Duas semanas para o fim das férias escolares e eu vim aqui relatar como tem sido para mim, e tentar matar um pouco da curiosidade de quem está vindo. Afinal, dura mesmo o verão inteiro? E é tudo isso de ruim que falam?
(spoiler: é pior)
Antes do intercâmbio eu ouvia falar que algumas crianças daqui iam para o famigerado Summer Camp (acampamento de verão), e eu nunca entendi direito do que se tratava. Afinal, por que uma Host Family pagaria para ter uma au pair durante esses meses se ela despacharia os filhos para um acampamento? Apesar de não fazer muito sentido, eu torcia para que a minha futura família fizesse isso. Desejo realizado. Pouco antes das minhas host kids entrarem de férias, em junho, recebi a linda notícia de que eles se inscreveram num bagulho desses.
Mas calma, as coisas não são tão perfeitas como parecem. É que summer camp nem sempre significa crianças acampando nessas colônias de férias em período integral, como vemos nos filmes americanos. Para falar a verdade, quase nenhuma criança faz isso (pelo menos onde moro). Esses “acampamentos” nada mais são do que aulinhas semanais, particulares ou públicas, que muitas vezes duram apenas uma ou duas horas! Uma diferença drástica para quem estava acostumada com kids na escola das 8am às 3:30pm. Existem das mais variadas atividades, geralmente relacionadas à arte ou esporte. Até agora, os meus dois kiddos (6 e 8) fizeram duas semanas de natação, uma semana no acampamento da igreja e o mais velho fez uma semana de golf.
Tá bom, vai, ajudou um pouquinho tê-los fora de casa por essas poucas horinhas da manhã, até porque eu ainda tenho uma baby para cuidar. Mas vou te contar isso não me impediu de formar minha opinião de que o verão foi, sem dúvida, a pior estação do meu ano nos Estados Unidos. Tirando o fato de poder usar short e havaianas, esse solzão todo só me trouxe dor de cabeça. Literalmente, porque os meus pais de acolhimento são desses que fazem questão de que as crianças brinquem na rua o dia inteiro para aproveitar o sol (não tiro a razão deles), logo, a minha cabeça e a deles fica torrando horas a fio.
E quando o playdate é na sua casa? Eu juro que um dia tinham 10 crianças aqui e eu me senti a própria Xuxa, só que sem o dinheiro e a plenitude da rainha.
Outra curiosidade sobre onde moro é que apesar de estarem de recesso, a maioria das crianças tem obrigação de fazer dever de casa diariamente. Quando eu digo isso é porque na minha vizinhança tem muuita criança, e eu escuto relatos do amiguinhos sobre terem que ir para casa fazer suas tarefas. Aqui em casa, os meninos precisam praticar pelo menos uma hora de workbook, 30 minutos de leitura, e, no caso do de 6 anos, escrever o alfabeto e números todos os dias. Os pais têm medo que seus filhos vão para a próxima série e estejam atrasados para a idade deles.
Supostamente seriam quase duas horas do dia em que a au pair aqui teria um pouco mais de paz, mas acabou virando as piores horas do dia para mim. Eu não posso simplesmente largá-los estudando e cuidar da menina de um ano, pois eles precisam da minha ajuda e são muito dispersos. Então imagina só a cena: o de oito pede ajuda em matemática, e eu, que sou de humanas, abro o celular pra relembrar o assunto, enquanto o de 6 anos já levantou da sua cadeira pela milésima vez e a bebê chora por atenção.
Esta sou eu tentando não perder a cabeça
Então é isso, pra resumir, eu não posso falar por todas as au pairs, porque cada uma vai ter uma experiência totalmente diferente. Em alguns estados isso dura quase três meses, outros, um pouco menos, mas uma coisa é certa: o sofrimento é unânime. Uma boa dica é você deixar para tirar as suas férias de au pair no verão, se for possível. Assim você se livra de pelo menos duas semaninhas dessa amostra grátis do inferno hahah (eu não falei isso).
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