“Fuja dos brasileiros/ Não faça amizade com brasileiros/ Não
ande com brasileiros”
Essas foram uma das primeiras frases que ouvi quando resolvi
fazer intercâmbio, e são coisas que ainda escuto com bastante frequência. Se a
gente parar para pensar, até que faz sentido, pois com amigos brasileiros a
tendência é não explorar tanto o idioma nativo, porém.... Bem, antes de sair
tagarelando, vou me apresentar para você, que caiu aqui de paraquedas, está
aqui pela primeira vez. Eu sou a Júlia, fui au pair em 2009 e hoje sou
psicóloga e trabalho com assessoramento emocional para intercambistas ou
pessoas que moram (ou que querem morar) fora.
Lembro que quando fui fazer intercâmbio, em 2009, estávamos
em um grupo bem grande de brasileiros, de 15 a 20 pessoas, se não me engano, e “fatalmente”
formamos aquele “grupão da alegria”, sempre rindo, falando alto, brincando com todo mundo; um dos
intercambistas brasileiros levou até um jogo Twister (aquele que você gira a
roleta e coloca o pé em uma cor e a mão em outra) para a escola de treinamento
e jogamos com pessoas do mundo todo. Mas curiosamente, uma das brasileiras não chegava
nem perto da gente, fazia questão de se manter longe, pois tinham falado isso na agência, e ela achava que andando com brasileiros, não aprenderia tanto o inglês. Ela queria fugir dos brasileiros.
Naquele tempo essa já era uma das maiores recomendações das
agências e especialistas em intercâmbio. Eu confesso que pensei e penso
bastante nessa recomendação e hoje gostaria de dar a minha opinião como ex au
pair, intercambista, alguém que sentiu o intercambio na pele e também como
psicóloga que estuda o comportamento de quem passa um tempo fora de casa.
Como falei anteriormente, as agências e os outros
especialistas não estão 100% errados, porém, não precisamos levar tudo tão a ferro e fogo, no “8 ou
80”, ou seja, ter só amigos brasileiros
e falar com eles SÓ português ; a partir do momento que se tem uma pessoa de
outro país, o inglês já torna-se praticamente obrigatório, até mesmo porque
seria grosseiro ficar conversando em português, sendo que uma ou mais pessoas que estão não entendem, né?!
Entre o caminho da direita e o da esquerda, eu opto
pelo caminho do meio! Amigos brasileiros são a nossa 2ª família fora de casa,
eles são o colo, o aconchego, o abraço fora de hora que vem quando precisamos,
a nossa companhia para comer arroz com feijão de vez em quando ou para dançar e cantar, samba, pagode, sertanejo e axé e até mesmo alguém para
matarmos a vontade de um bom bate papo recheado de gírias brasileiras! Dá para
ensinar tudo isso para um “amigo gringo”, e é divertidíssimo, a propósito!
Aprender as manias e costumes do país dele também é sensacional e rende boas
risadas, mas quem teve homesickness sabe a importância de um amigo brasileiro e
um bom prato de brigadeiro!
Ahh, Júlia, então você está falando que os estrangeiros não
podem nos oferecer suporte nos momentos de crise? Não, não estou! Já ouvi
milhares de relatos de “amigos gringos” e até mesmo de hostfamilies super
acolhedoras, e muitos brasileiros até se casam durante ou depois do intercâmbio (provavelmente porque se sentiram acolhidos pelo parceiro), porém, os amigos brasileiros nos remetem ao seio familiar, ao
nosso Brasil e isso tudo acaba tornando as “crises” de homesickness mais fáceis
de lidar!
Então resumindo: entre o caminho da esquerda e da direita,
optem pelo caminho do meio! Tenham SIM amigos brasileiros, não fujam deles, mas
tenham também amigos de outros países, ensinem sobre o Brasil, aprendam sobre outras culturas! Essa é a maior riqueza do intercâmbio!
Por isso foi hoje, pessoal! Esse foi o texto de hoje, TOTALMENTE contrário a opinião da maioria dos especialistas! Espero que vocês gostem, e principalmente, se sintam acolhidos!
E a sua opinião, qual é?
Abraços, até o próximo dia 05!
Júlia Balieiro Benedini - Psicóloga
CRP: 08/14965
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