Olá gente, tudo bem?
Bem, primeiro de tudo, feliz 2017!!! Como
passaram de final de ano, natal? Meu nome é Júlia, fui au pair em 2009 e tenho
bastante história para contar! Hoje sou psicóloga e intercalo o consultório com
orientações online, especialmente para au pairs, e com meu canal e fanpage
Doces memórias – Sweet memories.
Em meu último texto, conversamos um pouco sobre a minha 3ªhostfamily, me deixei levar pela emoção e vocês viram o que aconteceu no final,
né? Pois é, o final (tanto do texto como do intercâmbio) foi surpreendente para
mim também e fiquei feliz com os elogios e dúvidas que recebi inbox em minha página!
Obrigada!!
Hoje fiquei de passar algumas dicas que acabei aprendendo e
colocando em prática com as minhas “crianças difíceis”, e para poupar a
família, vou chamar as meninas de Maria (pequena) e Ana (mais velha), ok?!
Pois bem, vamos lá! Como disse no outro texto, por trás de
uma criança difícil, há uma emoção que ela não sabe como expressar, e acredito
piamente que esta frase define as minhas meninas, especialmente a caçula. A
mais velha tinha um horário cheio de compromissos, convivi com ela, mas a maior
experiência foi com a minha 3 years old girl; então, para o texto não ficar
muito longo (pois eu falo mais que o homem da cobra), vou focar mais nela ok?!
Logo no dia que cheguei, a expressão das meninas era de
espanto. Até acho que elas, especialmente a mais velha, sabiam quem eu era e o
que estava fazendo ali, mas não sabiam que eu chegaria naquele momento, ou algo
parecido. Alguma coisa com certeza elas NÃO sabiam! A mais velha ainda me deu um abraço
meio de lado, já a pequena correu para trás das pernas da mãe e me olhava
desconfiada de lá.
No dia seguinte, a mãe saiu cedo, BEM cedo. Ali, já conheci
um pouco da bagunçada rotina da casa. Tudo era na base do grito, do choro.
“Ana, calm your hair! Ana, brush yout teeth! (Ana, arrume seu cabelo, escove os dentes)! ” E a pequena chorando atrás da
mãe, arrastando uma fralda e com uma chupeta na boca. Assim como no Brasil,
quando a mãe saiu as coisas se acalmaram (desculpe mamães, mas a maioria das
crianças fica mais manhosa com a mãe por perto, né). Aos poucos, Maria foi se
aproximando. Apesar de ser pequena na estatura, Maria era uma criança forte
(não era gorda, mas era “definidinha”, vamos assim dizer), e lembro que a
“frase da conquista veio” quando ela começou a passar por cima de mim,
literalmente, fiz cosquinhas e falei: Heey! I´m not a playgroung (Eu não sou um
parquinho)! Não sei o que ela entendeu, mas gostou! Em pouco segundos já estava
nas minhas costas, rindo e pedindo mais.
Quando a ex au pair foi embora, Maria teve um pouco de
dificuldade em ficar sozinha comigo, e eu até imaginei que isso ia acontecer,
afinal, tinha feito 3 anos há poucos meses!
Maria tinha picos: quando acordava (compreensível – eu
também acordo de cara virada todos os dias haha), quando a mãe saía e quando a
mãe chegava. As manhãs eram sempre iguais: gritos, choros e a pequena atrás da
mãe em polvorosa pela casa! Ah, e de fraldas! Acho que não mencionei que ela
usava fraldas!
O primeiro dia que fiquei com ela sozinha, quando a mãe
saiu, ela chorou muito! Muito mesmo! Me bateu, me mandou embora, me arranhou
quando tentei pegá-la; até que decidi deixá-la quietinha. Fui tomar meu froot
loop com leite, ela se levantou e: Julia (nem sabia que ela sabia meu nome),
what is this? (O que é isso?) Ufa!! Santo froot loop!! Este virou “nosso” cereal favorito!
Com o tempo, descobri outros “macetes” para acalmá-la. Maria
amava colocar band-aids no corpo. Então tive a ideia de comprar um bloco de
adesivos e conversei com ela, expliquei que a mãe voltaria mais tarde e que se
ela não chorasse, poderia escolher alguns adesivos! Funcionou perfeitamente!
