Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

25 fevereiro 2014

Ir pra Veneza sozinha no carnaval, dá certo?




Não sou fã de carnaval, nunca fui. Não faço questão nenhuma de sair por aí desfilando, dançando, enchendo a cara ou fantasiada só-porque-é-carnaval! Não faz meu tipo, não adianta insistir, ok? Eu gosto de música clássica, mesmo nos sábados à noite e não troco um bom livro por nada!! Tá, talvez por boas companhias, mas só talvez...

Então uma semana depois que eu volto da minha viagem de ano novo, minha mãe postiça me avisa que se eu quisesse poderia viajar na semana do carnaval, pois eles iriam esquiar. Minha família nunca me convidou para viajar com eles, e eu nunca fiz questão disso. Para o meu carnaval eu não consegui companhia e pensei em ir para Colônia ou para Veneza. Pensei em Colônia por ser mais comum no carnaval para alguém da minha idade, fui besta e pensei no que iriam pensar da viagem que EU iria fazer. Tem cabimento? Não, né! Meu sonho era conhecer o carnaval veneziano além das fotos, andar pelas ruas cheias de gente e admirar as máscaras e fantasias que, de tanto ver em fotos, poderiam ter por lá. Fui pra Veneza! Sem roteiro algum e com a única obrigação de viver o meu carnaval do jeito que eu, apenas eu, e somente eu quisesse!

A ideia que eu tinha era de que Veneza era romântica demais para ser visitada sozinha. Acontece que era carnaval, eu queria conhecer aquele carnaval colorido, cheio de máscaras e roupas divertidas e costumes diferentes. Sábado de carnaval, então, embarquei em um trem noturno em Munique e cheguei em Veneza no domingo de manhã. Larguei minha mala no hotel e fui passear. O dia estava frio e ensolarado, eu era uma bola de casacos não diferente dos outros turistas e seguíamos todos para o mesmo local: a praça São Marcos. No carnaval a ilha inteira é colorida e fervilha de gente. Eu me comprei uma máscara e fiquei com ela no rosto o dia inteirinho, para entrar no clima!

Na praça São Marcos ocorrem apresentações de dança e concursos de máscaras. O pessoal não poupa nos detalhes, olhem só:





Andando pelas calçadas e pontes era gente assim por tudo o que era canto! Depois do almoço eu resolvi passear de gôndola - coisa que eu não tinha feito no verão por teimosia. "Então, quando custa a volta?", eu pergunto. "150euros", me responde o gondoleiro e eu me seguro pra não rir. Ok, fica para a próxima. O preço não era por pessoa, eram cento e cinquenta euros e poderiam ir até cinco pessoas na gôndola. Ali perto eu ouvia duas chinesas tentando negociar o preço com um gondoleiro, então me meti na conversa me convidando para passear com elas. Elas me olharam desconfiadas, mas eu não saí dali "Sem compromisso, a gente divide a gôndola, passeia e depois cada um segue seu rumo", ideia brilhante não? E deu super certo!



À noite, depois de jantar italiamente, procurei por uma festa divertida. Na principal praça da cidade haveria uma festa de música eletrônica, então foi pra lá que eu fui. Estava muito frio e eu desisti de ouvir àquela música só porque-era-em-Veneza. Ao que eu decido sair da praça vejo dois italianos vindo em minha direção, um deles de braços abertos. Eu ri disso, mas ah, era carnaval! Abri os braços também! Ganhei dois abraços, um café e um convite à uma festa! Fomos a pé até outra praça (e eu tentava decorar todas as placas que via, para não me perder) onde havia muito vinho, fogueiras e um show com uma banda. Bem melhor que música eletrônica!

Ao viajar sozinha, eu tentava prestar mais atenção aonde ia e aos horários. Não é porque era Europa que eu ia ficar passeando de madrugada por ruas desertas. Com relação a hospedagem, eu tentava reservar cama em albergues que eu julgava serem divertidos e nunca em quartos individuais - por estes serem mais caros e porque eu queria conhecer gente. Ao dividir quartos eu tentava não deixar minhas coisas muito espalhadas e, ao dormir, minha bolsa ficava comigo na cama. Não custa cuidar, né?


Não limitei minhas viagens a companhia. Conheci gente que não viajava porque não tinha com quem ir, e conheci gente que, ao viajar em grupo, perdeu um dia da viagem procurando hotel porque um do grupo não havia gostado daquele que eles tinham reservado. Eu decidi que eu não deixaria de conhecer algum lugar, ou ir a algum show, só porque ninguém queria/podia ir comigo. Você aí, que tá me lendo, e tem certo receio, tente ao menos uma vez, nem que seja por um dia, ou um final de semana. E deixe-se aproveitar. Seja inteiramente seu por um pedaço de tempo, deite na grama sem ninguém pra te chamar, pra te dizer para parar de contar as nuvens ou não conversar com as árvores. Permita-se!
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Mel SSchiewe

Um comentário:

  1. Gostei bastante do que você escreveu e decidi deixar um comentário. Quando eu estava nos EUA eu fazia muito isso de viajar sozinha e compartilho desse pensamento de que não se deve deixar de conhecer ou fazer algo só porque não tem ninguém pra ir junto.

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