Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

03 dezembro 2017

E se fosse verdade? Superação de 2 rematchs e volta por cima (parte 1)



E se fosse verdade, todo aquele sonho no Brasil de uma vida nos Eua se tornando realidade, e tudo que parecia inalcançável se tornasse real?
Galera, eita que fim de ano gostoso viu mas pra segurar esse tranco está dando trabalho.

Bom, não sei nem como definir a minha trajetória de quase um ano de au pair, e passou rápido demais, porém aquelas coisinhas ruins que acontecem nos deixam com uma sensação bem estranha. Agora vamos ao upgrade Anual:
1 semana em NY, treinamento incrível e continua sendo a melhor semana da minha vida aqui nos EUA. 1 mês e meio morando na Pensilvânia, alegria e ousadia, fazendo amizades e PUFF! 2 acidentes, REMATCH. Ok, acontece com muita gente né, simbora…

Eu realmente não sei explicar se foi um erro meu, desespero ou simplesmente o destino querendo me ensinar alguma lição, mas essa sequência agora foi a maior loucura que vivi. Tive um match em 3 dias com uma nova família, e em momento algum senti nada estranho neles, então me joguei.
Família nova, mudança pro Tennessee, crianças amáveis, mãe legal porém insegura, pai com distúrbios e pra fechar um boy “dos sonhos” (aquele que te implora pra casar e não ir embora).

SENTA QUE LA VEM HISTÓRIA.

Morei aproximadamente 8 meses a 40 minutos de Nashville, numa cidade pequena que nem importa o nome porque eu não fazia nada lá, mas que vivi amor e pesadelo. Desde a minha última postagem eu já estava mergulhada em toda essa situação, mas sem o mínimo de vontade de compartilhar o que eu estava passando, mas agora com a cabeça no lugar consigo passar minha atual situação.

O meu primeiro mês parecia tão maravilhoso, realmente cheguei a pensar que a minha nova família de longe era melhor do que a primeira, cheguei a compartilhar esse sentimento todo com as minhas amigas na época, todos ficaram felizes por mim, até que veio o primeiro “mostrar de asas” da família. Sabe quando a pessoa tenta sustentar uma vida ou ocultar uma personalidade, só que uma hora a “casa cai”? Exato, nesse fim de primeiro mês de sonho, meus pés voltaram ao chão e eu entendi a realidade. A mãe por mais que fosse um amor de pessoa, não se demostrava forte o suficiente para compreender e julgar as coisas na casa, por outro lado o pai que começou a mostrar ter uma personalidade bem difícil, comandava tudo, inclusive a minha vida. Bom, ele tentou. Muita gente fala que é um terror ter host parents que trabalham em casa, mas como ele trabalhava fora da casa e nas primeiras semanas só entrava “pra me ajudar”, acreditei que não seria um problema.

Não demorou muito, para ele começar a deixar de trabalhar com as coisas dele para viver de falar e brigar sobre o meu trabalho. Não estou aqui também pra dizer que sou a au pair boa do universo, mas eu consigo sentir algo mal de longe. Em 3 meses (ou menos), tinham câmeras em quase todos os espaços da casa que segundo ele era para eu olhar melhor as crianças porém eu só tinha acesso a uma, do sofá onde o meu menino de 2 anos e meio tirava a nap. Não sou o tipo de pessoa que vai descrever todos os detalhes aqui, pois não quero jamais desencorajar todas que ainda tem esse sonho de viver a experiência de um ou dois anos por aqui, mas em resumo começaram as câmeras a me seguirem, o mal trato, não físico mas verbal (que a depender do seu psicológico te abala mais do que tudo), o tipo de pessoa que fazia vários comentários durante o dia recheados de sarcasmos e ironias e uma tentativa a todo custo de me pegar no erro para criar uma situação quando a mãe chegasse, o que fazia com que eu fosse pro quarto toda noite me sentindo a pior pessoa do mundo.
Não consigo conta quantas vezes parei, ouvi todas as críticas, me analisei, me reinventei no trabalho e no fim das contas a sensação era de falha, eu realmente estava surtando. No final dos 8 meses com todos os altos e baixos, cheguei ao ápice e convidei a mãe para uma conversa do lado de fora da casa, onde expliquei a ela como eu andava me sentindo e que eu estava desgastada e portanto não estava mais dando 100% de mim no geral, mas claro que entre mim e as crianças eu sempre me esforçava mais que tudo. Foi um dia triste, pude ver um pouco de tristeza no olhar da hosta, ela realmente chegou a pensar que eu ficaria o próximo ano com eles, só que por mais que eu amasse as minhas crianças, eu não conseguia mais ser eu mesma, não conseguia mais relaxar e me divertir como era no começo, não era mais leve, simples e ela até chegou a achar que eu estava em depressão, pois nos últimos meses eu saía bem pouco e os dias que estava em casa, ficava trancada no quarto. O meu real motivo era evitar o pai, ou atrapalhar os momentos deles juntos como família pois os meus kids sempre queriam fazer algo comigo, mesmo quando eu estava off e saía do quarto, o que pra mim era o mais puro amor.

