Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

09 novembro 2020

AU PAIR ALICE: O que é? De onde vem? O que comem? Onde vivem?



E aqui estou mais um mês. Senti falta daqui, mas outubro foi um mês tumultuado, onde tudo aconteceu. E agora estou de volta para falar sobre um assunto que explodiu nos grupos de Au Pair do Facebook: Au Pair Alice. Desculpem pelo título com um leve deboche, mas não me aguentei. 

E vamos ao que interessa: O termo Alice veio de Alice no País das Maravilhas, que nada mais é do que uma pessoa que vive em um mundo paralelo, que não enxerga a realidade, só consegue enxergar as coisas boas da vida. Claro que é bom ser otimista, mas no mundo Au Pair é fundamental ser realista.

O programa Au Pair é vendido como um intercâmbio cultura, uma troca de cultura, e ao meu ver, esse é o maior erro das agências. Qualquer intercâmbio é uma troca cultural, mas o de Au Pair é um intercâmbio de trabalho. Nós viajamos, saímos da nossa zona de conforto, para cuidar de crianças, filhos de americanos, e ter responsabilidades que nunca tivemos antes. Nos tornamos mães de crianças que não são nossas. E sabe o quão profundo é isso? É sermos responsáveis por tudo o que acontece com a criança, é alimentá-la, é cuidar se está doente, é estar alí quando se machucar e resolver a situação, é pensar o que fala perto da criança e pensar as atitudes que toma ao redor dela. É ensiná-la, lembrá-la que ela vai crescer e o futuro dela depende de você também.

Fui Au Pair por dois anos da mesma família. Cheguei quando a menor tinha apenas 5 meses. Hoje, após 2 anos e 4 meses de Estados Unidos e ainda cuidando das mesmas crianças por todo esse período, vejo muito de mim em ambas. A menor é uma cópia minha no jeito de falar, colocar a mão na cintura, dançar e a entonação também. E é por esse e outros motivos que precisamos ser realistas.

Nas últimas semanas, nos grupos de Au Pair do Facebook, percebi (e provavelmente você também, se estiver em algum grupo) meninas fazendo perguntas que são óbvias, que são perguntadas todos os dias no grupo, normalmente mais de uma vez. Além de não gostar quando nós, veteranas, damos conselhos e dicas do que não fazer enquanto Au Pair. Sim, muitas falam de forma mais animada, grossa, ou seja o que for, mas sim, a maioria de nós está cansada de dizer as mesmas coisas todos os dias.

Ser Au Pair não é passeio. Você pode planejar para viajar em 2030, não é pecado, mas entenda que tem perguntas muito mais importantes que passam sem resposta nenhuma pelo grupo, enquanto posts de planejamentos estão lá desde que grupos de Au Pair no Facebook existem. Entenda que a vida não é um arco -íris. Entenda que fazer um “favor” para host Family pode se tornar obrigação.

E não, ninguém está tentando desmotivar, desanimar ninguém, são só opiniões sinceras e de quem vive isso no dia a dia. Para nós, veteranas, a visão já mudou inúmeras vezes. Muitas vieram também como Alice e hoje percebem o quanto isso pode prejudicar o seu ano como Au Pair. Se você tem um sonho, se planeje, e venha, ninguém tem o poder de te fazer desistir a não ser você mesma.

E para finalizar, algumas dicas que estamos cansadas de falar e que gostaríamos que todas tivessem como requisitos:

·    Não venha para os Estados Unidos para trabalhar aos finais de semana: “Ah, mas é só um no mês.” Pense que um final de semana pode te custar viagens e diversão com os amigos. Enquanto todo mundo está se divertindo, você está trabalhando.

·   Não venha se não tiver carro ou for carro compartilhado: se você não mora em Washington DC ou Nova Iorque, as suas chances de não conseguir se locomover é muito grande e você vai gastar horrores com Uber. O carro é necessidade para a sua liberdade. Já o carro compartilhado parece ser um benefício, mas pense, você vai precisar se programar sempre com muita antecedência, você vai precisar ficar pedindo para sair, e isso tira a sua liberdade e independência.

·   Não venha se tiver curfew: para mim, o curfew é para adolescentes. Nós saímos de nossas casas para cuidar de crianças, somos todos adultos. Se eles confiam em você para cuidar dos filhos, eles devem confiar que você será responsável suficiente para estar bem para trabalhar no dia seguinte. 

    Para mim, esses são os principais pontos. Agora, com a pandemia, é complicado falar sobre os pais estando em casa, mas prefira famílias que os pais trabalham fora, assim você vai ter a sua autonomia com as crianças e autoridade.

   E mais uma vez, não seja Alice, porque esse não é o País das Maravilha. Até o próximo mês.

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Anônimo

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