Quando eu fui convidada a voltar para "O blog das 30 au pairs", o principal motivo que me fez dizer sim foi dividir momentos da minha experiência esperando que as minhas reflexões pudessem ser de alguma ajuda (mas não a voz da razão), principalmente para as meninas que estão no começo. O processo todo é chato, demorado e cheio de esperas e expectativas, mas é tambem o momento crucial para (ao menos) a tentativa de um bom começo baseado numa escolha racional e lógica do que vai te trazer satisfação. Acredito que muitas namoraram com a idéia por um bom tempo até bater o martelo (foi assim comigo!), mas depois que a gente decide e fecha com agência, parece que o tempo está se esgotando e precisamos embarcar o quanto antes ou o mundo acaba. Infelizmente, a paciência que não tivemos para esperar pela família que daria aquele "clique" com a gente, é a paciência que vamos ter que criar para lidar com a família escolhida às pressas e que nem sempre é o melhor pra gente.
Há alguns anos atrás, a decisão de se tornar au pair era muito mais um tiro no escuro do que é hoje. Antes você contava com os poucos (e muito bons!) blogs de au pairs, a maioria de meninas que já estavam lá (ou cá, nos EUA), até porque nao existia isso de pedir ajuda com app, com video ou com opiniões sobre a host family que estava em contato. Os blogs eram muito mais diários pessoais cheios de empolgação por finalmente conseguir fazer aquela road trip ou ir ver um tão sonhado show. Pra quem queria ser au pair naquela época, ou se googlava o máximo possível, ou vinha no escuro com pouquíssimas informações e descobria o resto aqui, penando e aprendendo.
Claro que tinha o grupo no Orkut, mas as meninas que batiam ponto por lá tiveram que trilhar seu próprio caminho sem ninguém segurando na mãozinha e era meio que sabido que ninguém ia facilitar pra novata, afinal pra quem está querendo mudar pra um país estranho viver na casa dos outros, a hora de começar a saber se virar e ver se isso é pra você é nos primeiros passos.
Mas os tempos são outros, não quero bancar a nostálgica e dizer que antes era melhor ou que agora está mais fácil. A vida de au pair continua a mesma, viver com host family é um desafio para todas, aguentar os filhos mimados dos outros por nove horas ao dia ainda deixa a gente louca e, para muitas, viagens, shows e mesmo jantares no fim de semana com as amigas recém conquistadas ainda é um pontos altos dessa aventura toda. Mas hoje temos muito mais ferramentas: os blogs se multiplicaram e até menina que só planeja vir daqui dois anos divide suas ansiedades com as demais, os foruns do facebook também e até mesmo este blog compila histórias de quem veio, está aqui, ja veio e voltou pro Brasil e quem ainda está por vir. Com tanta informação à disposição, ficamos sabendo de mil coisas e facilmente fazemos amizades à distãncia por dividirmos o mesmo desejo, muitas de nós começam a "viver para isso" e ler e reler histórias de au pairs o dia inteiro, no entanto algumas vezes tanta "informação" pode se tornar um tanto nociva à quem ainda está no começo e um tanto perdida.
Muitas vezes esquecemos de que o que é bom pra mim, pode não ser pra minha vizinha e o que me irrita loucamente, pode ser completamente aceitável pra au pair da outra rua. Cansei (e sei que vocês também!) de ver menina comparando características da própria host family com as das amigas e no fim as julgando boas, más, egoístas, mesquinhas, generosas, entre alguns outros nomes impronunciáveis neste recinto. Acho ok voce pensar o que for da sua host family, mas comparar é sempre um risco muito grande porque você não é a sua amiga, a HF dela não é a sua e você não tem a mesma relação que eles têm. O que eu estou relatando parece bobo e infantil, até óbvio, mas já vi muita menina pedindo rematch por isso. Já tive amigas que não comparavam, mas eram simplesmente cegas à tudo de bom que a HF fazia - porque ser generoso era obrigação -, mas reclamavam de cada falha que eles cometiam com elas - embora elas nem de longe fossem au pairs exemplares.