Caramba, dei aquela respirada após a conversa, estava tão aliviada e o sentimento era de como se eu tivesse tirado um peso das costas. Entrei no meu quarto, dei um sorriso e pensei: acabou! Uhul! A minha mãe tinha mandado uns pacotes de café do Brasil pra mim por uma amiga que foi pra lá de férias (sim, um dos meus vícios haha), e mesmo o lazarento do hosto me tratando como tratava, eu ainda tentava ser cordial na medida do possível e como eu sabia que ele amava café, tinha prometido a ele um dos pacotes quando chegasse. Catei o pacote no quarto que havia chegado no correio, dei a ele enquanto estava com as crianças ao redor e nossa, ele fez uma festa, agradeceu e ficou bem feliz. Já estava mais animada pros próximos dias de trabalho, até topei um cinema com o boy na mesma noite! Um pouco antes de sair ouço gritos da minha kid, e logo senti que já tinha algo errado, ela nunca grita ou chora tão alto… parei mais um pouco, ouvi meu nome, uma, duas três vezes! Ela estava gritando meu nome, eu só conseguia ouvir: “NO KESSI, NO!”.

Resolvi subir até o quarto pois não queria sair sem entender o que eu já estava desconfiada: A host que lá fora tinha concordado comigo de ir contando as crianças aos poucos que eu não ficaria, abriu o bico! E era exatamente isso, quando cheguei no quarto estava a minha criança e a mãe no chão, ela chorava e só repetia que não, que era pra eu ficar pra sempre e nossa… Meu coração nunca apertou tanto, só fui pro chão junto dando um abraço nela, tentando acalmar, fiz ela olhar pra mim e falei que eu estava indo na rua, que eu voltaria, que ficaria tudo bem. Ela olhava pra mim e falava: “mas você vai embora, eu quero que você fique pra sempre!” e eu disse a ela que ficaria, que não deixaria ela. Em meio aos choros e gritos, eu tentando acalmar ela e a mãe no chão com cara de POTATO (sim, ela não esperava essa reação da menina e não sabia o que fazer), entra no quarto o pai, querendo saber o que estava acontecendo. O pai abraçou a menina, falando o quanto ela era sensível e tentando acalmar ela no colo, a mãe não disse uma palavra e eu dei um beijo na menina falando que ia no cinema mas que amanhã brincaria com ela e ela só balançou a cabeça que sim.

Voltei pra casa as 23 e todos já dormiam, segui pro quarto e fiz o mesmo.
Acordei pra trabalhar e de cara já senti que o pai nem olhava pra mim, me deu bom dia porque eu dei primeiro e após o dia choroso da menina, que tudo se complicou de verdade. A mãe trabalhava fora, portanto não presenciou nada disso, mas não duvido que ela não tenha sentido a mudança dele. Senti de cara o choque, eu entrava na cozinha e ele saía, as crianças brincando na sala e eu chegava pra brincar com eles e ele se retirava, eu não estava acreditando que ele estava tendo esse comportamento, mesmo já tendo se mostrado bem babaca nos meses anteriores, isso era o cúmulo!

Eu abestada como sou, ainda fui tentar fazer o social, após almoço dos meninos, avistei ele passar pra dentro de casa e saí da cozinha me dirigindo a ele, perguntei se ele tinha gostado do café brasileiro. Ele, sem olhar pra mim e muito menos parar pra me responder, só disse que tinha bastante café em casa e que não ia precisar daquele. A minha reação foi tipo: OI? Eu estava esperando uns 2 meses o bendito café, comentei várias vezes isso na casa e até ele se mostrou animado pra experimentar. Pera, agora porque eu não quero mais ficar e a filha dele chorou porque me ama e vai sentir minha falta ele está com raiva e rejeitou meu presente? SIM! Era exatamente isso, e cada dia foi ficando pior e pior, durou umas 3 semanas e o que mais me doeu não foi ele me ignorar, eu até que gostei pois tive um pouco de paz, já que ele não queria nem ficar próximo de mim. Eu estava com férias já programadas, passagens compradas, tudo planejado antecipadamente com a host, mas ele não se importava mais comigo, na real nunca se importou, só que agora ele demonstrava descaradamente.

Ja dá pra imaginar o que aconteceu né? Lógico, rematch faltando 3 dias pras minhas férias.
“Armaria Kessia, vai ser cagada assim lá longe viu!” hahaha bem isso! E da pra piorar? Claro que dá! Mas galera, já ficou bem extenso aqui, vou desenrolar o desfeche do rematch que foi MUITO, MUITO dramático e quase voltei pro braseel no próximo dia vago! (post já está pronto amores, sosseguem o coração)

Sobre o futuro:
- Conseguiu ficar nos EUA? Sim!
- Achou outra família? Sim!
- Já está com a família nova? Sim!
- Tem carro pra você na família? Sim! (Esse detalhe parte da volta por cima, por ter 2 acidentes)

- Vai se lascar novamente? NÃO! (espero eu né, chega.)


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