Eu queria escrever um texto
bonitinho, útil ou, ao menos, engraçado pra vocês lerem hoje, e aí eu fiquei sem
ideias. Quando eu fico sem ideias eu revejo fotos e aí me deu uma saudade mucho loca!
As pessoas falam muita coisa,
sejam boas ou ruins. Cabe à você – isso mesmo, você aí que tá me lendo –
decidir se o que elas falam vai te afetar e, o mais importante: como isso vai te afetar.
Eu já tô no Brasil de volta. Meu
ano como Au Pair terminou em abril de 2013. A despedida foi estranha e linda.
No dia anterior ao meu voo jantamos todos juntos, a família e eu. Depois do
jantar fiquei enrolando na cozinha e depois fomos todos pra sala ver um filme,
e depois do filme eu quis enrolar mais, queria que o tempo parasse ao mesmo
tempo que queria voltar pra casa e matar a saudade, mas aí meus pais postiços
deram boa noite e foram dormir. E eu fui pro meu quarto tentar dormir.
No outro dia acordei cedo,
guardei as últimas coisas na mochila e na bolsa e fui pra cozinha. A mãe
postiça estava fazendo um bolo, pois eles receberiam visita à tarde. O guri
mais velho tinha ido pro treino de futebol. O menor e o do meio viam na tv na
sala, e o pai deles não estava em casa. Fiz meu café, o guri pequeno veio e
ficou na mesa comigo. Nos olhos dele eu via a mesma saudade que eu já sentia.
Um tempo depois, o pai dele chegou e disse que sairíamos às dez horas para
Munique.
Eu tinha um sapo de porcelana no meu
quarto, que comprei no mercado da cidade na seção de 1 euro, porque eu queria um
enfeite pro meu quarto. Enquanto eu fazia minhas malas, o guri pequeno ficava
no quarto comigo, e quando eu ia embrulhar o sapo em plástico bolha ele me
pediu pra ficar com ele. Eu tinha dado o nome de Jeremias pro sapo, e o guri
pequeno chamava de Ieremias (no alemão o som de J é de I); eu perguntei se ele
cuidaria do sapo, e ele disse que queria ficar com uma lembrança minha. Eu
deixei o sapo com ele.
Na manhã da minha volta, enquanto
eu ainda estava na casa com a família, eu dei um porta retrato pra eles, com
uma foto que tiramos no dia do meu aniversário. Eles agradeceram, mas eu não
sei se gostaram. Na hora de sair, o pai postiço me ajudou a por as malas no
carro; me despedi com um abraço da mãe postiça e outro do guri do meio. O guri
mais velho tinha se despedido de mim na noite anterior. O pequeno quis ir até o
aeroporto – e eu achei isso a coisa mais fofa do mundo inteiro vezes dez, porque
ele tinha oito anos e enjoava em viagens longas.
Chegamos ao aeroporto, carro estacionado,
eu pego uma mala, pai postiço pega a outra e o pequeno quis ajudar também! Eu dei
um casaco meu pra ele levar e o guri ficou feliz da vida! Fizemos o check-in,
despachei as malas e o momento mais temeroso chegou: o tchau. Abracei e beijei os
dois e entrei na sala de embarque, sempre olhando pra trás e abanando – e os
dois lá abanando de volta até o momento em que eu passei pelo detector de metais
e abanei pela última vez. E lá ficaram os dois alemães que eu mais gostava.
Foi um dos momentos de
contradição mais contradizentes que eu já vivi. Ao mesmo tempo que estava triste
em me despedir deles eu estava feliz por ir pra casa e matar a saudade
gigantesca que eu tinha em mim.
O título do post eu ouvi de um
cara que conheci numa viagem. Ao nos despedirmo-nos ele disse “Have a nice life!”,
e eu achei muito estranho. Ele percebeu meu espanto e continuou “É a verdade. A
probabilidade de nos encontrarmos outra vez é pequena, e eu te desejo uma boa
vida, não só um bom dia, ou semana. Se tiver próxima vez, até próxima, mas
tenha uma boa vida”.
Acho que faz sentido, bem ao contrario
desse post de hoje. Mas isso foi a saudade. Essa saudade que como diz Chico
Buarque “saudade mata a gente, saudade engole a gente menina...”
Todavia, se tu aí quiser um propósito
pra isso tudo aí que eu escrevi é o seguinte: o quão melhor for teu ano de au
pair maior será a saudade, e maior a felicidade de ter ido.
*a foto eu catei no google
Sinto esta mesma saudade e ansiedade, Mel!
ResponderExcluirPreprando malas, papeis e tudo o mais... e ja, ja vem meu dia de me despedir disso tudo que, um dia, foi novo e hoje, ainda, nao e velho.
:D