Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

09 fevereiro 2019

Quando a realidade vira sua melhor (ou pior) amiga

Olá! Meu nome é Thaís, eu tenho 23 anos e sou de uma cidade de Minas Gerais. Atualmente eu moro em Washington D.C. e estou aqui nos EUA há 4 meses. Quando ainda estava no Brasil eu morava com meus pais, meu irmão mais novo e meu cachorrinho. Sempre quis trabalhar com algo que fosse relacionado à línguas, principalmente inglês, então minha vida foi dedicada a aprender inglês e vir para os Estados Unidos viver essa expêriencia.

Três anos atrás eu tive o privilégio de conhecer Nova York e Boston com minha mãe, ficamos aqui por 3 meses e voltamos para o Brasil. Minha volta para casa foi o grande motivo da minha decisão de vir morar aqui e fazer o programa de au pair. Sofri muito na volta, então tenho uma ideia de como a maioria das au pairs que voltam para casa depois do programa se sentem, não é fácil mesmo. Mas vamos falar sobre minha volta para a Terra do Tio Sam.

Antes de vir foi uma batalha muito grande, gastos inesperados, a insegurança de nunca achar uma família, e quando encontra é em um lugar que você não gosta, e não, não julgo as pessoas que levam em consideração a cidade que vão morar pois isso é sim muito importante, claro que não é o motivo principal para se pensar, mas com certeza faz toda a diferença.

A partida foi muito sofrida, principalmente por causa da minha mãe. Eramos muito ligadas, onde uma estava a outra estava também. Ver as lágrimas dela corta meu coração até hoje. 
Cheguei finalmente aqui nessa terrinha em Outubro e a semana de treinamento foi maravilhosa! Foi um mar de rosas! Mas a chegada na casa da família... Essa foi mais complicada. Por já ter estado aqui nos EUA por 3 meses nunca pensei que fosse sentir tanto a fase de adaptação, mas eu senti. E MUITO! A minha primeira pancada da realidade foi justamente no primeiro fim de semana que cheguei na host family, ERA MEU ANIVERSÁRIO. E adivinha? Ninguém em casa, não tinha nem mesmo uma pessoa pra me dar um abraço e me desejar felicidades. Fiquei o dia todo vendo as fotos dos meus amigos e familiares no facebook.

A realidade foi me batendo aos poucos, ela começou com luvas macias, mas depois as mentiras da família foram chegando, você descobre que você precisa parar de ser aquela menina gentil e se tornar uma pessoa que precisa se impor mais. Eu era uma pessoa que amava andar para o mercado, academia, etc, e me vi trancada em um quarto durante toda a semana (e é exatamente por isso que é importante escolher o lugar onde você vai morar) com um curfew que não era o planejado. Para minha sorte e felicidade encontrei uma pessoa muito especial (que hoje chamo de namorado, rs), e que mora a duas horas de mim, então na maioria dos fins de semana eu não preciso chegar às 10h em casa pois viajo na sexta e volto só no domingo. A comida nunca me satisfazia, mesmo que eu tentasse cozinhar, as kids, que era só 1, se tornaram 4! SIM! Acreditem se quiserem.. Então sim! A realidade foi me deixando hematomas muito doloridos por muito e muito tempo. Os primeiros 3 meses são os piores! Você apanha e aquilo dói, aquilo te fere fundo, mas ali onde fica aquela cicatriz se torna um ponto forte e você aprende a não sofrer mais por aquilo, e por fim quando você olha já não tem mais nenhuma ferida, simplesmente lições e aprendizado. E é nessa hora que você se olha no espelho e diz: "Menina! Eu nunca achei que você fosse tão forte assim!! Olha o quanto você cresceu em poucos meses!" E sabe? Isso me faz sentir bem. Isso me faz ter mais coragem e mais força para continuar indo em frente e dizendo: "Pode vir o que vier! Eu já estou pronta pra isso também!"

A única coisa que eu não estava pronta e acho que nunca vou estar é lidar com o sofrimento da minha mãe no Brasil. Acho que essa é a parte que ninguém te conta. Todo mundo te fala que você vai sentir falta de casa, que você pode não se acostumar com a comida, que a família vai te fazer passar raiva, as crianças vão dar trabalho, mas ninguém nunca te fala sobre sua mãe, que vai te ligar vários dias chorando e dizendo que está sentindo sua falta, mas que ao mesmo tempo está muito feliz porque a  filha tão amada dela finalmente realizou seu sonho. Essa sim é uma cicatriz que dói e me faz chorar muitas e muitas vezes.

Mas, apesar de tudo o que já aconteceu, de tudo que ainda está acontecendo e de todas as cicatrizes que ainda me restaram eu fico muito feliz pelo meu amadurecimento, não vou desistir dessa experiência de maneira alguma! Por mais que seja uma dura e desafiadora experiência ela é maravilhosa e te faz ver o mundo com outros olhos. 

Portanto, se você chegou agora, ainda está vindo, não desista! A realidade vai estar ao seu lado por um bom tempo, mas posso te garantir que quando passam "os benditos 3 meses" você já está se sentindo bem melhor e bem mais preparada para lidar com toda essa bagunça de cabeça erguida!!

Um beijão e espero que vocês gostem das minhas postagens!


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Thaís Didier

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