Outra coisa que, na minha opinião, vem sido percebida de maneira errada são os benefícios dados a au pair. Carro, celular, banheiro privado, cartão de crédito, gas (para uso pessoal), fim de semana off, essas coisas são sim privilégios e a HF não é obrigada a proporcionar nada disso. Claro que é bom ter esses luxos, mas sao coisas "extra" e tem muita gente esquecendo disso. Não ter alguns dos itens citados acima não significa ter um ano miserável aqui.
Sim, muita gente prefere ter um banheiro só seu, mas dependendo da situação você pode acabar se dando bem e dividindo banheiro, mas ganhando uma família que te respeita e quer bem. Isso não vem no papel ou no contrato que eles assim, o modo que eles te tratam - como empregada ou como filha mais velha - você só vai saber convivendo, não tem química ou Skype que revele.
Às vezes você vem tendo que dividir o carro e vai ouvir muitos conselhos pra não fechar com a família porque eles estão te negando algo "imprescindível", daí você chega e eles acabam mesmo vendo o seu lado, priorizando seus interesses e até entendendo a sua situação e comprando um carrinho barato pra você. Ou eles não fazem nada disso e você aprende a se virar, arruma amigas e divide o gas, vai de bicicleta e se orgulha de fazer tudo isso sem precisar chorar miséria na sua página no Facebook.
São tantas formas diferentes que estas situações podem se desenrolar e você só vai saber quando chegar aqui. Claro, pesquise, google, ache meninas da cidade para onde você vai, cheque coisas óbvias e necessidades básicas que você terá (algumas vezes, carro é uma delas), mas não se deixe levar apenas pelas opiniões alheias. Conselho é bom, mas tenha certeza de que você está fazendo questão de coisas que são importantes para você. Generalizações de como "americano é isso e aquilo" e "HF sempre te trata assim" também devem ser ignoradas, afinal de contas somos todos seres humanos singulares e até aquela HF que todo mundo te disse pra tomar cuidado, pode ser o match perfeito pra você.
Foi assim comigo, inclusive. A antiga au pair saiu fugida no meio da noite, eu fui de rematch pra família e nem escolhi, fui direto. Sempre recebia ligações de pessoas ligadas à antiga au pair e quando eles sabiam que ela se foi, me mandavam fugir tambem porque minha HF era louca, a host era uma b****h e no fim eu tive os melhores dois anos com que pude sonhar. Quer dizer, tudo depende. Se eu tivesse dado ouvidos o que me disseram deles, eu até poderia ter tido um ano bom, mas eu não saberia o que é ser respeitada, ouvida e amar e ser amada pelos dois americaninhos mais lindos dessa América. É aquela história, a grama é sempre mais verde no quintal do vizinho, mas depois dessa constatação só te restam duas opções: ou você se amargura com o fato ou você aproveita que tem um quintal e aproveita cada centímetro dele. Mesma coisa com seu ano de au pair.
Esse post é perfeito!
ResponderExcluirEu só acrescentaria uma coisa...
Eu acho que também não se deve deixar levar por opiniões de familiares! A maioria das meninas divide com os familiares o andamento das conversas com as families, e os familiares tem tendência a dar palpite.
Eu estou passando por essa situação nesse momento. Tem uma family judia no meu app, e eles são suuuuuper simpáticos e muito legais. Quando eles entraram no meu app fiquei apreensiva, porque eu sei que eles tem uma religião que tem costumes fortes que eles seguem com fervor, e que são bem diferentes dos meus(católicos). Eu estava com medo de fazer skype com eles, inclusive fiquei horas pensando em que blusa vestir, porque eles se vestem de forma conservadora e eu não queria ser desrespeitosa. Revirei meu guarda roupa pra achar uma blusa que não mostrasse muito o colo, mas que tb não fosse uma cacharrel da vovó rsrs. Enfim, quando fiz o skype com eles foi muito surpreendente e super legal, quando atendi a chamada e eles me viram abriram um puta sorriso pra mim e foram indescritivelmente simpáticos, a conversa foi o máximo! Aquela opnião pré formada que eu tinha que eu daria de cara com pessoas super rígidas foi por aguá abaixo, dei de cara com pessoas absolutamente "normais", e que tem uma vida normal como a de qualquer família. Até me senti mal por isso depois, por formar uma opinião sobre pessoas que eu nem conhecia ainda.
