Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

07 janeiro 2011

Sobre ficar doente e sobre extender. Por Monick Vasconcelos.


 Uma das coisas que eu pensava antes de vir pra cá, era: não vou mais voltar pro Brasil. Eu era aquela típica menina com sonho americano. A gente tende a valorizar outros países sem conhecer. Eis que venho e me deparo com a realidade. Os Estados Unidos é (são?) um bom país? Sem dúvidas. Aqui é o país das oportunidades, o país que pedreiros e jardineiros podem ter carro, casa, tv de plasma e comida. Acho que ser au pair é um bom começo, bom para quem nunca veio e quer arriscar, quer saber como é.
O que a gente não imagina quando está no Brasil é que vindo pra cá, deixamos pessoas que amamos para trás e que coisas podem acontecer. Resumindo minha história, eu perdi minha mãe quando tinha 16 anos e meu pai... Bom, não é dos mais presentes. Desde cedo comecei a ter responsabilidades, juntamente com meu irmão. Meu irmão quando tinha 11 anos, sofreu um acidente e ficou cego de um olho, agora ele está começando a ficar cego de outro. Já passou por mais de 10 cirurgias, meu pai já gastou o que tem e o que não tem, mas não está dando jeito. O que você futura au pair tem a ver com minha vida? Nada. Estou contando apenas para que pensem num plano B, se decidirem vir com o objetivo de ficar ou não, porque imprevistos acontecem o tempo todo. Fiz 8 meses de programa dia 3, minha família pediu pra eu renovar, falou pra eu passar 3 meses no Brasil e voltar, falaram que iam me pagar um semestre em Harvard, falaram, falaram, falaram... Mas como todos sabem, temos problemas aqui, e algumas promessas não apagam o que já passei. Agora fico dividida, quero passar mais um tempo até perceber que meu inglês está realmente bom, e quero voltar e cuidar do meu irmão. Até agora sinto que não realizei meu objetivo desde que cheguei, mesmo meu inglês tendo melhorado, não está aquela coisa. Eu fico até com vergonha quando as pessoas no Brasil comentam “seu inglês deve tá perfeito, né? “ Sonho meu.
Uns 2 meses atrás comecei a tossir e ficar com todos os sintomas da gripe, ninguém nunca se manifestou aqui. Fui comprar remédio na farmácia, mas não fui ao médico. Comecei a melhorar, até que passei o ano novo em Miami e voltou com tudo. Dor de cabeça, cansada, tosse, catarro, dor no ouvido. Decidi ir ao médico ontem (tenho o seguro completo da Cultural Care), e adoraria explicar como funciona, mas nem eu entendi. Fui num lugar chamado “Minute clinic” que fica dentro de uma farmácia, a médica perguntou se sou estudante, disse que sim. Falou que eu não tinha que pagar a consulta nem os medicamentos, mas quando saí de lá, paguei os medicamentos. Quando cheguei em casa, minha host falou que devia chegar uma conta com o valor da consulta. Não entendi nada, porque uma au pair alemã foi no mesmo canto e disse que pagou a consulta, mas não pagou o medicamento. Segundo minha host, depende do medicamento. Mas ficar doente aqui, não é barato, ainda mais com o salário que recebemos. Gastei 40 de remédio e se a conta da consulta chegar, pagarei mais 35. Quase a metade do que ganhamos na semana. Diagnóstico? Infecção generalizada – garganta, nariz, ouvido. Viral e bacteriana. Ah, e sinusite. A gente aprende antes de vir que se ficarmos doentes, não precisamos trabalhar. Pelo menos você tá descansando, né Monick? Não. Estou trabalhando do mesmo jeito. Cansada, com dor de cabeça e com a sensação de que tou carregando o mundo nas costas, mas tou trabalhando. Em nenhum momento cogitaram a idéia de dar um dia off pra au pair descansar. Ah, mas seus hosts trabalham e precisam de você. Estão os dois dentro de casa, sem fazer nada. A única coisa que minha host fez foi me dar um copo de suco ontem, antes de eu sair pra ir na farmácia comprar o remédio que tava faltando, e falar pra eu beber mais suco e Gatorade.Ficar doente nos Estados Unidos é conhecer o que é solidão, saber o que é literalmente não ter ninguém pra cuidar de você, te mimar. E isso é um dos motivos que me faz pensar em voltar.
Até agora não decidi o que quero fazer. Penso em sair do programa, ficar como nanny, penso em voltar, penso em ir pra Europa, só faço pensar, mas não chego a conclusão alguma. A decisão é mais difícil do que parece. Agora vou indo, porque afinal, alguém tem que olhar as crianças. ;)

Desculpem se as idéias não foram muito claras, mas minha cabeça tá doendo e não consigo pensar direito. ;*
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Copo sobre a mesa.

5 comentários:

  1. Vontade de ir aí te dar um abraço. Quando o calo apertar ai, liga pra nóis no praneta tá?
    Plus, eu sei que tudo parece muito maior e mais difícil quando temos que pensar e tomar decisões tão grandes all by ourselves....Mas vc é nova, e essa não é a última chance da sua vida de fazer tudo dar certo. Respira e pensa com calma :)

    Beijos,
    Mari

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  2. aff morro de medo de ficar doente ai!

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  3. Monick desejo melhoras pra você e que Deus lhe conceda sabedoria para tomar a melhor decisão pra você agora. Concordo com a Mari de que esta é uma grande decisão, mas não é a última oportunidade da sua vida. E você precisa avaliar pra saber até quanto vale a pena continuar aqui enquanto seu irmão precisa do seu amor e carinho.

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  4. Liga pro escritório de Boston e explica sobre o médico. Que eu saiba, você gasta, mas se o seguro cobre ele te reembolsa.

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  5. Monick, o post ficou ótimo! Como eu te disse, sei bem o que você está passando, porque passei pelo mesmo. O seu caso é ainda pior, porque precisou ir no médico e está demorando para melhorar, mas agora com esses remédios você vai ficar BEM melhor!
    Melhoras, querida!
    Beijo!

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