sobrinha coloca um vestido rodado e sai rodopiando pela casa, “just like” M* fazia com aquele vestido azul velho manchado e que ela não queria tirar nunca (e só depois eu fui entender que talvez ele significasse tanto porque havia sido da mãe, quando era pequena).

   Daqui exatamente 1 mês estarei completando 10 anos de au pair! 10 anos, e como vocês podem ver, ele continua presente no meu dia a dia!
Enfim, é um caminho sem volta, e isso não é ruim! Você vai lembrar para sempre daquela criaturinha que não é sua, mas que você criou, amou e cuidou como se fosse, dos momentos, amizades, idioma, da casa, das viagens, risadas, lágrimas, crises, baladas, enfim, de tudo!

E é com esse post que me despeço do blog! Sim, coincidentemente  sonhei com a minha M* no meu último post! Na verdade, estava planejando falar sobre outro assunto, mas depois desse sonho,  não tive dúvidas que o tema tinha que ser esse!
Sou muito grata à esse blog (e às meninas) que me acolheu, me permitiu contar um pouco da minha história e dividir um pouco da minha visão do intercâmbio durante esse período. Sou grata também por ter podido compartilhar um pouco do meu trabalho atual (psicologia) dentro do au pair, como eles se complementam e como a psicologia (apesar de algumas agências fecharem os olhos para isso) é fundamental no processo de intercâmbio (para nós e para as famílias)! Mais uma vez, gratidão, meninas!!

   E para quem quiser me acompanhar nas redes sociais, meu insta batepapocompensamentos_  , tem também a página no face: Bate papo com pensamentos e o canal no Youtube: Bate papo com pensamentos

Seguimos juntos, pessoal, pois juntos somos muito mais fortes!!


Beijos e abraços!!
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Bate papo com pensamentos

Um comentário:

  1. Julia, que lindo texto para encerrar suas postagens no blog.
    Achei "very relatable", e me vi lendo com os olhos cheios de lágrimas, porque a saudade pra mim também é palpável. Terminei o aupair em 2016 e não consigo "superar". Te entendo do começo ao fim, rs.

    Sucesso para você e obrigada pelo texto.

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