Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

25 junho 2014

Ich bin krank! Mutter, wo bist du??




Ficar doente não é legal. Ficar doente fora de casa é pior ainda. E eu sou propensa a isso por alguma vontade angelical ou falta de preparo psicológico, nunca saberei. Eu sofro constantemente de enxaqueca, e fico inútil por um dia ou dois, mas eu não escrevi isso na minha papelada pra tirar o visto de Au Pair. Vai que a família não quer alguém enxaquecada?? Hahah! E a moça do consulado disse que não precisava também, a não ser que eu tivesse um aneurisma, aí seria importante a família saber.

Então pra minha absurda sorte, no meu segundo dia na casa da família eu caí de bicicleta. Os dois guris mais novos quiseram ir  comigo até a casa de um amigo, de bicicleta, e numa curva muito torta com pedras no caminho eu freei quando não devia, bati na pedra e me quebrei toda. Na hora eu não percebi, mas ao chegar na casa do amigo deles eu vejo meu dedão da mão direita todo ensanguentado e não foi nada legal. A mãe do amigo dos guris foi bem querida, me enchendo de gelo e café e abraços e logo a minha mãe postiça veio me buscar.

Fomos ao hospital. Nesse momento meu alemão era péssimo e meus diálogos eram super dependentes do dicionário que eu carregava pra cima e pra baixo no bolso. Eu parava a conversa, procurava a palavra que eu queria no dicionário, e continuava a conversa. Eu não sei se eu teria paciência para conversar comigo.. Ao entrarmos no hospital, minha mãe postiça foi até a recepção com meu passaporte e o papel do seguro-saúde; esperamos um pouco e uma enfermeira já me chamou.

O lugar estava deserto! Não fosse pelos eventuais enfermeiros pelos corredores eu diria que era um lugar abandonado; bem cuidado, porém. Fui para a sala de radiografia e não entendi NADA do que a enfermeira me perguntou. Então ela repetiu mais devagar e eu continuei não entendendo. Minha mãe postiça virou intérprete e me falava em inglês o que a enfermeira queria me dizer em alemão. Na hora foi tenso, hoje é engraçado. Pois bem, ela disse que algo aconteceu com meu dedão e me receitou remédio. Ok. Voltamos pra casa e minha mãe postiça foi comprar meu remédio na farmácia. Aííí no dia seguinte, quando eu acordo minha mão está assim:

Oi, tenho a mão do Shrek! huhuhu

Voltamos ao hospital, e aí eu fui atendida por uma médica que tirou mais radiografias e disse:  você quebrou o dedão!! E ela falava inglês! Uma cidade no fim do mundo, de 7mil habitantes, e a médica fala inglês! Eu achei fantástico! E ela me diz que poderia enfaixar o dedo ou engessar meu braço. No fim, fiquei com o braço desse jeito por duas semanas:



Meus pais enlouqueceram aqui no Brasil, mas eu estava bem; com um braço engessado e inútil, mas bem. As aulas de alemão viraram um tormento, pois eu só conseguia escrever com a mão esquerda e eu não sou canhota. Eu quis comprar um casaco, pois estava frio e eu não tinha um casaco confortável pra ficar em casa. Tu já tentou experimentar alguma roupa com um braço engessado? Não? Que bom, pois não dá certo!

Outra coisa que não dá certo é lavar cabelo! E aí eu fui num salão de beleza, pois queria só que lavassem e penteassem meu cabelo. Decorei umas palavras (lavar, pentear, creme, escova) e fui até o salão, sem marcar hora. Consegui que me entendessem, mas foi uma desgraça quase completa! "Mas tu só quer pentear?", a cabeleireira me perguntou. "Sim, eu não consigo pentear sozinha com o braço assim...", eu respondi. E no fim, ficaram com pena de mim e me cobraram "só" €10.

Essa novela terminou duas semanas e meia depois, quando eu tirei o gesso e aí comecei a viver plenamente como uma Au Pair na Alemanha!

Depois disso eu tive algumas crises de enxaqueca e gripe, mas nada que me levasse ao hospital outra vez. Pra enxaqueca eu tinha levado remédio do Brasil, e pra gripe eu me virava com chá, vitaminas que eu comprava no supermercado e muito sono. Houveram dias em que eu sequer saí da cama, e aí eu deixava que os guris assistissem TV o dia inteiro e eu ficava no quarto. Como o mais novo tinha oito anos eu conseguia deixá-los sozinho sem que eu precisasse estar o tempo todo em cima. Eu só os influenciava na escolha dos filmes, pois geralmente o mais velho queria ver algo que deixava o menor com medo.

Em todos esses dias ruins aí a minha família postiça me apoiou. Eu não paguei por remédio nenhum, e o seguro saúde cobriu tudo o que eu tive que fazer no hospital (radiorafias, consulta e gesso). E eu achava uma graça que, quando eu tinha dor de cabeça, o menino pequeno me dizia sussurando "eu vou te deixar quietinha aí então e não vou fazer barulho, pra tu ficar melhor!" Ele me dizia isso pois às vezes ele também tinha essa dor chata, mas, mesmo assim, a criatura tinha oito anos!! Eu achava o máximo!


E tu aí, já se aventurou no hospital alguma vez?

tradução do título? "Eu estou doente! Mãe, cadê você?"
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Mel SSchiewe

4 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkk.. muito fofo esse guri de 8 anos...
    nuss que sofrimento o seu de ficar essas duas semanas e meia com o braço engessado , ainda bem que a host foi super legal com você...

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  2. kkkkkkkkk adorei o post!! que kid fofa!!

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  3. Gosto muito do jeito que tu escreve! Por mais triste que é ficar doente, tu contando é engraçado, rs.
    Fofura seu kid te deixar em paz quando você está mal.

    Beijinho!
    Débora - longevoar.com.br

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  4. tirando o titulo, que ngm faz ideia do que signifique, o post tá bem legal ahahaha e poxa, logo no primeiro mes acontecer isso, que mancada do destino hahah.

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