Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

15 julho 2019

Como a gente vive com o salário de Au Pair na Holanda?


340 euros! Este é o pocket money (em português, mesada) que nós Au Pairs recebemos mensalmente aqui nos Países Baixos, vulgo Holanda. E é realmente isso, uma mesada, principalmente se tivermos em mente que o salário mínimo no país é um dos maiores da Europa, cerca de €1.580,00/mês (fonte Eurostat).

E não, não adianta fazer conta e converter €340,00 x 4,80 = R$1.632,00 e dizer que isso não é nada mal, pois afinal são quase dois salários mínimos no Brasil. Vendo por essa perspectiva seria ótimo, porém não enviamos esse dinheiro para lá (salvo exceções). Nós recebemos em euro e pagamos nossas contas em euro, certo?

O que nos salva, é que pelas regras do programa, a família com quem vivemos aqui é responsável por prover-nos além de salário, também hospedagem, alimentação, meio de transporte (que em 99% dos casos é bicicleta e aquele 1% restante pode ser carro ou uma scooter por ex.), plano mensal de celular com internet, seguro-saúde obrigatório, e um curso no valor total de €300,00 (geralmente de idiomas). Então se colocarmos bem na pontinha do lápis, e compararmos nossa mesada + benefícios com uma pessoa que ganhe o salário mínimo e precisa tirar do próprio bolso todas essas despesas, no fim “dá elas por elas”, o que de longe não é nada ruim! Porém, entretanto, contudo e todavia, assim como uma pessoa que recebe um salário mínimo, nossos recursos também são limitados – o que transforma nossa vida num mix de “putz, esse mês não dá” com “quem sabe no mês que vem”.

E claro, somos responsáveis por despesas de transporte (trem, ônibus e afins), alimentação (quando algo diferente das compras da casa), higiene, vestuário e qualquer outra despesa pessoal.
Roupa de marca? Nunca nem vi! Aqui a gente espera a queima de estoque no fim de cada estação para comprar aquela blusinha que antes era €20 e agora é €2,99. Ou então vamos aos bazares de roupas usadas, que por sinal no último eu fiz a feira! Quando saímos, levamos sempre (tá bom, quase sempre) sanduíches na bolsa para só gastar com a cerveja. Ou levamos a garrafinha de água para só gastarmos com a comida. Esperamos para pegar o trem no horário com desconto e andamos a pé para economizar o busão quando a caminhada for de até meia hora, rs  .

Estamos sempre ligadas em promoções e minha carteira cheia de cartões-fidelidade de lojas e supermercados, assim acumulamos pontos e trocamos por produtos. E os grupos de whatsapp bombam com mensagens do tipo “tem promoção de shampoo na Kruidvat, 2 por 1” ou “alguém sabe onde encontro X produto mais barato?” e ainda “o restaurante X tá com vouncher no Groupon!”. Precisamos sempre fazer escolhas, sacrificando algo que queremos muito, por algo que queremos (ou precisamos) ainda mais.

Confesso que nunca fui muito organizada com as minhas finanças no Brasil, porém aqui estou felizmente e obrigatoriamente (mas não facilmente) aprendendo. E não digo isso em tom de soberba não. Falo como quem aprendeu a valorizar o que realmente deve ser valorizado. Também não estou dizendo que agora vou entrar para o grupo dos minimalistas (nada contra!). Mas se pararmos para pensar, estes são hábitos que todos deveríamos ter. Inclusive os holandeses têm (ou a maioria deles)! A fama de holandês ser “mão de vaca” não veio a toa, mesmo para os que são considerados ricos.

Com muito sacrifício e umas doses de paranauês a gente dá um jeitinho – e vive feliz.
E de tantos aprendizados que estou tendo durante esse intercambio, com certeza adquirir estes hábitos é um dos mais importantes.
Detalhes, hábitos vividos hoje com os quais quero me lembrar em situações futuras (e mais favoráveis, espero).

E você, acha que conseguiria adaptar-se a essa realidade? Acha que é possível adotar esses hábitos também no Brasil ou somente no exterior eles funcionam?

Um beijo, com carinho.
Dai 
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Daiani Tobaldini

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