E se não der certo?
E se negarem meu visto?
E se eu não conseguir família?
E se a família não gostar de mim?
E se as kids não gostarem de mim?
E se eu não me adaptar?
E se eu não me (RE) adaptar ao Brasil?
Já pararam para pensar quantos “e ses” passam pela nossa
cabeça quando o assunto é o intercâmbio?
Olá, meu nome é Júlia, fui au pair em 2009, hoje sou
psicóloga e trabalho com orientação psicológica online para pessoas que moram
(ou querem) fora no nosso Brasil varonil.
Se (olha ele aí de novo) você mora, já morou ou até mesmo
pensou em morar fora, com certeza essa combinação de palavrinhas já passou pela
sua cabeça, né?! “E se”?
Por mais que a gente tenha certeza, que seja um sonho, tudo
que é novo e de certa forma arriscado (por mais planejado que seja) envolve o
medo e principalmente a ANSIEDADE, e sobre ela que quero falar um pouquinho
hoje.
Não é “papo de psicóloga”, até porque vou começar o assunto
com uma novidade! A ansiedade pode ser positiva, sabiam? Não estou ficando
doida, e vou explicar! Nós temos a mania de enxergar alguns sentimentos como
negativos (a ansiedade e a tristeza, por exemplo), porém, desde que haja
equilíbrio, todos eles podem nos ensinar e ajudar de alguma forma. Quando
estamos ansiosos e esta ansiedade nos impulsiona a agir, a fazer alguma coisa,
ela é benéfica; já quando os pensamentos negativos (os famosos e se) tomam conta,
nos deixando paralisados, nos impedindo de seguir em frente, ou ainda quando
não conseguimos tomar decisões e acabamos “metendo os pés pelas mãos”, está na
hora de repensar sobre quem está no controle da situação.
No caso do au pair, vejo tanto pessoas desistindo do sonho
de morar fora (e se não der certo), como pessoas que acabam entrando em
“famílias perigo” ou em famílias ótimas, mas que não são um bom match, pois
ficaram com “pressa” de ir logo, ou ainda “e se eu não achar outra família”?
Costumo acompanhar grupos de au pairs no facebook, e
(infelizmente) vejo muitos rematchs que poderiam ser evitados, se o match não
tivesse acontecido por ansiedade.
Eu sei, eu sei que dá medo de não arrumar outra família, dá
medo de não dar tempo, dá medo de tudo! Eu também passei por isso, e passei 3
vezes, e somente da 3ª posso dizer que tomei a decisão pensando com clareza e
com coerência (e o rematch aconteceu por outra razão).
E o que fazer para tomar a decisão correta? Ela é garantia
de um match perfeito? Infelizmente não. Eu costumo dizer para as meninas (digo
meninas pois por enquanto não orientei rapazes) que já orientei e oriento e já
falei aqui também que o au pair/intercâmbio é como um relacionamento: ninguém
namora, se envolve afetivamente ou vai morar com alguém sem conhecer pelo menos
um pouco da pessoa, saber alguns defeitos, qualidades, sem saber como aquela
pessoa “funciona”. Vamos imaginar que você, que está lendo, seja uma pessoa que
gosta de tudo limpo, organizado, arrumadinho. Agora se imagine morando com
alguém que chega do trabalho, deixa os sapatos na sala, toma água e deixa o
copo no chão ao lado do sofá, não cozinha e não ajuda com a louça e quando você
abre o guarda roupas, vê uma avalanche de casacos, blusas e calças caindo sobre
você. Haja amor, e haja paciência, né?
Claro que se tratando do au pair não temos todo tempo do mundo, mas e é
aí que entra (de novo) a importância de se conhecer (como a palma da sua mão),
saber quais são os SEUS defeitos, as SUAS qualidades, os SEUS pontos fortes e
fracos, o que você suporta e não suporta, e a partir daí, “casar” com os da
futura hostfamily. Tendo consciência de tudo isso, e principalmente de seus
valores, você terá respostas práticas e racionais para os “e se” que muitas
vezes a mente inventa.
Para finalizar, deixo uma questão para reflexão: E se não
der certo? "Traduza" “não der certo”. Eu passei por 3 rematches, podia dizer que
meu intercâmbio não deu certo, e confesso que quando voltei para o Brasil, era isso que eu
pensava: “não deu certo”. Hoje minha ideia é outra! Deu certo por 9 meses,
depois voltei! Tudo é positivo, desde que a gente aprenda a enxergar de forma
positiva! E qual está sendo a sua lição positiva de tudo isso (desde o início
do processo até hoje)?
Por hoje é isso, espero que tenham gostado deste texto de
reflexão!
Abraços, e até o próximo mês!!
Júlia B. Benedini – Psicóloga (CRP: 08/14965)
0 comentários:
Postar um comentário