Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

29 dezembro 2016

A Maior Dificuldade Após o Programa

Eu nunca vou me esquecer do que me disse meu professor de ESL em 2006 "todos que moram fora de seu país, e gostam da experiência, nunca mais se sentem em casa em apenas um lugar só". Eu não levei muito tempo depois disso para perceber que é assim mesmo, que essa é uma verdade na realidade dos intercambistas. Eu morei com duas famílias legais nos EUA e quando voltei para o Brasil não achava mais "meu lugar no mundo". Eu fiquei perdida por aqui- pelo Brasil- um bom tempo (acho que 6 meses) até recomeçar as minhas atividades e sempre que viajava para lá, era lá que eu queria ficar. Eu comecei a sentir que nunca mais seria ""apenas"" brasileira. Quem mora fora passa a ser cidadão do mundo. 

                                        
E é com essa sensação de pertencer aos lugares que moramos que passamos todas as datas importantes: querendo participar. Não entendeu? Vou te explicar! No dia do Thanksgiving eu via várias postagens das minhas famílias no FB e queria participar, entende? Poder chegar para o jantar, just like todos eles, e conversar um pouco. Seria muito bom se houvesse uma maneira de ser fácil assim mesmo: você decide ir, pega um bus rapidinho, janta com eles (leva até aquele seu prato favorito para a sobremesa), abraça todo mundo e volta para a sua casa! E o contrário também vale... Imagina você morando lá nos EUA, querendo vir aqui rapidinho para o aniversário de alguém e podendo voltar para casa sua casa em NY poucos minutos depois? Mas essa não é a nossa realidade. Nossos países são distantes e é bem carinho fazer viagens assim. Então como não rola, eu "dou meus pulos". 

E assim, acabei ligando no FaceTime para TODAS as pessoas das duas famílias que morei para desejar Happy Holidays. After 10 years, eu continuo tendo contato com todos eles. Eu faço questão de ligar nas datas importantes e de responder as mensagens que eles me mandam. Então, se você queria saber qual é maior dificuldade depois do programa, tá aqui: a falta de pertencimento a um lugar apenas, a dificuldade de let it go tão facilmente de pessoas ou lugares que irão marcar a sua vida. Pois é. Eu liguei para todo mundo. E fiquei feliz em falar com 6 pessoas (queria ter falado com todas as 16) e de vê-las pelo FaceTime segunda-feira. 


A primeira que me atendeu foi a Autumn. Ela é prima das minhas kids e tinha 6 anos quando eu morei lá. Hoje ela está com quase 17, as unhas longas, usando make e fazendo shopping na VS's. Hahahaha conversamos por uns 30min e só desligamos por que ela estava saindo para tomar café da manhã com umas amigas. Ela está dirigindo. OMG! E disse que tem todas as nossas fotos pela casa ainda. Fotos do casamento dos pais dela (que eu fui e peguei o buquê), fotos das férias na Disney, dos aniversários etc. Foi de um carinho tão grande, que eu desliguei querendo abraçar o mundo de tão feliz. Maaaaasssss como não dava para abraçar o mundo que eu queria, eu continuei ligando para quem tinha na agenda. A próxima foi a Grandma. A Autumn tinha acabado de me falar que ela havia ganhado um smartphone de Natal. Quando eu liguei, ela ficou toda feliz me vendo na tela. Hahaha Sentou na cozinha para tomar um café enquanto me interrogava sobre os últimos acontecimentos da minha vida. Ela fazia uma pergunta atrás da outra, falava das eleições, pediu para eu ir visitá-los logo e me contou do resto do povo que não tinha atendido o tel minutos anos. Disse preu juntar grana e "take my butt there". Aí, o telefone fixo da casa tocou e ela ficou toda atrapalhada para atender os dois e pediu para desligar comigo. Ainda feliz, liguei para mais dois. O Bradley que está no Hawaii com o resto da minha family da Califa e com a Lucy, irmã dele. Eles são meu kid mais velho e a mais nova da second family. O Bradley pediu desculpas e correu depois de 5min de ligação, pois tinha que sair para um passeio. A Lucy, a minha hostess e o meu host falaram comigo por uns 20min ainda. Foi muito legal. Eles também fizeram várias perguntas e entre elas quando irei visitá-los. Perguntaram do meu trabalho, elogiaram meu inglês e nos despedimos. Eu desejei Happy Hanukkah e desliguei feliz novamente. 

Veja só: au pair é um programa de trabalho, mas existem famílias que são legais e que vão querer manter contato com você e que vão te tratar bem sim. Este tipo de relação se ganha com tempo, sorte, paciência e muita resiliência. A minha primeira family é family mesmo. Até hoje. Eu não me importava se mudassem meu schedulle de última hora, mas ficava puta se não me convidassem para ir ao cinema com eles. Hahahaha eles até sabiam e mandavam mensagem perguntando. E eu escolhia ou não participar. A segunda family foi muito aprendizado. Me ensinaram mais do que serei capaz de retribuir um dia. Sou muito grata. 


Por isso, nesse finalzinho de ano: pense bem! Escolha com consciência. Agência é tudo igual. Lugares você poderá viajar e visitar depois. Mas ter uma family gentil e educada deve ser a sua prioridade. E para isso você tem que se conhecer. Quais pontos são fundamentais para você? Ter um carro seria? Morar com animais? Morar perto do college? Cuidar de kids mais velhas? Faça uma lista  dessas prioridades e aumente as chances da sua experiência ser maravilhosa. Qualquer coisa, conte comigo! Pode me escrever: aupairtarci@gmail.com ou Amiga do Tio Sam blogspot/FaceBook. :) Ajudarei com carinho. 

Um 2017 de paz, realizações e muitas alegrias!
Tarciana :)


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Tarciana

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