Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

28 novembro 2018

O glamour e os problemas da fama

Acho que toda au pair já pensou como deve ser cuidar de filhos de gente famosa. Já pensou ser a babá do futuro rei da Inglaterra, o fofinho do George? Ou sei lá, dos filhos da Shakira? Se você nunca pensou, bem, eu sempre pensei. E na minha última experiência como au pair, pude viver um pouco essa realidade:

Conheci a família M através do site Au Pair World. O pai e a mãe eram cantores de ópera: ele um dos mais conhecidos atualmente, o tenor principal de várias produções no Scala de Milão (que é tipo o Maracanã da ópera), já cantou pra alguns presidentes, no MET em Nova York e é elogiadíssimo pelo Andrea Bocelli. A mãe não está entre as cantoras da linha de frente como ele, mas até cantou na missa de Páscoa do Papa no ano passado, por exemplo.

No ensaio da Opera Wally
Quando me convidaram como au pair das crianças, eu estava ciente que a rotina seria mais pesada em certos períodos, quando eles estivessem ensaiando ou em apresentações, por exemplo. Mas como eles toparam registrar minha residência e me ajudar com o processo de cidadania italiana (podemos falar disso em outro post!), eu aceitei a proposta, também por curiosidade de conhecer mais daquele mundo.

Antes, os meus conhecimentos sobre ópera não iam muito além de Pavarotti e funiculifunicula, e quanto a isso, pude aprender muito: assisti a alguns ensaios, apresentações e coletivas de imprensa (mas claro que quando eles trabalhavam, eu normalmente trabalhava), e também tinha o privilégio de ouvi-los ensaiando em casa. 

No fim, posso dizer que a ópera não me conquistou. Não é meu estilo de música ou minha forma de entretenimento, mas vi que é realmente um enorme desafio cantar da forma que eles cantam, e acho que entendi o conceito desse tipo de música: superar os limites da própria voz.

O pai viajava muito e penso que no total, não ficou em casa em dois terços do tempo que eu passei lá (9 meses). A mãe também fez duas viagens longas, com mais de três semanas fora de casa. Mais que difícil pra mim, via como as crianças sofriam e mudavam de comportamento quando ficavam muito tempo longe dos pais. Elas ficavam muito mais carentes, desobedientes e manhosas. Os avós ajudavam bastante, mas a rotina de levar e buscar na escola, fazer os deveres e colocar na cama normalmente ficava comigo.

A vida social deles era também muito agitada. Tinha sempre gente em casa, geralmente personalidades da ópera, música ou do teatro italiano. Muitos personagens estranhos, interessantes e engraçados. Certa vez, enquanto passava as roupas das crianças, um senhor ator no auge dos seus 60 anos, sabendo que eu era brasileira, entrou no quarto fez a performance inteira de um general português que uma vez havia encenado em Lisboa. Eu fiquei sem ação, sem saber se podia rir, só bati palmas no final, enquanto ele se retirou marchando.

A rotina em famílias desse tipo é bem mais intensa. Várias vezes eles recebiam propostas de trabalho ou convites imperdíveis para eventos de última hora, e eu precisava ser flexível. Discutimos algumas vezes também, porque eles descuidavam dos horários das crianças (e deixavam ela irem pra cama tarde demais), ou porque eles se esqueciam de me avisar sobre algum evento com mais antecedência. Muitas vezes me sentia como a única adulta responsável em casa, e infelizmente, via que as viagens e a vida social frenética do casal, não ajudava a fortalecer a intimidade com os filhos ou que as crianças tinham dificuldade em lidar com tantos adultos e referências diferentes de educação e limites.


Prontos para assistir o "Elisir do Amor"
Apesar de não considerar essa experiência um bom exemplo de propaganda para o programa de au pair ou de não recomendar este estilo de  família a vocês, sem dúvidas aprendi muito com ela e mesmo se voltasse atrás, não teria mudado os meus planos. Com esta família, além de conseguir a minha cidadania, viver uma vida louca e conhecer meu atual namorado, também saí uma pessoa mais fortalecida e com novas ideias sobre como criar e educar meus filhos. 

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Ana Paula Souza

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