Me lembro como se fosse hoje a agente de intercâmbio da minha cidade, Taubaté-SP, dizendo que o intercâmbio que eu estava prestes a fechar seria uma das melhores experiências de toda a minha vida. De fato, um ano e três meses longe de casa vivendo algo completamente novo e fora da minha zona de conforto, tem sido uma experiência e tanto.
Durante um Picnic muito gostoso na semana passada, uma pessoa compartilhou comigo que uma amiga dela do Brasil tem muita vontade de ser Au Pair aqui nos Estados Unidos. Porém, ela está um tanto desanimada porque a maioria dos relatos que ela tem visto nos grupões do Facebook são muito negativos e, principalmente com a quarentena, a maioria dos posts são carregados de experiências ruins com Host Families abusivas e etc. Me peguei pensando sobre minha própria experiência. Se uma pessoa me perguntasse se eu recomendaria o programa de Au Pair, o que eu diria?
Pois bem, disse aquela pessoa que cada uma de nós tem uma vivência muito pessoal e que não deveríamos basear a nossa vida em coisas negativas - e, neste ponto aqui, eu quero que você que esta lendo isso entenda que de forma alguma estou querendo invalidar relatos negativos de pessoas que não estão tendo boas experiências ou, simplesmente, por uma infelicidade deram match com uma HF nada legal.
Essa conversa rendeu vários pensamentos sobre o que uma quarentena poderia nos causar. Jamais imaginaríamos ter que ficar meses trancados com uma família que não é a nossa, em um outro país, ver sonhos e planos programados sendo cancelados.
Minha mãe viria para cá em abril. Ela já estava com passagem em mãos, malas quase prontas e presentes comprados. Eu já havia reservado Airbnb e feito planos para nós duas em NY City. Minha host family, em Connecticut, havia me dado uma semana off e disse que se eu precisasse de mais dias eu poderia falar com eles. Tudo parecia perfeito! Mas não, nada saiu como planejado.
Isso tudo com certeza abala o nosso psicológico. Ver o nosso intercâmbio e planos indo embora pelos vãos dos dedos é bem frustrante. Quantas de nos deve ter se perguntado: foi para isso que eu vim?
Em conversa com uma amiga minha muito próxima, que também é psicologa lá em Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo, me fez pensar sobre o quanto a nossa vida como intercambista é mutável, principalmente nesta época em que não sabemos quando nossos familiares poderão vir ou mesmo nós estaremos aptos a fazer uma visita e matar a saudade. "O distanciamento afetivo familiar já causa uma ansiedade, mas quando colocado esse distanciamento sem uma perspectiva de rever a família, isso se torna mais difícil ainda", disse Beatriz Lobo, que também planejava vir pra cá e me fazer uma visita. Porém, com as fronteiras fechadas para brasileiros até o final deste ano, teve que mudar os planos.
De fato, ser Au Pair é viver em uma montanha russa de sentimentos! Sempre temos altos e baixos. E somente quem viveu ou vive essa realidade, conseguirá entender plenamente. No entanto, não me arrependo em nenhum minuto de ter escolhido viver essa experiência. Aquela agente de viagens não estava errada. Mesmo em meio a essa pandemia toda, ansiosa, por vezes até frustrada, sei que o que estou vivendo é um processo e sairei disso muito melhor do que entrei. Afinal, não é só sobre cuidar de crianças, mas se descobrir, ver que você pode ir muito mais longe do que imaginou.
Talvez você que esteja lendo hoje este texto esteja se sentindo angustiada por ver tanta coisa que planejou e sonhou, saindo completamente diferente da forma que imaginou. Calma, você não está sozinha. Vamos fazer deste blog uma rede de apoio? Se você precisar de ajuda, não hesite em procurar por isso. Não é tabu, não é feio pedir ajuda.
Logo no começo da pandemia, me apeguei a um versículo que está em Provérbios 16:1, que diz: "As pessoas podem fazer seus planos, porém é o Senhor Deus quem dá a última palavra." (NTLH). Mesmo conhecendo essa passagem, naquele momento fez todo o sentido e acalmou o meu coração. Afinal, eu creio piamente que há propósito em tudo e que o que Deus tem para nós é perfeito, agradável e muito melhor do que pensamos.
Quanto à viagem da minha mãe, seguimos esperando e confiantes de que até o meu intercâmbio acabar teremos a oportunidade de desbravar esse país juntas. Espero voltar aqui e contar tudo tim-tim por tim-tim.
Vivian, eu amo ler os seus posts... Ameiii tudinho e estou torcendo para que sua mãe consiga vir... Boa sorte!!!
ResponderExcluireu gosto muito dos seus tambem <3
Excluirobrigadaaaa!!!
Vivian, eu amo ler os seus posts... Ameiii tudinho e estou torcendo para que sua mãe consiga vir... Boa sorte!!!
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