Fizemos esse skype 2 dias atrás e agora estamos em fase de "paquera", conversamos bastante e estamos trocando emails pra continuar a nos "conhecer melhor". Eles são de longe a melhor família das 3 que já passaram pelo meu app, e se eles quizerem o match comigo eu super quero, alias não vejo a hora de ter outro skype com eles!
Citei isso porque quando eu comentei com um familiar meu que tinha uma família judia no meu app a pessoa surtou! Disse que judeu era um tanto racista, que eles me tratariam mal, que me deixariam passando fome e que me escravizariam. Meu parente que disse isso nao é má pessoa e nem tem preconceito contra judeus, mas não tem muito estudo e a falta de conhecimento muitas vezes leva a ignorância. Conversei com a pessoa e disse o quanto a família é legal, e no fim a pessoa até se sentiu mal por ter uma opinão tão dura sobre algo que nem sequer conhece. Fiquei pensando que se eu tivesse me deixado levar por opniões alheias, talvez ia perder de conversar com uma ótima familia!
Então fica a dica meninas, não se deixem mesmo levar por opiniões alheias, orientem-se por suas próprias conclusões! A sua grande arma pra formar opinião sobre a família é a conversa que você tem com ela, e como disse o post, ainda assim isso não é garantia de que a família realmente seja daquele jeito. Então, no fim das contas, opinião alheia realmente não vale de nada!
Beijos e boa sorte para todas nós! =*
Adorei o post, e o comentário acima! De fato é algo a se pensar. Cada pessoa é diferente, logo, cada situação, por mais parecida que ela seja com uma passada é diferente por estar envolvendo seres totalmente diferentes. É claro que estas situações causam uma certa apreensão mas faz parte. Obrigada pelo post :D
ResponderExcluirAmei o post Belle, resume bem o que a gente vê todos os dias em grupos de facebook. Que todas as iniciantes leiam seu post e parem com o fb kk
ResponderExcluirBelle!
ResponderExcluirQue post precioso!
Eu respondo muuuuitas meninas na página do blog que sempre mandam "to falando com uma família assim assim assado, o que vocês acham" e mesmo comentando o geral que sempre ouvi sobre o que elas perguntam digo que o importante MESMO é elas se sentirem a vontade e confortáveis com a escolha, sem se importar com o que supostamente deveria ser "a host family perfeita"!
Não existe host family perfeita e muito menos au pair perfeita! O importante é conseguir combinar as "imperfeições" e desse modo viver um excelente ano!
Gostei demais do post! De verdade!
<3
Dicas valiosíssimas! Belo post mesmo!
ResponderExcluirE realmente cada um é cada um. O que é bom pra ela pode não ser tão bom assim pra mim e por aí vai... Antes de eu me aventurar como au pair por aí eu li algumas coisas pela internet, mas não me empolguei demais não. Resolvi que eu descobriria tudo quando chegasse a casa da família e começasse a conviver com eles. Contei para a minha família e amigos do Brasil apenas dois meses antes de embarcar, quando eu já estava com tudo encaminhado apenas esperando o meu passaporte com o visto voltar do consulado. Antes disso apenas pai, mãe, irmã e uma avó sabiam. Ninguém mais, justamente pra não virar aquele falatório todo, pois eu seria a primeira da família a fazer algo assim. Eu não fui por agência e a família foi me "dada" por uma ex au pair que me disse que tudo seria maravilhoso, pois eles eram pessoas fantásticas. No fim, deu tudo certo, a família era sim muito boa (eu tinha respeito, compreensão e uma flexibilidade absurda no "trabalho") mas mesmo assim minha relação com eles não foi a das melhores (como a antiga au pair deles diria que seria). A minha ideia era aprender o alemão, morar um tempo fora de casa e ver o Fantasma da Ópera em Londres; o que viesse a mais seria lucro.
Depende de cada uma em o ano ser bom, ou não. Nas primeiras duas semanas eu não parava de chorar, e qualquer avião que passasse no céu me deixava com vontade de estar lá dentro dele voltando para casa. Então num belo dia eu resolvi dar tempo para as coisas se ajeitarem e darem certo, afinal eu sabia que não seria fácil e sempre foi algo que eu quis. E se eu quisesse algo que eu nunca tive, eu teria que fazer algo que nunca fiz. Passei um ano na Alemanha e não me arrependo de nada. Estaria arrependida se tivesse resolvido voltar antes.
;D