Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

27 outubro 2020

As mudanças na minha vida durante o Au Pair.


Quando eu vim para os Estados Unidos eu achei que aprenderia inglês, faria novos amigos, experimentaria comidas diferentes, faria coisas loucas e isso seria o que de melhor eu teria aprendido, bom, eu realmente aproveitei todas essas coisas, mas algumas outras lições foram mais importantes, pelo menos para mim.

Todas as au pairs tem uma bagagem muito diferente antes de vir para outro país. Eu faço parte do grupo de garotas que veio do interior, morei 2 anos em BH antes de vir para cá, mas ainda era a menina do interior. Mas não a menina do interior mais vivida, a mais boba mesmo.

Uma das coisas que aprendi foi na área das "paixonites". Eu me machuquei umas vezes nesse país. Não entendam mal, eu não queria casar para conseguir um "greencard", eu queria alguém, eu me senti sozinha, carente e acabei aceitando umas coisas que eu não devia, que não cabiam na minha vida. Algumas amigas minhas encontraram seus principes aqui, eu não, mas estou feliz com isso. 

Ah Fran, o que você aprendeu com isso? Bom, aprendi a me levantar, sacudir a poeira e seguir adiante. Também aprendi a nunca me diminuir ou mudar minha forma para caber na vida de alguém. Aprendi a não me colocar em situações abusivas, a não ser ruim comigo mesma e que ninguém morre por quebrar a cara algumas vezes. 

Mas, essa não foi a coisa mais importante que aprendi. Minha host family me ensinou muito, na verdade, meus host parents me ensinaram muito. 

Meus fofos se conheceram há mais de 20 anos. Ele tinha acabado de resolver mudar a vida toda, ela sofrendo pressão da família tradicional Indiana por ter quase 30 anos e não ser casada. Meus fofos se conheceram em um encontro as cegas, onde um amigo em comum deles os convenceram a se encontrar. Ela se atrasou 2 horas para o primeiro encontro, até hoje não acredito que ele esperou hahahahah, depois da primeira vez que se viram na vida ficaram noivos com menos de 6 meses, se casaram pouco tempo depois e estão juntos até hoje. Não são muito parecidos. Ele um cara simples demais, ela quer tudo do melhor, mas é muito visivel o carinho, cuidado e companheirismo que eles tem um pelo outro, e, talvez, os conhecer tenha mudado minha vida.

Por que você diz isso, Fran? Então, porque eu queria acreditar que eu encontraria alguém bacana um dia para mim, mas ao mesmo tempo ao meu redor eu não convivi com casais modelo, conheci muita gente com corações partidos e cicatrizes profundas, e eu sinceramente acreditei que a chance de que eu estava fadada a tal fato era real, nesse caso, conviver com pessoas que tem sim problemas, que não são iguais, tem divergências, mas, no fim do dia se respeitam, se amam, se divertem e olham um para o outro como se fossem o melhor presente um do outro me fez acreditar que independente de qualquer coisa, as circunstancias ao meu redor, ou como eu cresci, não são suficientes para determinar meu futuro, um dia encontro "a meia furada para meu sapato velho" hahahahhaha.

Outra coisa que aprendi: Eu posso chegar onde eu quiser! Na verdade, eu sempre acreditei nisso, acreditei muito, quem me conhece sabe! Porém, eu provei isso para mim mesma. Não foi mais uma frase motivacional, foi uma conquista! Eu vim, fiquei dois anos, errei, caí, me machuquei, levantei, cicatrizei, plantei umas flores, aprendi umas lições, o ciclo se repetiu algumas vezes e estou aqui, de pé! Eu fui onde eu acreditei que eu iria, e, agora está chegando a hora de fechar mais esse ciclo. Mas eu acreditei que Deus era fiel para cumprir e que eu poderia chegar até aqui. Ainda é pouco para até onde quero ir, mas, olha, já fiz uma caminhada e tanto.

Ser Au Pair não era o auge da minha vida, não é o auge da minha vida. Foi só um comecinho, um lembrete para mim de que eu determino os passos que vou seguir. Eu posso chegar onde eu quiser se eu trabalhar para tal. Assim como você também pode. Talvez você more em uma favela, no interior, talvez você seja pobre, sua família talvez não tenha condições de te bancar para fazer algo bacana. Talvez você também não tenha grana para pagar um curso de inglês, uma faculdade. Talvez você faça parte de uma minoria desfavorecida, talvez todas as circuntâncias estejam contra você, mas, o que eu tenho para te dizer hoje é: Não desista de você! Não desista do seu propósito, não perca seu foco. 

Não deixe ninguém te fazer acreditar que você não pode fazer algo que você quer, se você está vivo, há chance de que isso se torne real. A sua realização vai ter um custo, isso pode ser noites de sono, pode ser abrir mão de alguns amores, alguns amigos, algumas horas do seu dia, mas se você quiser, você pode, acredite, vá atrás disso e tome posse do que é seu. 

E, sobre tudo o que eu aprendi, eu só tenho a dizer: obrigada! Obrigada Deus, por nunca me desamparar e me manter saudável e com força até aqui, obrigada eu, que não desistir de mim. Minha host family, meus amigos (aos velhos e aos novos), para as pessoas que me machucaram e para as que me apoiaram. Obrigada, não teria chegado aqui sem vocês.

E, como disse Charles Bukowski: "Se você for tentar, vá até o fim. Caso contrário, nem comece. Vá até o fim."
Vejo vocês próximo mês.
Beijos e espero que tirem algum proveito dessas memórias loucas.

Observação: Se vocês tem algum assunto que gostariam que eu abordasse, deixe nos comentários que eu trago próximo mês. Obrigada.
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Francislane Magalhães

2 comentários:

  1. Realista e tocante o seu texto. Que as pessoas acreditem mais em Deus e em si mesmas.

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