Ela aprendeu que a mãe realmente voltava e os adesivos eram um "senhor incentivo" para o eliminar o comportamento de choro! Funciona, gente! Se não me falha a memória,
comprei no “Dólar three”, e paguei 1 dólar! O livrinho tem umas 15 páginas CHEEEIAS
de adesivos!
Como sou psicóloga, ao ver uma criança difícil, eu observo
muito a estrutura da família, e o que eu tinha ali era uma mãe que saía para
trabalhar as 07:00 da manhã, voltava as 19:00, sentava na frente do computador
e trabalhava mais um pouco. Crianças que dormiam tarde e acordavam cedo, sem
rotina alimentar e de sono, sem disciplina.
Logo Maria começou a me obedecer (ás vezes, como
toda criança, claro). Era uma criança que implorava por atenção, por alguém que
sentasse no chão e montasse blocos de lego com ela e por essa rotina, limites,
autoridade. Com uma pequena rotina de café da manhã, almoço, nap (soneca), hora para
brincar e banho, Maria começou a me ver como autoridade, e tirar a fralda,
chupetas e mamadeiras foi fácil! Como eu tinha amigas na região, agendava
playdates, e ela, por consequência, fez algumas amiguinhas e amiguinhos, o que
ensinava a dividir os brinquedos, horários de ir embora, como se portar à mesa
(tá, ok, essa nem sempre ela fazia! Ela não era uma lady e vivia arrotando, mas
falava excuse-me! Hahah). Unia o útil ao
agradável; playdates são curingas para as au pairs e para as
crianças.
Como todo "bom brasileiro", eu tinha amigas brasileiras, e os
playdates acabavam sendo sempre com crianças de au pairs brasileiras. Fatalmente,
Maria aprendeu algumas palavrinhas (além das que eu ensinei) em português.
Certa vez, eu cheguei para trabalhar e minha host já estava toda “esbaforida”,
para lá e para cá: Julia, pick up Ana at 5 o´clock, (busque a Ana as 17:00), Maria has daycare today (Maria tem escolinha hoje), blá blá blá e mais blá blá blá. Quando ela saiu, automaticamente eu disparei a
falar sozinha, em português “bom dia para você também!! É educado cumprimentar
as pes...” Fui interrompida por uma carinha desconfiada, de quem sabia o que eu
estava dizendo, e então, com medo, perguntei: What?! E ela, sem cerimonias: You
said that to my mommy! Because you always say it´s polite to say “bom diia”
when we wake up; and she didn´t, right Julia?! (Traduzindo: Você disse isso para a mamãe! Pois você sempre diz que é educado dizer bom dia quando acordamos, e ela não disse, certo Julia?!) Pausa para o meu espanto! O que
eu ia dizer?! Era exatamente aquilo que eu estava dizendo! Até hoje não sei se
foi a forma como falei ou se ela de fato, aprendeu alguma coisa de português!
Outra coisa que acho que foi bem importante que ensinei, foi sobre os sentimentos. Como Maria tinha só 3 anos, e naquela época ainda não tinha o filme Divertida mente (que eu adoro e é ótimo para ensinar sobre os sentimentos), fui deixando que ela falasse. O problema não é sentir, mas como lidamos com o que sentimos, e ela aprendeu que podia sentir raiva, mas não podia me bater, por exemplo. Era difícil e eu tinha que lembrá-la várias vezes, mas sempre valeu a pena!
Enfim, o que posso dizer sobre crianças difíceis, tanto para
mães como para au pairs, são duas palavrinhas: autoridade (não confundir com
autoritarismo) e confiança. Uma é consequência da outra, a criança te vê
como autoridade pois confia em você. É um trabalho árduo, hard mas que vale
muito a pena!
Espero que tenham gostado do post de hoje, um post bem
mesclado mesmo, de psicologia e au pair! Espero também que vocês tenham um ano
de 2017 extraordinário, cheio de surpresas, metas alcançadas e sonhos
realizados! Vamos juntos sempre!!!
Obrigada, beijoss e até o próximo dia 02!!
Júlia B. Benedini
(Psicóloga – CRP: 08/14965)
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