Meu primeiro ano de intercâmbio foi em Boston. Eu acredito que muitos de vocês já devem ter ouvido aquela frase "você vai sentir o feeling quando encontrar a família certa pra você!" Pasmem! É real! Fechei meu match com a minha primeira família no perfil. Meu coração dizia que era a escolha certa. E foi! Tive um ano incrível e aproveitei cada segundo dele. Quase no fim do meu ano a tão temida extensão começou a fazer parte de mim. Pra quem não sabe, depois de um ano de programa podemos voltar para nosso país de origem ou estender nossa estadia nos Estados Unidos por mais 6, 9 OU 12 meses.
Era a minha vez de tomar essa decisão e eu já sabia que iria estender, mas como eu tive uma experiência maravilhosa com a minha família eu confesso que o medo de trocar de casa bateu bem forte dentro de mim. E agora?! Arriscar ou não? Meu coração disse sim e como sempre, lá fui eu. Estendi por 9 meses apenas - hoje se eu pudesse escolher novamente teria optado por 12 - e processo de estar online e esperar alguém te escolher começou.
Para a minha sorte tive um fluxo muito bom de famílias... Mas teve uma que na hora que li o perfil eu já tinha certeza que seria a minha escolha (olha lá meu coração falando de novo). Dizem que intuição não falha, né?! Nunca. Depois de declinar várias conexões me deparei com essa família que eu digo para quem me perguntar: que sorte a minha! Foi uma espécie de "amor à primeira vista" sabe?! Era uma família da Califórnia - o que encheu ainda mais meus olhos - e para completar: recebi uma mensagem em um dia super aleatório da mãe das kids me convidando para tomar um vinho. She got me! HAHAHA Conheci a mãe pessoalmente e foi o que eu precisava para confirmar a certeza que já tinha. Foi uma das melhores noites que já tive durante meu programa. Sabe a sensação de estar em casa?! Foi isso que senti.
Poucos dias depois tivemos nosso match e com uma dor gigantesca no coração de deixar minha família em Boston, me mudei para a Califórnia. Mal sabia eu que estava prestes a viver o melhor ano da minha vida! Com um mês nessa nova casa eu já tinha uma sensação de pertencimento. Ser quem você realmente é, se sentir parte, amar e ser amada, ser ouvida, ouvir.. Tudo se encaixou tão perfeitamente que eu ainda me pergunto como isso aconteceu. Quem é au pair sabe: fechar match é um tiro no escuro. Coração dividido...
O tempo foi passando e as relações foram ficando cada vez estreitas entre todos os membros dessa nova família: mãe, pai, avós, tios, tias, primos... Naturalmente a vida passou a ser mais leve e isso fez eu me apaixonar ainda mais por estar ali, com eles e poder ser tão feliz mesmo longe de casa. Quem me acompanhou nesses anos morando fora sabe o quão em casa eu me sentia. "Ah Letícia, mas então você está dizendo que a sua segunda família é melhor que a primeira?" NÃO! Como toda família cada uma tem um estilo de vida diferente, rotinas diferentes, pessoas com personalidades diferentes... "Então você prefere a sua segunda família?" NÃO também! Eu sempre fui muito amada e respeitada pelas duas, me tornei membro familiar das duas, mas existe uma coisa que eu amo chamada "conexões mentais" e acredito que foi isso que aconteceu comigo. Não existe comparação!
Fui parar em uma família onde eu "os completava" da maneira que eles precisavam e eles me "completaram" da maneira que eu precisava. E quando eu uso o termo completar, não digo pelo trabalho que eu exercia apenas.. era afeto, cumplicidade, amizade, confiança, amor. Nós erámos/somos um time! Era o lugar certo, na hora certa com as pessoas certas.
Mas o que você quer dizer com encontrar o seu lugar no mundo?! É fácil! Pensa na situação de você acordando num domingo de manhã, descabelada, pijama, pegar um café na cozinha e deitar no sofá pra ver qualquer coisa que esteja passando na tv com a sua família até o horário do almoço sem se preocupar em "estar vestindo algo decente"? Sabe aquele dia que você tem um dia ruim e ao chegar em casa sempre ter alguém pra perguntar como foi o seu dia e te abraçar? Ou aquele dia que algo muito bom aconteceu e você tem alguém para celebrar a felicidade com você?! Melhor ainda: o fim do dia ruim onde todo mundo senta no backyard para tomar um vinho, ver o pôr do sol, rir e tá tudo bem se você exagerar um pouco na dose?! É isso! E é por isso que eu uso muito a frase "Home is not a place. It's a feeling!" ("Casa não é um lugar. É um sentimento!")
Tenho certeza que muitas outras pessoas também encontraram uma nova casa/família depois de morar fora. E esse sentimento é algo que eu jamais conseguirei colocar totalmente em palavras... O meu conselho é: sempre que seu coração apontar em uma direção, siga-o. Eu sempre confiei na minha intuição, mas eu não imaginava que ela era tão boa assim!
Que tal arriscar um pouquinho mais e ver o que a vida pode te presentear?!
Um beijo e um XÊRU no cangote!
Uau que incrivel. Eh um alivio pro nosso coracao qnd a gente se "encaixa" ne? Amei o post de hoje!!!
ResponderExcluirEu acredito que o match perfeito é o desejo de todx au pair, né?! Sou muito grata pelas famílias que "me escolheram" e fizeram dessa minha experiência algo único e inesquecível!
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