Aventuras com três guris: o
menor de oito anos; o do meio de dez; e o mais velho de 13, neste post identificados
como “o menor”, “o do meio” e “o mais velho” ;D
Caso um: levo o menino pequeno
pro quarto, ponho a criatura na cama, estico as cobertas, leio um pedaço de um
livro, aperto o nariz dele pra fazer som de campainha, leio mais um pedaço,
cócegas e, então, dou boa noite. Apago a luz, fecho a porta e desço para a
cozinha. Cinco minutos depois vem o menino pequeno com as duas mãos abertas sob
o nariz e encharcado em sangue! Au Pair desesperada “o que aconteceu? O que
aconteceu?”, e o guri tranqüilo e rindo “lembra que tu apertou meu nariz, né? Pois
é, tem machucado lá dentro e as vezes isso acontece...”; Au Pair mais
desesperada ainda “PQP.. e agora? E agora?”; e o guri, ainda rindo, com as mãos
sob o nariz ensangüentado “É só esperar parar...” Enfiei a cabeça dele na pia
com água gelada e ficamos ali, eu desesperada e ele rindo, esperando parar até
que... parou.
Caso dois: os dois guris mais
velhos brincando no corredor. Eu passo uma vez e digo “Vocês deviam ir lá fora,
vão se machucar aqui ainda”. Um tempo depois eu ouço palavrões e chutes. Haha Surpresa!!!
Volto para o corredor e vejo um caminho de sangue até o banheiro. Pensem na Au
Pair desesperada do caso um e multipliquem algumas vezes: era eeeu! Busquei
papel toalha pro guri, disse pra ele deitar no chão, mandei o outro buscar
gelo, mais papel, toalha, café, laranjas e o que mais ele achasse na cozinha
que pudesse ajudar. Ele voltou com mais papel e um pedido de desculpas.
Caso três: guri do meio tranca
o menor no banheiro e sai correndo com a chave dizendo que vai no mercado e que
na volta solta o irmão. Au Pair sai correndo atrás, agarra o guri e fica
gritando coisas que nem ela entende. O guri se assusta e joga a chave longe. Enquanto
isso o outro grita choríticamente lá no banheiro. Fiz o guri do meio buscar a
chave, abrir a porta do banheiro e pedir desculpas. Ele cumpriu só as duas
primeiras tarefas, e depois foi ao mercado. Era algo que eu não podia impedir,
eles tinham um tanto de vida própria que a mãe não impedia, então, quem seria
eu para impedir?!
Na volta do mercado ele chega
com uma sacola gigante e gorda de doces e porcarias pra comer, e chama o menor
para ir para o quarto com ele. Instantes depois aparecem os dois na cozinha
para falar comigo: eles fazem cara do gato de botas do Shrek e “era só
brincadeira, ta? A gente tava só te testando pra ver o que tu queria fazer, não
precisa contar pra nossa mãe”. Eu ri, né?!
Caso quatro: o menor com uma
amiga na sala e o do meio com um amigo na sala. Os quatro brincando de guerra
com os bonecos Playmobil, até que o do meio vem reclamar pra mim que o menor
tem mais bonecos que ele, e que o certo seria dividir e bla bla bla.. Eu cansei
de discutir com eles e disse pro menor que ou ele dividia os dele, ou ia buscar
mais bonecos lá em cima, ou ficava uma semana sem brincar com amigo algum. E
aquela criança explodiu de raiva!! Subiu no sofá (pra ficar do meu tamanho) e
começou a gritar palavras em alemão. Eu olhava séria pra ele, tentando não rir
e não parecer nervosa, e quando ele parou eu perguntei se ele já havia dito
tudo o que queria, ele engoliu um sorriso e disse que sim, aí eu disse “então
fala outra vez e mais devagar porque eu não entendi nada”.
Caso cinco: meu segundo final
de semana com a família, eles têm um batizado para ir e me chamam para ir
junto. Eu vou até o meu armário e escolho as roupas mais bonitinhas que eu não
tinha levado pra lá (iuhuuuulll!! Desapego! Desapego!). Quando eu saio do
quarto pronta os dois guris menores me olham e me olham e o do meio diz “Tu ta muito
feia!”, aí o menor olha pro irmão com uma cara estranha e diz “Ei, ela tá bem
bonita!” e os dois continuam me olhando.
Caso seis: era natal. Era noite.
Todos estávamos na sala e decidiram ver Harry Potter. O menor junta duas
poltronas e pede pra eu deitar lá porque ele queria ficar no meu colo. Lá pelo
quase final do filme e 789756 mudanças de posição, pois crianças são pesadas,
poltronas não são confortáveis juntas, braços e pescoços doem,enfim, o pequeno
olha nos meus olhos, sorri e diz: “eu escuto o teu coração, Melina”.
Terão momentos bons e outros
nem tanto. Em alguns vai haver desespero e falta de ação. A dica é sempre
manter a calma, mas é bem mais fácil ficar calmo quando a situação não exige
isso. No caso das brigas mais sérias ou algo muito errado que os guris faziam –
tipo o caso três que eu contei ali em cima – eu contava, sim, para os pais
deles e eles que se entendessem depois. Eu quis fugir, várias vezes; outras eu quis jogar as crianças no lago para os patos *risada malvada* mas como estamos falando de crianças, são coisas
que não temos como evitar. Vai fazer o quê se o guri estourar um pacote de
açúcar na cozinha enquanto tu estás no banheiro? Só resta mandar ele limpar...
No fim tudo dá certo, se não deu é porque ainda não chegou ao fim ;D
Perfect!! Adorei seu post, de verdade! Quando você viveu essas situações deve ter sido muito ruim, desesperador, mas eu me imagino passando por isso. Boa sorte para você ai, e continua escrevendo sobre sua rotina. Acredito que é a única forma, para nós que estamos aqui no Brasil ainda, podermos entender um pouquinho de como é essa vida, que já já iremos viver. Parabéns pelo post!! :)
ResponderExcluirAmei! Há tempos não lia uma historia tão lega!!!
ResponderExcluirAmei! Há tempos não lia uma historia tão lega!!!
ResponderExcluirAdorei, muito legal o seu post, e eu fiz OOOWWWN na parte "o pequeno olha nos meus olhos, sorri e diz: “eu escuto o teu coração, Melina”."
ResponderExcluirMuito bom, ri muito no caso quatro e me imaginei em situação semelhante. Vou pra Alemanha em dezembro. Mas as crianças que eu vou cuidar são menores. Espero ter boas estórias como as suas.
ResponderExcluirTo fazendo um blog para compartilhar as minhas estórias. katarinareist.wordpress.com