Esse é meu último post para o blog e, como seu sou do
contra, deixei para me apresentar e contar a minha história só agora.
Eu sou de São Paulo e aos 23 anos, tinha terminado um
relacionamento de três anos e estava super heart broken. A ideia de morar
fora sempre foi um dos meus maiores sonhos e eu já tinha a ideia de ser Au
Pair desde os meus 19.
De começo, pensei nos USA, que era mais popular.
Mas eu não dirijo e não tinha vontade de aprender (e
ainda não tenho hahaha).
Daí,me apareceu a Holanda que tinha zero exigências de
carteira de motorista. E a ideia de viajar pela Europa me encheu os olhos.
Pronto, seria a terra dos moinhos!
Eu não tinha experiência com crianças. Eu sempre
ajudei minha mãe com as minhas duas irmãs mais novas e de vez em quando
olhava meus priminhos. Mas era isso e pra falar bem a verdade, eu não
sabia muito bem se iria gostar de cuidar de crianças. Paciência nunca foi
o meu forte hahahaha.
Depois de toda a triagem com a agência, fui aprovada e
meu perfil estava online para as famílias. Conversei com uma potencial
host family que acabou não me escolhendo. Fiquei devastada.
Depois disso, conversei com uma família que buscava
a primeira Au Pair deles.
Deu MATCH!
Isso aconteceu em julho, 2016 e eu só embarquei em
outubro (porque a família estava num processo de mudar de casa e etc).
Eu lembro muito bem dessa sensação entre preparar o
visto, as malas, todas as despedidas, a ansiedade de realmente sair da
minha zona de conforto. Eu juro que eu lembro mesmo de tudo o que eu senti
desde o embarque, até encontrar a minha host no aeroporto, o caminho no
carro, a chegada na casa e a felicidade de ver tanta coisa nova pela primeira
vez. Com certeza, será uma memória pra vida toda.
Eu tinha uma host family MARAVILHOSA na Holanda. Meus hosts eram extremamente educados, gentis
e sempre me incluíram em tudo o que eles faziam sem tirar a minha
privacidade. Eu cuidava de três meninos (que não falavam NADA de inglês) e
que tinham muita, mas muita energia pra gastar. Eu me apaixonei por eles
e me diverti muito com as nossas brincadeiras improvisadas.
Claro que a convivência bate, claro que tem horas que
você só quer sumir ou ter uma casa só pra você, claro que terão momentos
de homesick.
Mas, posto na balança, os lados negativos foram muito
pequenos perto de tudo de maravilhoso que aconteceu durante meu
intercâmbio.
Eu decidi ser Au Pair porque sabia que em um ano, eu
voltaria pra casa e retomaria a minha vida. Era só um gap year mesmo.
Não demorou mais de três meses para eu desfazer toda
essa ideia e colocar uma nova na minha cabeça: quero morar na Europa.
E foi mais ou menos nessa época que eu também conheci
meu namorado (holandês).
Quando meu ano de Au Pair estava chegando quase na
reta final, eu comecei a traçar planos de como eu continuaria na Europa.
Eu iniciei uma busca sem fim e, por sorte (leia-se privilégio), eu
descobri que poderia aplicar para o reconhecimento da minha cidadania italiana.
Eu pesquisei MUITO. Fiz tudo sozinha do começo ao fim.
Tudo pronto, eu seria Au Pair (de novo!), dessa vez na Bélgica. A ideia era aplicar para a minha cidadania no consulado italiano de Bruxelas, já que como residente legal no país (devido ao visto de Au Pair), eu teria o direito de usar esse tipo de serviço consular.
Importante dizer aqui que isso valeu unicamente para a
Bélgica. Não são todos os consulados italianos (de outros países), que
aceitam o visto de Au Pair para que você comece seu processo de cidadania
italiana.
Meu ano de Au Pair em Breukelen (cidadezinha da minha
querida Host Family) acabou, eu voltei para o Brasil por vinte dias. Foi
incrível ver minha família de novo depois de um ano.
Foi um período muito intenso pra mim, com várias
despedidas e mudanças.
De São Paulo, fui direto para Bruxelas.
Meu ano de Au Pair na Bélgica foi bem mais difícil,
com direito a um rematch tenso e tudo mais. A minha segunda host family na Bélgica (pós-rematch) era maravilhosa, mas mesmo assim eu continuava desanimada
com quase tudo. Eu estava no meu limite e sentia muita falta da Holanda.
Mesmo assim, continuei firme no meu objetivo da cidadania.
Quando a minha cidadania italiana foi finalmente
reconhecida, eu chorei de tanta felicidade!
Sem dúvida, foi a maior das conquistas. Mesmo tendo
sido MUITO difícil, mesmo com várias pessoas dizendo que não daria certo,
que era loucura e perda de tempo.
Depois disso, eu ainda continuei como Au Pair para a
minha host Family em Bruxelas, porque eu não achava justo com eles ir
embora antes do meu contrato acabar. Eles eram também uma host family
super querida e as kids são as crianças mais especiais do mundo! Não os
culpo
pelo fato do meu ano na Bélgica ter sido meio amargo.
Era eu quem já estava mesmo cansada de tudo e todos, hahahaha.
Em janeiro de 2019, meu contrato na Bélgica acabou.
Foi mais uma despedida pra conta. Me mudei para Amsterdam, arrumei um
emprego na minha área e essa é a minha vida agora.
Longa história que começou lá em Breuekelen - Holanda,
em 2016 e que eu jamais imaginaria que agora eu estaria trabalhando num
escritório na Holanda, europeia e NOIVA!
A vida de Au pair NÃO É FACIL e também não é pra
qualquer um. Morar com uma família que você nunca viu,com hábitos
totalmente diferentes, com um outro idioma e você ainda vai morar e
trabalhar no mesmo lugar? Loucura total.
Mas, sou absurdamente grata por essa fase da minha
vida. Foi o começo de tudo e o pilar da realização de (quase) todos os
meus sonhos.
Espero que tenham gostado e se inspirado na minha
história, nem que seja só um pouquinho. O Au pair pode (e vai!) mudar a sua
vida também.
Foi uma delícia escrever por aqui nos últimos meses!
Um beijo já com sintomas de saudade hahahaha.
Letícia
Nogueira.
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