Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

24 dezembro 2020

Você se imaginaria sendo Au Pair 14 anos atrás?

Me lembro direitinho, como se fosse ontem, de um dia em que meu pai queria falar com a minha irmã. Ela tinha embarcado recentemente para os Estados Unidos e estava morando com a família anfitriã, na Virgínia. O ano era 2006 e em casa tínhamos a boa e velha internet discada. O meio mais rápido de comunicação com ela, a cerca de 7.300 km de distância, certamente não seria via internet. 

"Vamos ligar para a casa da família lá, ué", disse minha mãe tranquilamente, como se fosse discar um inter-urbano para um parente qualquer. E eu, logo garanti em alertar o óbvio. "Mas como? a gente nem sabe falar inglês", protestei. 

Você pode agora imaginar quem ficou in charge da ligação... isso mesmo, esta que vos escreve. Pois bem, para finalizar a história: alguém atendeu e não era a minha irmã. E eu só consegui expressar: "JENIFER! JENIFER!", sim em letras garrafais pois eu, em pânico, disse o nome dela em alto e bom som para ele saber que não era com ele com quem eu queria falar. 

E de fato eu não entendi bolhufas do que o host dad dela falou, mas hoje em dia suponho que ele teria dito somente um "hello", porque é isso que pessoas normais americanas fazem quando atendem ao telefone de sua casa, né? haha 

Ela e a baby, em sua primeira família
Minha irmã e eu temos uma boa diferença de idade. E o que temos em comum é a vontade de desbravar o mundo, poder usar o inglês como segunda língua e o mesmo homem para chamar de pai. Sim, somos filhas do mesmo pai, mas não da mesma mãe. Ela e eu nunca moramos na mesma casa, mas acho que o fato de querer sair da zona de conforto e viver algo novo, já estava sim no sangue.   

Dia desses me peguei pensando sobre como seria fazer este programa de intercâmbio alguns anos atrás... então recordei que eu tinha um exemplo bem pertinho de mim. Mandei mensagem para ela, marcamos um FaceTime e aqui abaixo vou contar um pouquinho do processo dela.

Minha irmã se chama Jenifer e foi Au Pair entre os anos de 2006 e 2009 - eu estava com 10 anos na época. No último ano dela, ela trocou o visto para F-1 e ficou como estudante, morando com a família - mas isso poderia ser assunto para outro post. 

A agência pela qual veio foi a STB, que é a Au Pair Care aqui nos EUA. Sua maior motivação em ingressar nessa jornada foi por essa modalidade de intercâmbio ser a mais acessível, economicamente dizendo. "Eu sempre quis morar sozinha e aprender o inglês. Sempre falei isso pra minha mãe. Eu não tinha dinheiro pra fazer um intercâmbio pago pelos meus pais. Até que, não sei como, me deparei com o Au Pair. Foi a forma mais econômica do meu Dream Come True", conta. 

Jenifer morou na mesma região em que eu atualmente moro como Au Pair. Esse é um fato curioso para nós, pois antes eu estava em Connecticut e na minha extensão eu nem lembrei disso. Minha antiga host family até pensou que eu havia fechado o match com a atual family por conta da minha irmã ter morado na Virgínia. Mas não foi. 

Jenifer e o cluster meeting em visita a DC
Ela também conta que na época em que estava aqui não havia ainda muito isso de ter GPS nos carros. Então para se locomover você tinha que pesquisar as rotas antes para não se perder. "Minha hosta entrava na internet, digitava o endereço, pegava a direção, imprimia e ia olhando. Não sei como ela conseguia dirigir olhando nos papeis. Mas logo depois de um tempo eu comprei um GPS quadrado [portátil]. Acho que paguei uns $100", relembra.


Definitivamente o Au Pair é um intercâmbio que abre portas. Hoje, 14 anos depois, Jenifer é Gerente Financeira da Interbrand, uma empresa com filiais em Seoul, New York, Tokyo, São Paulo, entre outras cidades. 

Conquistar a posição que ela tem hoje é com certeza fruto de muito trabalho e dedicação, mas também graças ao Au Pair. "O diferencial de ter um inglês fluente foi crucial. Ele é realmente um fator decisivo pra você se recolocar. Às vezes você nem tem experiência do trabalho, mas se você o tiver [inglês], com certeza passa na frente de outras pessoas", alerta.  

Além disso, ela também considera que as experiências vividas aqui são agregadas no nosso dia a dia para sempre. "O intercâmbio faz a gente aprender a ser gente; nos dá maturidade, faz você aprender a respeitar o próximo, ter empatia. São as mínimas coisas que a gente vê que nos faz questionar que vida a gente quer. E quando temos filhos a gente se questiona também: que mundo quero deixar pro meu filho?", diz Jenifer que agora está casada e tem uma filhinha (linda por sinal porque puxou a tia dela :P). 

"Se você tiver um relacionamento bom com a sua host family, você deveria aproveitar esse momento. Você tá trocando experiência, cultura. Eu passo muito pra minha filha o que eu vivi com eles", aconselha. 

Eu, Vivian, particularmente acho que o que faz com que o Au Pair seja encantador é a possibilidade de ver que muita gente se deu bem enquanto viveu o intercâmbio. Espero que, para nós que estamos vivendo essa jornada agora, que seja leve e que possamos aproveitar ao máximo. 

Para as futuras Au Pairs, meu mais profundo desejo é que as falhas que existem atualmente possam ser corrigidas. Merecemos uma experiência de qualidade. Boa sorte para você que está no processo. Nos vemos no próximo post. 
 




 





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Vivian Ferraz
Ex Au Pair em Connecticut e atualmente morando na Virginia (EUA)

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4 comentários:

  1. Oi Vivian, obrigada por dividir aqui um pouco sobre a experiência da sua half sister, que foi tão positiva. Acho importante compartilharmos experiências positivas do Au Pair porque infelizmente muitas das negativas são as que acabam por ficar em destaque e isso desmotiva. Como te contei, a minha sogra também foi uma Au Pair no final dos anos 80 e o seu posto me inspirou a um dia querer entrevistá-la:) Feliz Natal!

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    1. Seria demais um post com a sua sogra aqui. Por favor, faça!!! Sim, vemos muitas experiências negativas por ai... bom deixar público as que deram certo também :)

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  2. Oi Vivian,
    Nossa, era bem diferente naquela época, com certeza tinham muitas dificuldades que não temos agora! Fico feliz que foi uma experiência boa pra sua irmã! E que ela tenha inspirado você a seguir nesse sonho também!
    Beijinhos! :)

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    1. Super diferente, Thammy. Inspirou sim e espero que trazendo boas experiencias aqui, vamos ajudar muitas meninas! :)
      Beijo gde

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