Hoje eu decidi escrever um texto diferente, e que acredito
que será bem difícil para mim. Não olhei todos os textos desse blog, mas sei
que a maioria é direcionado para quem quer ser ou já é au pair, ou quer fazer intercâmbio,
e realmente é este o propósito, mas você já parou para pensar como ficam nossos
familiares quando embarcamos nessa aventura?
Olá, meu nome é Júlia, sou ex au pair e hoje psicóloga e
trabalho com assistência emocional para intercambistas.
Well, eu posso dizer que já senti os dois lados da moeda.
Fui aquela que foi, em 2009, quando fui au pair, e também fui aquela que ficou,
quando meu irmão foi fazer intercâmbio na Austrália. Aliás, fui não, eu ainda
sou (aquela que ficou)!
Nós podemos até imaginar o sentimento de quem fica, mas hoje
resolvi contar para vocês como é. Claro que cada um sente de um jeito, mas
acredito que pela minha experiência, eu consiga passar para vocês como “se
sentem os que ficaram” quando decidimos voar.
Meu irmão é o caçula aqui de casa, aquele que eu lembro
exatamente quando nasceu (meus pais compraram presentes mim e para a minha irmã
e falaram que foi ele quem mandou! Ótima estratégia para as mamães de plantão,
btw), ele foi crescendo e me lembro que eu sempre chorava, pois ele não queria
ficar no meu colo (eu tinha só 7 anos, não sabia pegar! Provavelmente eu o
apertava).
O tempo passou, eu cresci, ele cresceu. Eu fui fazer
faculdade em outra cidade, já estava adaptada a morar longe da família, porém o
que senti quando o vi indo para o seu intercâmbio foi completamente diferente!
Pouco tempo depois que eu voltei (não me lembro exatamente
quando), meus pais começaram a preparar os papéis e o coração para dar tchau
para outro filho, e dessa vez o “neném” da casa! Eu estava tranquila, achei que
estava habituada a viver longe; ledo engano!
Ter alguém para falar inglês, alguém para comer meus lanches
do BK quando eu não queria mais, cantar músicas em inglês (como I don´t wanna
miss a thing) enlouquecidamente, sermos agora só nós dois (de irmãos) em casa
(minha irmã já estava casada) e principalmente ter rodinhas nos pés nos
aproximou, e aí ele decidiu ir!
Não lembro se chorei no aeroporto, mas acredito que sim ou
talvez eu tenha segurado.
Nós, quando vamos, damos tchau para nossos familiares,
choramos com eles, entramos pelo portão de embarque, enxugamos as lágrimas e
parece que começamos uma nova vida. As vezes nem olhamos para trás, para ver
nossos queridos chorando, e dessa vez eu era aquela que estava “atrás”, e foi
estranho, BEM estranho!
O tempo passa e alguns dias a gente parece se acostumar, é
aquela história de parecer que a qualquer momento ele vai chegar.
E assim foi! Ele foi, voltou, foi de novo, voltou e agora
(em 2016, na verdade) foi para ficar mais tempo e concluir a faculdade lá.
Às vezes a saudade aperta mais, mas nós (que ficamos) nem
sabemos ao certo se é saudade. Sabe aquele sentimento que, só depois de um
tempo, aprendemos que é homesick? Acho que é isso, é uma homesick, parecida com
“brothersick”.
Eu me lembro que quando fui, passei alguns “perrengues”
(quem já leu meus primeiros textos aqui sabe que passei por 3 rematches), mas
sabe aquele ditado de “quando a água bate, o patinho aprende a nadar”? É
exatamente assim. Quem fica já sabe nadar, está acostumado com a cultura, o
ambiente, o trabalho; quem fica não precisa aprender a nadar, porque as águas
não são novas, e nadar é rotineiro, não é novidade! Quem fica precisa aprender
a lidar com algo que, até então eu não conhecia.
Agora resta esperar, esperar mais um pouquinho ou até ele
voltar, ou a crise de “brothersick” acalmar e assim então, ficar com o coração
menos apertadinho!
E então é isso, pessoal! Espero que tenha conseguido passar
para vocês o que sentem os que ficam, não na intenção de faze-los desistir do
intercâmbio, mas da valorização de cada segundo que se tem enquanto ainda estão
por aqui, e para saber também um pouquinho do outro lado da moeda!
Espero que tenham gostado e que este texto ajude vocês!
Gostou? Deixe o seu like, comente, conte como você
sente que seus familiares e amigos estão durante o seu tempo de intercâmbio,
compartilhe o texto com eles (quem sabe assim ele também não chega no meu irmão?
Gostaria muito que ele lesse, mas sem eu ter que mandar ou marca-lo!
Até o próximo dia 05, beijos!
Júlia B. Benedini – Psicóloga (08/14965)
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