Eu tenho certo receio em falar das minhas hostfamilies,
confesso! Passei sim uns momentos cabulosos difíceis, mas penso MIL vezes antes de
escrever ou falar, pois uma vez "nas mídias sociais" podem virar até provas contra mim (por aí dá
para ter uma ideia da situação, né)?!
Hoje resolvi vencer um pouco esse medo e contar (de forma mascarada)
um episódio lá na terrinha do Tio Sam que me deixou apavorada e QUASE me meteu
em péssimos lençóis.
Antes de mais nada, eu sou a Júlia, fui au pair em 2009 e
hoje sou psicóloga e trabalho com orientação emocional online para
intercambistas e futuros intercambistas.
Minha última hostfamily tinha uns problemas sérios de
família que envolviam os pais, as crianças e indiretamente a mim, pois eu era a
cuidadora delas, e lembro que uma das primeiras coisas que a fofa falou quando
cheguei na casa foi: se o fofo passar daqui (apontando para um lugar da casa),
chame a polícia. Eu já tremi na base, imaginem, né?! Imaginei um “fofo” 4/4, violento, com cara de
bravo, grosseiro, quebrador de regras e assassino de au pairs inocentes! Ok,
foi exagero! Só imaginei ele enorme e com cara de bravo! Agora imaginem aonde foi parar o meu queixo
quando, pela primeira vez, fui deixar “as fofinhas” na casa do fofo, e me
deparei com um homem ainda mais baixinho que eu (tenho 1,60), magrinho e com a
cara do Mickey Mouse (agora não é exagero)! É, a minha reação foi a mesma que a
de vocês, aí do outro lado da tela!
Mas vamos lá, o que poderia acontecer de assustador? Well,
como falei, a família estava passando por uns problemas sérios e esse problema
também envolviam bens materiais e em uma bela madrugada, não sei por qual razão,
o carro da fofa foi guinchado (sim, você leu certo! Isso aconteceu de
madrugada)! A casa era um sobrado, e
somente o meu quarto ficava no 1o piso, e com janelas para o local onde o carro
estava estacionado. Essas pessoas chegaram esmurrando a portam batendo na minha
janela, e chamando “Heey, Hello”, em
plena madrugada.
Eu me encolhi na cama, acordei com o primeiro soco na porta e
fiquei paralisada de medo. Achei que a casa estava sendo invadida, que era sequestro, já que nunca trancávamos o portão de entrada e olhe lá a porta principal de entrada da casa (país de 1o mundo, né?!). Na hora
ainda liguei para a fofa, que não atendeu, deixei um SMS e nada! Liguei também
para uma amiga brasileira, sem saber o que fazer, e ela, tadinha, meio dormindo
falou: Julia, chame a policia! Nessa hora ouvi um barulho de caminhão, me enchi de coragem, fui abaixada até a janela e olhei
bem disfarçadamente. Ai então vi o carro sendo puxado para cima de um caminhão e em seguida sendo
levado. Nem chorar de medo eu conseguia, nem encaixar o que poderia ser aquilo! Quem rouba um carro com um guincho, mas quem guincha um carro de madrugada? O que estava acontecendo? Eu mal conseguia apertar as teclas do celular para desbloquear meu celular e ligar para a polícia, quando ouvi passos de alguém descendo a
escada. Saí do quarto desesperada, correndo, para tentar avisar a fofa que o carro havia
sido levado, perguntar o que estava acontecendo. Ela, ainda meio com cara de
sono, pediu desculpa e falou o nome do fofo, dando a entender que ele havia
mandado guinchar o carro (o que para mim não fez sentido nenhum, já que aquele
carro era usado exclusivamente para as filhas dele, e fez menos ainda quando,
algumas semanas depois fomos buscar o carro em um pátio em uma cidade ali
perto).
O susto foi grande! Eu nunca fui assaltada aqui no Brasil, e
naquele dia achei que algo de muito ruim ia acontecer, e em outro país. Tentei
colocar toda lógica e racionalidade de “é um país de 1º mundo, é um país seguro,
etc”, mas com socos em sua janela e na porta da casa aonde você vive, tudo foi
por água abaixo. Até hoje não sei o que houve, nunca comentei com LCC, com
agências (deveria ter falado, né), pois tinha medo de que isso viesse a
prejudicar as “minhas fofinhas” nos problemas entre a fofa e o fofo.
Com relação a isso, pessoal, quero deixar um alerta: tomem
muito cuidado na escolha da família. Eu sei bem o que é a ansiedade nessa parte
do processo, pois já passei por isso e hoje acompanho intercambistas que passam por esse processo (vivenciei esse processo e acompanho pessoas que vivenciaram e estão passando por isso), mas pense que
aqui no Brasil você está em casa, com tempo para escolher e analisar cada
proposta/família com bastante atenção, já nos EUA é diferente. Sei que existem
famílias ótimas, famílias lindas acolhedoras e seguras, mas SEMPRE tem o outro lado
da moeda (infelizmente), e não são todas as agências e LCCs que dão suporte.
Como eu disse, gostaria muito de poder falar mais, mas ainda fico ”um
pouco presa”.
Espero que este texto ajude vocês a pensar com calma/cautela nessa
parte tão importante do processo de au pair e principalmente, não deixar que a ANSIEDADE tome controle e sair metendo os pés pelas mãos.
Tenham um ótimo mês, vejo vocês em JUNHO!
Beijos,
Júlia B Benedini
Quando nos preparamos pro au pair,acho eu,que essa é uma das últimas coisas que pensamos em passar. Que situação,é até difícil saber qual atitude tomar...muito obrigado por compartilhar!(:
ResponderExcluirObs: Adorei saber que você é psicologa. Estava fazendo psicologia e parei para me focar e me preparar para o au pair. Nao sei como vão ser as coisas,mas se for possível, gostaria de estudar por lá. Se não for pedir muito,e se vc tiver algumas dicas sobre isso,eu gostaria muito de saber.
OBRIGADO
Verdade, Amanda! Eu jamais imaginei viver uma situação assim nem aqui no Brasil, muito menos la nos EUA... Que legal que você conhece a psicologia, fico feliz em saber! O intercambio é um "intensivão" de aprendizado de muita coisa que vemos na faculdade! Sobre estudar seria legal você conversar com a família sobre isso.. é meio complicado pois os cursos são bem caros, e uma graduação muitas vezes exige tempo integral. Mas converse com a sua hostfamily (ou futura hostfamily) sobre isso, eles vão poder te ajudar e responder essa dúvida! =))
ExcluirBeijos!